Enquanto homens abortarem, não dá pra ser contra o aborto

Uma coisa horrível aconteceu em Blumenau (SC). Uma garota de 20 anos, que escondeu a gravidez, deu à luz um menino de oito meses sozinha, no próprio quarto e, pelo que os peritos deduzem, parece que matou o garoto a tesouradas assim que ele nasceu.

Situação cavernosa, sem dúvida.

Mas eu faço alguns questionamentos.

Antes que me acusem (denovo) de qualquer coisa que eu não sou por falta de leitura e contextualização, vou explicar. Eu NÃO estou isentando a moça de nada. Fatos são fatos. Porém, penso que é preciso ampliá-los (sempre), coisa que estamos cada vez mais desacostumados a fazer.

Porque, para mim, O PAI desse garoto é tão criminoso quanto a mãe. Ou mais.

A responsabilidade dele precisa ser apurada e cobrada tanto quanto dela. Ou será que ela fez o filho sozinha? É preciso compreender o que levou essa moça a cometer essa insanidade. Por que ela escondeu a gravidez? O que a fazia esconder o relacionamento? E se não havia relacionamento, que pressão é essa que a fazia esconder a gravidez da família?

Anda rolando uma campanha aí no Facebook contra o aborto. E eu não entrei nessa por um motivo muito simples. Enquanto os machões também não forem enquadrados, as mulheres não poderão ser julgadas e condenadas sozinhas.

Concordo plenamente com alguns artigos que foram publicados a respeito do assunto: homens abortam mais do que mulheres. Homens abortam todos os dias. Homens fazem filhos e ganham o mundo. Homens, quando sabem de uma gravidez indesejada, a primeira sugestão que fazem é: "VOCÊ vai tirar, né?".

Enquanto as mulheres forem as vagabundas que abrem as pernas pra qualquer um e os homens forem os machões glorificados que contribuem para a perpetuação da humanidade, eu não vou me posicionar contra o aborto.

No caso dessa jovem de Blumenau (como em tantos outros, incluindo abortos CLANDESTINOS), todas as circunstâncias precisam ser apuradas e, possivelmente, o pai desse garoto assassinado a tesouradas pela mãe merece tanta cadeia quanto ela.

É por isso que eu não me posiciono contra o aborto. Não abraço uma campanha a favor dele, mas o buraco, colegas, é muito mais embaixo. As discussões precisam ser mega-amplificadas. E as próprias mulheres precisam, com urgência, se dar conta disso.