APROANDO e APRONIANDO II
Navio é uma construção de grande porte, formando um casco, feita em materiais apropriados com objetivo de flutuar e transportar por via aquática pessoas e cargas. Sobre este casco é feito um pavimento plano denominado convés principal ou deck, sendo ele contínuo da proa (parte anterior), até á popa (parte posterior), da embarcação. A partir deste nível começa uma construção denominada superestrutura, local onde ficam as acomodações do pessoal de bordo, enquanto no interior do casco é reservado normalmente para as cargas em granel e mais pesadas. Outras instalações também são localizadas no interior do casco do navio. Demais tipos de carga podem ir sobre o convés, cargas mais leves que as acomodadas no interior do porão, preservando assim a estabilidade da embarcação. A função e responsabilidade de distribuição de carga em um navio é uma atribuição do Supercargo, um profissional habilitado aos cálculos necessários.
Tanto a proa quanto a popa devem ter uma forma adequada, facilitando a passagem da água pelo deslocamento da embarcação, tornando mais eficiente à navegação, a navegabilidade da embarcação. A proa fazendo um “corte” na água, e a popa adequando o comportamento do fluxo determinado pelo hélice e pelo leme.
Aproando, apontando a proa, no rumo certo do seu navio, Aproniano Cesar Fagundes, um Canguleiro (CC) que cresceu vendo os navios entrarem, saírem e fazerem manobras no porto de Natal. Subindo à bordo e visitando diversas embarcações que atracaram e abicaram. Guardou na sua memória e em recortes de jornais toda história portuária natalense, antes mesmo de ser considerado um porto. Fagundes mostrou aos Xarias (CC) os rumos que o sistema portuário local deve tomar, através de uma exposição pela passagem dos 80 anos do Porto de Natal.
O material que foi exposto na Capitania das Artes (out/2012), faz parte de uma coleção particular que se tornou acervo do Museu do Porto fundado pelo próprio Aproniano, que com dedicação e custeio contou e comemorou a história de 80 anos do porto de Natal através de uma exposição, com fotos, recortes de jornais e revistas e o próprio depoimento de tudo aquilo que presenciou e viveu.
As batalhas do século passado entre Canguleiros e Xarias terminaram e um Canguleiro subiu e chegou na Cidade Alta. Agora os Xarias vão ter que descer para as Rocas e para a Ribeira sem deixar de escutar o que Cesar tem a dizer.
Um futuro se constrói a partir da história. Aproniano é a história viva do porto, uma testemunha ocular. Deve ser consultado, fornecendo detalhes e observações até que possa dar uma ordem de comando, uma expressão de ordem que se dá ao homem do leme, depois de alguns comandos de manobras, para que conserve o barco no rumo que está. “”
As comemorações do 80º Aniversário do Porto de Natal começaram com uma exposição do próprio porto e terminou com uma regata náutica no Rio Pontegi. Tudo vem a calhar, e não a encalhar.
RC - Roberto Cardoso Produtor Cultural | Cientista Social RM & KRM