Leis da vida: uma linha tênue entre dois campos totalmente opostos

Leis da vida: uma linha tênue entre dois campos totalmente opostos

Nas idas e vindas da vida moderna, muito pouco é o tempo para pensar sobre as consequências que as decisões, sejam erradas ou certas, têm para o resto de nossas vidas. Na verdade, o certo e o errado, embora possa ter um “modelo” divino, base sólida da religião, é, em sua maioria, um campo delimitado pelas leis humanas, tendo por consequência, punições para os erros. Mas por quê? Porque a finalidade maior das leis é corrigir as ações humanas que, em sua integridade ou não, afetem a sociedade. Entra aí outro conceito determinado pelo homem, o de classe social. No Brasil, essencialmente, eis o verdadeiro termômetro que delimita a medição do número de crimes e, por conseguinte, a eficácia da consecução das leis. Não precisamos nos esforçar muito para compreender que nesse fator, a legislação brasileira é bastante falha. E tal equívoco já começa em sua “raiz”, ou seja, na delimitação do parâmetro dessa atitude, a classe baixa, o pobre, o sem instrução. Pois, este custa menos ao governo federal, este, não conhece os direitos que o defendem, este, não tem recurso financeiro para pagar um advogado ou recorrer à lei que pode amenizar ou livrar sua condenação. É por isso, essencialmente, que políticos por mais crimes que cometam, se livram, saem impunes, e voltam a cometer crimes ainda piores. Porque no Brasil, se você não tem dinheiro, você está morto, não sobreviverá à realidade nacional e, mesmo que sobreviva, morrerá tentando destruir um quadro psicossocial que, há muito, prospera na realidade do povo. Não vale à pena no país tentar lutar sem amparo das leis, sem amparo financeiro e, de certa maneira, preparado de todas as formas para enfrentar os conservadores, os cegos, seja pelo sistema, seja por não serem afetados direta ou totalmente pelas inúmeras injustiças a que o povo pobre está sujeito, somente em se tratando do aspecto moral. Portanto, muito deve ser mudado, mas que seja aos poucos, mesmo que, inicialmente, pareça que nada mudará, pois, é impossível reverter um cenário de séculos em apenas uma década, cinco ou um século, por exemplo. Assim como, grosso modo, as injustiças foram “absorvidas” pelo povo, as mudanças devem ser também, pois é esta “absorção social” que dirá se é real a melhora social no país.

Por outro lado, o rico, o bem instruído, a classe alta, afundada, assim como o pobre, na lavagem de dinheiro imposta pelo governo nas tarifas inseridas ou não nos produtos, serviços e demais especificidades tributárias, não sofre tanto porque, por ter mais chances na vida em razão de seu nível educacional, tem mais oportunidades de emprego digno. Por essa razão, iniciativas governamentais, tais como cursos técnicos e profissionais, tais como concursos públicos são a chance do menos instruído "saborear" as 'mesmas' oportunidades. Digo 'mesmas' porque, na prática ainda há diferença, mesmo que diminua. Os cursos técnicos, por exemplo, tem sua maior vantagem por serem rápidos e encaminharem direto para a empresa ou serviço profissional. Por outro lado, não garante, necessariamente, as melhores oportunidades. Já a universidade, por exemplo, mesmo que tenha desvantagem na duração do curso, tem nome, reputação, fato muito considerado pelas empresas, de preferência aliada à experiência profissional. Especificando, até hoje a universidade mais concorrida, praticamente no país todo, são as federais, dentre outros fatores, pelo fato de se "estudar de graça". Por outro lado, mesmo sob preços muitas vezes, abusivos, tais como nos cursos de medicina, por exemplo, as privadas ainda possuem grande procura, mesmo sendo a segunda opção. O ensino público no Brasil ainda é precário. Constantes greves, péssimas condições estruturais, salários inadequados e, até mesmo, principalmente nos lugares mais distantes, ausência de transporte público/ou este inadequado, continuam sendo forte empecilho na luta por uma educação pública adequada. Assim, apesar das fronteiras que existem entre as duas formas de educação nacionais, o país tem melhorado seu nível escolar, buscando apoiar quem tem mais dificuldade, seja ela de qualquer aspecto, tendo iniciativas gratuitas de cursos profissionalizantes e oportunidades para aqueles que, pelas diversas razões, se viram obrigados a interromper seus estudos, enfim. Portanto, mesmo à passos lentos, o país tem caminhado para o lado certo, ou seja, tem tornado realidade seu objetivo maior de combater o analfabetismo. Mas, quando conseguir, espera-se que a caminhada não pare, o processo deve ser ininterrupto.

Marcel F. Lopes Historiador (UTP)

07-04-15