Homem líquido: um produto da Modernidade

Homem líquido: um produto da Modernidade

Há mais ou menos um século, o contexto histórico geral da humanidade se desenvolvia “mais lentamente”, uma vez que as transformações não ocorriam de maneira tão rápida. Hoje em dia, temos um panorama bem diferente no qual tudo, absolutamente tudo, está à mercê das imprudentes transformações que vivemos. Mas por quê? Porque dadas as diversas melhorias conquistadas graças aos avanços em todos os campos, a tradição que mantinha antigos modos de vida já não perdura mais, ou seja, estamos nos dissolvendo tal como um líquido. Seria, grosso modo, como se vivêssemos em um “Planeta Água”, onde não só formas de vida teriam de se adaptar a ele, mas todos os aspectos que podem ser analisados. Isso é resultado de uma rápida transformação que preza quantidade ao invés de qualidade, ou seja, a vida útil do planeta está ficando mais escassa, e, paralelamente, precisando cada vez mais de reparos para que não encurte ainda mais sua passagem por esse mundo. Assim, não só instituições ou estilos de vida como, em tempos não muito distantes, eram transformados, mas hoje, vivemos um período de oscilação que vai do dogmatismo (religião), passando pelo racionalismo e, por fim, pelo consumismo. Dessa maneira, o homem contemporâneo é um oceano de incertezas, avulso às inúmeras mudanças sofridas ao longo de sua vivência que, aliás, são as mais profundas e velozes tal como jamais havia sido registrado. Antes, perante a tradição, preservavam-se as comunidades éticas, mantinham-se fiéis à tradição, hoje, pelo contrário, preza-se somente a estética, a jovialidade, a perfeição. A tecnologia, ao invés de nos garantir mais segurança, faz o contrário, pois, exige aumento do consumismo, seus produtos não duram, e, além disso, portam tecnologia que atrai a insegurança. A vida antes podia ser medida em séculos, em décadas, hoje, é medida em anos. Assim, do ponto de vista moral, a escola para as gerações futuras, devem formar cidadãos ou educa-las integralmente? Para concluir, hoje em dia, nota-se que o papel da escola já é de educar integralmente, a modernidade não mais permite que a mãe exerça seu papel legítimo, este está também direcionado ao consumismo.

Marcel F. Lopes

Historiador da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)

06-03-15