Perspectiva sociológica do divórcio

Perspectiva sociológica do divórcio

Atualmente, o conceito de casamento enquanto instituição matrimonial para a vida inteira está ultrapassado, mas, qual é a razão, segundo a sociologia, para tamanha mudança de cenário? Segundo o sociólogo Emile Durkheim, toda norma existe para ser burlada. Além disso, a sociedade tem medo de envelhecer pois, sabe que a velhice é uma fase difícil e que, na maioria das vezes, as pessoas ficam indisponíveis para contribuir socialmente em razão de sua saúde. Dessa maneira, houve uma materialização, no sentido que atribuímos quando nos referimos a um objeto, por exemplo, ou seja, passar a vida inteira, muitas vezes, fingindo sentir amor pelo outro apenas para manter um status social que segue os padrões sociais, foi, sobretudo, o que controlou a durabilidade dos casamentos.

Assim, o divórcio foi a consolidação da quebra de um paradigma imposto, sobretudo, pela Igreja, para mostrar, entre outras coisas, que nos tempos atuais não cabe mais tradições que há muito já não são respeitadas. Tal fato, facilitou o processo legal do divórcio, seja financeiro, seja moralmente falando, o que consolidou o fim do casamento como entidade eternizada.

Outra adaptação que contribuiu para o mesmo fim foram as necessidades pessoais e profissionais a que as pessoas ficaram sujeitas uma vez consolidada a Modernidade. Pois, com a alienação, a busca sempre pelo principal cargo profissional seja na área de atuação ou mesmo em outra, influenciou drasticamente na rotina das pessoas, as direcionando para um pensamento mais individualista, ameaçando o conceito de família.

Outro aspecto que se encaixa no mesmo quadro social é a aceitação das uniões homofóbicas (duas pessoas do mesmo sexo que se unem matrimonialmente e geram uma família). Embora ainda não seja abundante, eis um relacionamento que vem crescendo nos últimos anos e confronta não só o papel da família como também o faz com os papéis de pai e mãe. Um exemplo disso são os casos de bulling (ofensa preconceituosa que agride moralmente uma pessoa). A partir do momento que tais casos são registrados dentro da escola, o papel da mesma e de todos os funcionários pedagógicos nela inseridos, são questionados, uma vez que, em virtude da rotina de trabalho, grande parte das vezes, cabe à escola o papel de construir a educação primária, aquela que deveria vir dos pais.

Portanto, somente por estes aspectos, percebe-se que a sociedade está sofrendo transformações cruciais, tentando mostrar para si mesma que, a fase dos paradigmas e concepções morais tradicionais, não devem reger uma sociedade que, cegamente, pensa estar caminhando para a liberdade.

Marcel F. Lopes

Historiador pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)