Introdução do Negro na Sociedade Brasileira: Uma visão ao Ensino
Os resultados das transformações históricos raciais, quase não afetaram as ordenações das relações entre a nação negra. No antigo Regime se perpetuou com suas principais características obsoletas, mantendo o negro numa situação social iníqua e desumana.
Na visão de Florestan Fernandes, essa situação não foi só um, mais dois grandes dilemas sociais. Primeiro, havia o dilema da absorção da população cor, às formas de vida social imperantes na ordem social competitiva. Isso ainda permanece e pouco foi mudado, no âmbito de órgão público, tais como: concurso e vagas para ingressar em alguma área específica, a demanda racial nos permuta. Certa vez fiquei desorientado quando na Universidade Federal de Minas Gerais, houve um anuncio sobre as cotas de vagas e que cinqüenta por cento das vagas seriam destinadas para negros, houve confusões e quebra-quebra por parte de vários frequentadores da instituição e na manhã do dia seguinte em frente a universidade aparece uma pichação enorme com os seguintes dizeres: “a UFMG vai ficar preta”.
O aspecto da condição humana é oferecido ao negro em quantidade menor, não sendo livre à limitação, por quê? Será que não são humanos, ou seu sangue não é vermelho? Contudo se acha sem dúvida um disfarce possível ao dilema da cor, preconceito, exclusão do ser negro na sociedade brasileira.
Foi no final do século XX que o preto teve sua aparição renegada na sociedade e as limitações sempre continuam, nos seus variados níveis. Pouco começaram a programar políticas de inserção do negro na sociedade, assim nos reconhecemos à raiz do preconceito como uma das principais desigualdades que convivemos no dia-a-dia. Uma das primeiras providências foi sancionar o projeto de lei que oficializa o Dia da Consciência Negra, na cidade onde resido o dia 20 de Novembro passou a ter valor a partir do ano 2008. Pouco os resultados práticos desse esforço pode ser sentindo, muito vem se lutando, dialogando e buscando espaços para acabar com essa barbárie racial, implementando programas de políticas para a desigualdade racial vinculadas ao cidadão, em sala de aulas, realização de palestras e sensibilização sobre o tema, formulando de forma matriarcal com todos mais igualdade e menos preconceito nas relações sociais.
A Lei 10.639/03 imposta no governo do ex-presidente Lula, completou dez anos de existência, a lei institui o ensino da História da África nas escolas municipais, estaduais e particulares. Foi um bom começo, mas o ensino e até mesmo os livros didáticos remontam um panorama, um esboço, uma reflexão inacabada. Pois a meu ver nas aulas de História, por exemplo, temas como a cultura africana, como a escravidão negra africana, temas estes que não retrata a história do negro no Brasil e de seus antepassados, os livros, de modo geral, não apresentam o negro como um agente ativo na história da sociedade brasileira. Não mostra sua luta por liberdade, por melhores condições de vida. Como o aluno pode se identificar com suas origens se não conhece negros que tiveram destaque na história do Brasil ou do mundo? Qual aluno vai sentir orgulho de sua negritude se nos livros os negros aparecem fazendo quase que exclusivamente trabalho escravo ou sendo chicoteado? Estas propostas têm que ser e deve ser uma abordagem positiva, por conseguinte a escola como um todo, importante papel no processo de eliminação das praticas racistas em nossa sociedade, determinar afirmativas que o Brasil, de fato, seja um país onde exista igualdade de direitos, mas também respeito às diferenças. Não ficando o assunto do professor agarrado só nos temas alheios de livros didáticos, pois o professor tem uma lei para cumprir, tem boa vontade, mas não conhece ou não encontra ferramentas para atender essas demandas. Assim as principais universidades no Brasil não têm a cadeira de história da África, ou se têm, os cursos são muito recentes, se comparada a outros temas a história da África é pouco conhecida, falta de fontes e as universidades não cobram história da África em seus vestibulares.
O sistema educacional sempre diz que é democrático, mas valoriza apenas a história do branco, a cultura do branco, a história européia, a beleza do branco. A referência é o branco. No entanto, a introdução do negro na sociedade brasileira revela ocupações precárias, caracterizando ausência de proteção social. O que se espera é que os mais jovens que estão tendo acesso ao conhecimento e ferramentas mais formal possam contribuir de forma mais afetiva para um Brasil democrático, pautado no respeito à diversidade. Um Brasil que acredite na igualdade racial, reconhecer suas contribuições e a formação de um Brasil sem exclusão do negro. Há muito que fazer.