DIÓGENES E LANTERNA

O mote vem de um amigo recém chegado de périplo pela Europa, impressionado por sua viagem à Alemanha: "como é organizada a fria sociedade germânica!" Foi a frase admirada do amigo Diógenes impactado pela forma como cumprem regras com naturalidade por ali.

Ainda chocado com a volta ao Brasil e nosso sempre difícil panorama, mas feliz pelo calorzinho que nos envolve em ambos os sentidos, continuou a relatar sua admiração em ver como funcionam bem as coisas, quando existe respeito à lei.

Longe do rigor do seu homônimo famoso - o outro Diógenes que, há 2.500 anos, procurava com uma lanterna por um homem honesto - o amigo se satisfaria com muito menos.

Longe de sermos uma Alemanha, e aqui faço coro com ele, quiçá pudéssemos alcançar os padrões chilenos, ou quem sabe aprender um pouco com o desenvolvimento coreano embasado na educação. "Será que não temos mesmo jeito?"

Não seriam necessárias magníficas auto-estradas onde sequer se pagam pedágios, bastava-nos um mínimo de dignidade com o investimento público no modal de transporte que baseia a nossa economia; nada de trens pontualíssimos, modernos e acessíveis onde se comprem bilhetes para guardá-los como souvenir ( lá não há custo em fiscalizar ou sequer máquinas para lê-los); satisfaria-nos um mínimo de seriedade na política e gestão pública para que o transporte coletivo fosse prioridade, como o é, no resto do mundo.

Não há necessidade de encontrarmos jornais expostos à rua onde se deixa o valor equivalente para sua aquisição junto ao também abandonado expositor, bastaria que as notícias não fossem sempre tão ruins, ou pelo menos não em tantas áreas. Os cadernos de política dos nossos periódicos não se distinguem das seções policiais pelo teor, são conteúdos que se confundem, como se confundem os interesses e recursos públicos com os privados e as mentes da população, ora dormente, ora assustada.

Longe de querer influenciar ou ditar os destinos da economia mundial, como faz a poderosa Merkel enquanto pilota a sóbria e sólida economia dos conterrâneos de Einstein, a nós bastaria um mínimo de bom senso e honestidade da nossa Presidente, que bem podia parecer-se mais com a colega da floresta negra, não só na "elegância e bom humor" que as caracteriza.

Tudo perfeito na primavera alemã, mas o amigo Diógenes queixou-se de algumas piadas, que conseguiu entender no seu bom inglês, sobre a última copa. Meu consolo para ele: bem que gostaria meu caro de perder somente de sete para os herdeiros de Ludwig, neste jogo da vida real!

Queixos caídos, eu e ele com a estratégia do Sr Fachin que, candidato a ministro do STF, chegou a contratar a empresa que cuidou da campanha presidencial para assessorá-lo na sabatina do Senado, e lembrando um pouco a escola cínica onde brilhou o xará do meu amigo: temos jeito sim! Mas, só por precaução:

Me empresta a lanterna ó Diogenes!

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 28/05/2015
Reeditado em 28/05/2015
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