O MITO DA SUPERAÇÃO
Quantas vezes ouvimos de muitas vítimas a sentença do otimismo: "O importante é que já superei".
Convoco à seguinte análise: estude bem as ações; entenda todas exageradas sensibilidades. Perceba, então, claramente que não há superação e jamais haverá.
O mito é indispensável para a mente de uma criança que teve a infância roubada de uma forma tão covarde.
Quero desabafar agora tudo que, de fato, acontece com o caráter e a visão de mundo da vítima de sofrimentos causados por aqueles que deveriam protegê-la.
Registro aqui sem qualquer censura que as consequências que decorrem da ação contra um ser inocente, vítima de violência dentro da casa que deveria ser um laboratório para o desenvolvimento ideal de um ser humano, é para toda a vida.
A memória muitas vezes inventa e cria uma linda infância que nunca existiu. Tudo mentira. Não houve momentos de carinhos, palavras de incentivo.
Quero aqui trazer à baila um caso que acompanhei bem de perto. Uma criança aprendeu a fazer faxina, desde muito pequena. Para ter um mínimo de atenção dos pais buscou entender técnicas de cozinhar, passar roupa, costurar, ler e escrever antes de entrar na escola. Ao começar os estudos, tirava notas altas, trazia boletins impecáveis e ainda assim era tratada como uma servente e empregada dentro de casa. Não descobri o motivo, mas era sempre mais sacrificada do que os outros irmãos e não era a mais velha. Quando finalmente conseguiu alguma atenção, conseguiu uma abordagem com objetivo de violência sexual sob pretexto de ensinamento para o mundo e proteção contra estranhos. Somente na fase adulta encontrou um jeito de impor um basta. Saiu de casa e conquistou sua independência de maneira exemplar. Mas nunca conseguiu superar essa dor por toda a sua existência.
A superação é nada mais que um mito.
Nenhum ser humano que sofre violência a ponto de ver uma fase tão importante desmanchar como um castelo de areia pode afirmar com tanta certeza que superou tudo, driblou o sofrimento, esvaziou a mágoa e seguiu em frente.
A natureza cósmica fica imediatamente encarregada de apresentar adaptações à pobre criatura que passou por momentos de tensão durante a infância e adolescência, não obstante o prejuízo em sua saúde física e mental.
Em busca dessa superação segue diversos caminhos. Quando tem a sorte de escolher a conduta certa, usa a técnica de liberação de perdão; procura esquecer todo o passado, vivendo intensamente o presente e planejando um futuro sempre muito dinâmico e movimentado; busca uma religião autêntica e obedece a ordem cósmica do bem.
Tudo isso, em raros casos, dependendo da escolha de cada um, contribui para aperfeiçoar o caráter; aumentar a inteligência; fazer da vítima em questão um ser capaz de relacionamentos incríveis e realizações aparentemente impossíveis para uma criatura com danos psicológicos comprometedores.
Entretanto, nada disso é capaz de trazer essa convicção de que tudo foi superado.
Então lembro sobre um ensinamento que li em algum lugar, mais ou menos assim: Martela pregos em uma tábua de madeira nobre e depois tire esses pregos e veja o que consegue fazer para corrigir o estrago.
Nenhum ser humano, ainda que em ambientes propícios, jamais atingirá a perfeição, independente do meio, da dificuldade, da facilidade ou qualquer sentido que procure ou que encontre. Mesmo sem sofrimento algum, o ser humano jamais atingirá qualquer grau de perfeição.
A vítima de ilegítimo sofrimento não tem um destino mais privilegiado e não ousem dizer que algum ser que sente mais dor que o outro adquire o poder da perfeição. É um covarde engodo, normalmente exalado por algum malfeitor.
Ao contrário do que se apregoa em muitos templos e falsas religiões, ninguém precisa sofrer para se tornar melhor e não tem que superar uma dor para extrair dele uma rara essência. O que leva uma alma à luz é a busca por ela, independente de sua história de vida material.
Não devemos jamais contribuir com o sofrimento e tampouco permitir a causa deste sofrimento. Jesus Cristo não precisava sofrer a crucificação para encontrar a luz. A decisão não foi dele em prosseguir com tanto sofrimento, mas daqueles seres carregados de crueldade e maleficência que devem ser combatidos e exterminados do meio social. Esse é meu modo de ver.
Não podemos cultivar essa mentira para justificar atitudes tão prejudiciais que adoecem criaturas inocentes a ponto de dificultar suas vidas e comprometer sua mente material de maneira irreversível. São mártires da humanidade.
Somente quem sofreu tal agressão durante sua infância e adolescência sabe de suas lágrimas que lavam o rosto e provocam dores agudas no peito. É uma marca que não cicatriza jamais. A lembrança de tudo vem à tona sempre quando está distraída e isso é inevitável.
Essas situações devem ser combatidas. Há que se prevenir com austeridade tais ocorrências. Não devemos justificá-las, nem mesmo transferir a culpa à vontade divina. Temos que revelar a indignação de forma sincera e mover ações efetivas para combater e eliminar tanta maldade, porque nenhuma ação vingativa será suficiente para resgatar uma infância totalmente perdida e nada apagará da memória todo o sofrimento instalado.
