A Culpa é da Imprensa?
Atribuir à Imprensa a culpa pelos escândalos de corrupção que assolam o país é o mesmo que culpar o sofá pela traição da mulher ao marido. Todos conhecem a piada do marido que vendeu o sofá em que a sua mulher foi flagrada com o amante. Achou que sem o sofá ela não o trairia. Do mesmo modo, sem a imprensa, a corrupção não existiria. Ou melhor, existiria, mas ninguém ficava sabendo. Portanto, ela é a culpada de tudo, assim como o sofá foi utilizado para o relacionamento amoroso.
É evidente que existem alguns meios de comunicação mais tendenciosos a favorecer ou condenar, como Revistas ou Jornais A, B ou C, mas não são eles os geradores dos fatos. Assim, antes de manifestarem as suas opiniões, estão divulgando as ocorrências do dia a dia. Se parcial ou imparcial, não estão inventando, apenas aumentando ou diminuindo a intensidade das repercussões. Do mesmo modo que o cidadão de bem não tem medo da justiça, aquele que age leal e corretamente não tem medo da imprensa. É graças a ela que a Democracia prevalece. Mantê-la sob censura é esconder a realidade de um país e de seu povo. Não muito longe de nós, vemos países encabrestando a imprensa, exatamente para que os atos dos seu governantes não sejam levados ao conhecimento da população local nem dos países com os quais precisam manter as suas relações diplomáticas.
Mesmo ainda no Império, Dom Pedro II enfatizava a importância da imprensa. Dizia ele que sem ela não conheceria as atitudes dos seus ministros. É claro que os malfeitos nunca são levados ao superior se não houver quem os denuncie. Eis aí o papel da Imprensa. Como no jargão popular, alguém precisa “botar a boca no trombone”. Se, ao invés de apenas denunciar, caluniar, então entra aí o papel de justiça. É esse o embate que vemos no dia a dia em nosso país, graças à nossa Livre Imprensa.