CANADÁ: acidente provoca mobilização

-Fotos da queda de uma égua provocam mobilização por proibição

Morgan Lowrie, da agência de notícias "The Canadian Press", publicado no jornal "Toronto Sun".

18/07/2015

MONTREAL -- Fotografias de uma égua que escorregou e caiu sobre uma placa de metal renovam o debate ético a respeito do uso de cavalos para fins de transporte

Dia 14 de julho, terça-feira, a munícipe Tara Schulz presenciou o acidente. A égua caiu sobre uma grade de metal das do tipo que são usadas em áreas de construção. Tara redigiu um post para o Facebook informando o fato. "Ela escorregou várias vezes, enquanto policiais e pedestres tentavam ajudar". A carruagem voltava da parte histórica da cidade e se dirigia ao estábulo, no bairro de Griffintown, localizado na área central. "O pobre animal estava assustado, cansado e cada vez que tentava se levantar, escorregava e caía de novo", escreveu.

A mensagem com fotos na página do Facebook da "Anti-Caleche Defense Coalition" (organização de Montreal que faz campanhas contra o uso de carruagens) tem provocado amplas discussões e também protestos. Uma petição iniciada pelo grupo há três anos já tem mais de 5000 assinaturas.

 Página da "Anti-Caleche Defense Coalition" 

no Facebook

O incidente fez com que a SPCA(sigla em inglês de entidade com atividades semelhantes às de Sociedades Protetoras dos Animais) publicasse, no dia seguinte, mensagem de seu diretor, Nicolas Gilman, pedindo o fim dos passeios de carruagem. Estão contidas no documento uma série de justificativas: "os animais enfrentam altas temperaturas, mancam, devido ao longo tempo sem descanso caminhando no asfalto, são obrigados a suportar o trânsito e seus barulhos,  odores e inalação de fumaça". Gilman completa: "some a isso carregar o peso da carruagem e o trabalho de várias horas. O que parece um modo charmoso para os turistas conhecerem a parte antiga da cidade, corresponde, na verdade, a uma maneira cruel de lidar com os animais".

Até o prefeito Denis Coderre aderiu. Ele publicou mensagem no Twitter quinta-feira, 16 de julho,

para informar que solicitou relatório veterinário completo a respeito da saúde dos cavalos.

Luc Deparois, dono da égua acidentada, disse que o incidente foi causado por um motorista inexperiente, que não desviou da grade de metal. Informou ainda que gostaria que a Prefeitura colocasse placas de sinalização nos canteiros de obras perto das rotas dos cavalos. Assim, ele poderia instalar tapetes de borracha sobre as placas de metal. Ele considera exagerada a reação ao incidente. "A égua escorregou", disse. "Você pode escorregar, eu também. Ela teve dificuldades para ficar de pé porque estava usando ferraduras. É semelhante à situação de Bambi no gelo" (1). Deparois explicou que o animal não se feriu durante a queda. Ela foi examinada por vários veterinários e ficou afastada da atividade por alguns dias, como forma de precaução. Ele negou que os cavalos são vítimas de maus tratos. "Estas pessoas (que têm participado dos protestos) deveriam aprender mais sobre cavalos". Explicou também que os cavalos trabalham de sete a nove horas por dia, cinco ou seis dias por semana, somente durante o verão, e que o bem-estar destes é monitorado por fiscais da Prefeitura. "Eles vão até o estábulo toda vez que acontece algum problema, o mínimo que seja". Explicou também  que os cavalos gostam do trabalho e que estabelecem laço de amizade com os condutores. "Jamais seria possível maltratá-los e depois esperar que eles trabalhassem normalmente".

A Prefeitura de Montreal, em seu pronunciamento, esclareceu que as condições de trabalho dos cavalos melhoraram bastante nos últimos anos. As carruagens são inspecionadas regularmente e são solicitadas com frequência alterações com relação aos arreios, alimentação, tempo de descanso, acesso a água, horas de trabalho, higiene e conforto.

Adeptos das campanhas alegam que um certificado de veterinário não seria suficiente para atestar o bem-estar de animais que, acreditam eles, não pertencem e não se adaptariam completamente à cidade. Mirella Colalillo, fundadora da coalisão, diz que acontecimentos como este são comuns. Ela disse acreditar que o fato de haver cavalos trabalhando no centro pode ser algo perigoso para os próprios animais e para a população. "Na cidade há inúmeros motivos para causar o estresse dos animais, vindos de situações que não fazem parte do habitat natural deles", explicou. "É inaceitável haver cavalos no trânsito".

Foto do acidente, publicada na página da

"Anti-Caleche Defense Coalition" no Facebook

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- Nota:

1) O exemplo de "Bambi no gelo" foi usado na matéria, pois, na fábula, de forma semelhante, o personagem escorregava e não conseguia ficar de pé.

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link para texto original:

http://www.torontosun.com/2015/07/18/photos-of-a-fallen-caleche-horse-have-some-montrealers-calling-for-a-ban

(traduzido por Gabriel L. Trizoglio)