Quantas vezes ouvimos de muitas vítimas a sentença do otimismo: "O importante é que já superei".
Convoco à seguinte análise: estude bem as ações; entenda todas exageradas sensibilidades. Perceba, então, claramente que não há superação e jamais haverá.
O mito é indispensável para a mente de uma criança que teve a infância roubada de uma forma tão covarde.
Quero desabafar agora tudo que, de fato, acontece com o caráter e a visão de mundo da vítima de sofrimentos causados por aqueles que deveriam protegê-la.
Registro aqui sem qualquer censura que as consequências que decorrem da ação contra um ser inocente, vítima de violência dentro da casa que deveria ser um laboratório para o desenvolvimento ideal de um ser humano, é para toda a vida.
A memória muitas vezes inventa e cria uma linda infância que nunca existiu. Tudo mentira. Não houve momentos de carinhos, palavras de incentivo.
Quero aqui trazer à baila um caso que acompanhei bem de perto. Uma criança aprendeu a fazer faxina, desde muito pequena. Para ter um mínimo de atenção dos pais buscou entender técnicas de cozinhar, passar roupa, costurar, ler e escrever antes de entrar na escola. Ao começar os estudos, tirava notas altas, trazia boletins impecáveis e ainda assim era tratada como uma servente e empregada dentro de casa. Não descobri o motivo, mas era sempre mais sacrificada do que os outros irmãos e não era a mais velha. Quando finalmente conseguiu alguma atenção, conseguiu uma abordagem com objetivo de violência sexual sob pretexto de ensinamento para o mundo e proteção contra estranhos. Somente na fase adulta encontrou um jeito de impor um basta. Saiu de casa e conquistou sua independência de maneira exemplar. Mas nunca conseguiu superar essa dor por toda a sua existência.
A superação é nada mais que um mito.
Nenhum ser humano que sofre violência a ponto de ver uma fase tão importante desmanchar como um castelo de areia pode afirmar com tanta certeza que superou tudo, driblou o sofrimento, esvaziou a mágoa e seguiu em frente.
A natureza cósmica fica imediatamente encarregada de apresentar adaptações à pobre criatura que passou por momentos de tensão durante a infância e adolescência, não obstante o prejuízo em sua saúde física e mental.
Em busca dessa superação segue diversos caminhos. Quando tem a sorte de escolher a conduta certa, usa a técnica de liberação de perdão; procura esquecer todo o passado, vivendo intensamente o presente e planejando um futuro sempre muito dinâmico e movimentado; busca uma religião autêntica e obedece a ordem cósmica do bem.
Tudo isso, em raros casos, dependendo da escolha de cada um, contribui para aperfeiçoar o caráter; aumentar a inteligência; fazer da vítima em questão um ser capaz de relacionamentos incríveis e realizações aparentemente impossíveis para uma criatura com danos psicológicos comprometedores.
Entretanto, nada disso é capaz de trazer essa convicção de que tudo foi superado.
Então lembro sobre um ensinamento que li em algum lugar, mais ou menos assim: Martela pregos em uma tábua de madeira nobre e depois tire esses pregos e veja o que consegue fazer para corrigir o estrago.
Nenhum ser humano, ainda que em ambientes propícios, jamais atingirá a perfeição, independente do meio, da dificuldade, da facilidade ou qualquer sentido que procure ou que encontre. Mesmo sem sofrimento algum, o ser humano jamais atingirá qualquer grau de perfeição.
A vítima de ilegítimo sofrimento não tem um destino mais privilegiado e não ousem dizer que algum ser que sente mais dor que o outro adquire o poder da perfeição. É um covarde engodo, normalmente exalado por algum malfeitor.
Ao contrário do que se apregoa em muitos templos e falsas religiões, ninguém precisa sofrer para se tornar melhor e não tem que superar uma dor para extrair dele uma rara essência. O que leva uma alma à luz é a busca por ela, independente de sua história de vida material.
Não devemos jamais contribuir com o sofrimento e tampouco permitir a causa deste sofrimento. Jesus Cristo não precisava sofrer a crucificação para encontrar a luz. A decisão não foi dele em prosseguir com tanto sofrimento, mas daqueles seres carregados de crueldade e maleficência que devem ser combatidos e exterminados do meio social. Esse é meu modo de ver.
Não podemos cultivar essa mentira para justificar atitudes tão prejudiciais que adoecem criaturas inocentes a ponto de dificultar suas vidas e comprometer sua mente material de maneira irreversível. São mártires da humanidade.
Somente quem sofreu tal agressão durante sua infância e adolescência sabe de suas lágrimas que lavam o rosto e provocam dores agudas no peito. É uma marca que não cicatriza jamais. A lembrança de tudo vem à tona sempre quando está distraída e isso é inevitável.
Essas situações devem ser combatidas. Há que se prevenir com austeridade tais ocorrências. Não devemos justificá-las, nem mesmo transferir a culpa à vontade divina. Temos que revelar a indignação de forma sincera e mover ações efetivas para combater e eliminar tanta maldade, porque nenhuma ação vingativa será suficiente para resgatar uma infância totalmente perdida e nada apagará da memória todo o sofrimento instalado.