MAIORIDADE PENAL

"A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma coisa sobre

a qual você nada sabe." (H. Jackson Brown - "Pequeno Manual

de Instruções para a vida")

Foi aprovada a maioridade penal, como quer a maioria da população e a bancada dos deputados do ódio e da bala.

Gostem ou não, estão juntos nessa cruzada.

Apenas que, quero deixar meu registro, é uma lei inútil.

A população foi enganada e os deputados lucraram com a publicidade junto aos seus eleitores e àqueles com os quais compartilham o mesmo objetivo.

É mesmo assim...

Sou do tempo em que não havia limite de idade para o menor responder criminalmente.

Naquela época era feita por um profissional médico uma avaliação psicológica, que teoricamente diria se o autor, apesar da menor idade, tinha compreensão do ato praticado.

O laudo psiquiátrico, era conhecido nos meios forenses como "adivinhação psicológica", qualificação dada pelo criminalista Basileu Garcia.

No final sobrava para o juiz decidir sobre a tal "capacidade mental".

E, na decisão o aplicador da lei fundamentava o "juízo de fato" e o "juízo de valor".

No "juízo de fato" descrevia a ação criminosa, o ambiente familiar, os antecedentes, etc; ou seja, como as coisas são, como são e por que são.

No "juízo de valor" avaliava a pessoa, a experiência, os sentimentos, a intenção boa ou ruim, desejável ou indesejável.

Era uma avaliação subjetiva; levava à justiça e à injustiça, conforme o caso concreto.

O limite de 18 anos surgiu com a constituição cidadã e foi disciplinado pelo estatuto do menor e do adolescente.

E após mais de 20 anos de vigência, pelo visto, angariou mais adversários que amigos.

A lei votada nessa semana veio para aplacar os ânimos da população e dar publicidade aos políticos.

Na prática dificilmente será aplicada.

Primeiro porque não existem prisões nos moldes exigidos da lei; e, mesmo na hipótese de condenação o judiciário analisará se é mais benéfico para o acusado e para a sociedade se o menor infrator fique preso em condições desumanas ou livre, muitas vezes, em condições igualmente desumanas.

.

Depois porque será sempre questionado pelo defensor a "constitucionalidade" da lei.

Ou seja, se a lei menor (da maioridade penal de 16 anos) está de acordo com os objetivos da lei maior, a constituição.

De imediato respondo: não está!

E nessa opinião não estou sozinho.

Estou na companhia dos melhores juristas.

É minha senhora!

Talvez não acredite.

Mas o direito é uma ciência.

Tem suas regras...

É preciso estudar; e muito.

Além de "inconstitucional" a lei afronta a formação/pro,ulgação das leis.

Foi produto de manobras, ("pedaladas"), parlamentares.

Não seguiu o regimento: é nula; sem valor.

Até Joaquim Barbosa, "o menino pobre que salvou o Brasil", nisso concorda.

Mas ela irá em frente.

Não morrerá só porque eu e outros entendem dessa maneira.

Terá uma sobrevida aos trambolhões, aplicando-se seletivamente aos mais ou menos "poderosos".

Até que fatos, ("o inesperado na vida é sempre uma certeza"), obrigarão os cidadãos a refletirem sobre a validade moral e ética da vigência dessa lei.

No futuro próximo será colocado à prova a nossa consciência moral.

Ou seja, seremos obrigados pelos fatos a decidir o que fazer, que justifique para nos mesmos e para com os outros as razões dessa nossa decisão e que assumamos as consequências dela.

Seremos cobrados por valores como justiça, honradez, integridade, generosidade, vergonha, remorso, alegria, raiva, dúvida e medo.

Principalmente medo, que é o que move o desejo de mudança agora aprovada.

Medo do presente;

e que nos cobrará no futuro.

Mas qualquer que seja o meu ou seu entendimento a respeito da mudança, é importante aceitar ou rejeitar "com conhecimento" de causa.

Lendo os melhores mestres, estudando, refletindo e tomando decisão própria.

Agora essa lei trilhará seu triste curso;

agora os parlamentares do ódio e da intolerância terão a fama que procuraram;

agora nos parece que metendo menores nas cadeias "tudo estará resolvido";

agora, agora, agora,

podemos tudo e tanto no agora!

Mas e depois?

Tudo tem um antes, um agora e um futuro.

Não se esqueça que:

"um dia,

no futuro,

você terá um encontro consigo mesmo;

e depende do que,

tudo o que está a fazer agora,

determinará se esse encontro futuro

será o melhor ou o pior

dos seus dias".

..............................................

obrigado pela leitura.

sajob - julho/2015