Nossa impotência vital
Nos bancos, nas padarias, nos bares e em minha própria casa. Percebo pessoas indignadas com os programas e notícias da Teve. "BBB" e o escândalo da Petrobrás são os assuntos discutidos de forma mais áspera que se tem mantido em pauta entre essas reuniões sociais.
Mas do que realmente reclamam se todos gostam? Na verdade, de acordo com minhas percepções, os comentários raivosos logo saem da mente ao desligar qualquer tipo de aparelho que envolva os meios de comunicação de massa. E isso é algo incomum? Para mim não.
É certo que, atualmente a vida passa naturalmente na frente de uma Teve. Não temos tempo para pressentir os imbróglios da nossa realidade porque vivemos rodeados de confusões. Confusões essas que se tornam cada vez mais claras a partir do instante que notamos algum problema, mas preferimos mantê-los longe ou, simplesmente, fingir que passou rápido e rasteiro.
Porém, o que mais cruel para quem está acompanhando a esses que correm pela vida sem saber aonde ir, é notar que todos, simplesmente todos dos quais desligam a televisão e fazem questão de não saber o que acontece além das imagens, são os que sentem que poderiam ter evitado, ou pelo menos, diminuído o desastre, no entanto, não o fizeram e preferiram uma vida às escuras.
Não digo isso em âmbito político, cultural ou pessoal. Apenas vejo que a posição de todos nós é ser reclamões a qualquer coisa que nos deixa inquietos, mas acostumamo-nos a colocar os motivos dos problemas nos outros por achamos que somos fracos. Ou talvez não merecemos viver no mundo atual que oferece um monte de bobagens. Mas não resistimos.
Não acredito que somos fracos, entretanto, gostamos nos sentir assim. Mas por quê? Quem nos impôs essas condições limitadas? A resposta estão tão clara quanto uma moeda na fonte. Nós mesmos. Porque nos nossos problemas, quem deveria resolver são os outros, Assim, no fim, poderemos manter os sintomas do acômodo.
Quero dizer, as outras pessoas sempre que se mostram preocupadas (e isso é raro), é muito mais confortante. Aparecer os parentes ou o próprio governo para nos salvar nos colocamos num sentimento de confiança, mas que logo passa quando esses dois desaparecem, nem que seja por um minuto.
Mas também, não queremos intromissão com os problemas banais como um término de namoro, a briga com os pais ou o cancelamento de um programa festivo. Ao contrário, isso nos ajuda e revigora para uma vida muito mais entusiasmante.
Os problemas dos quais nos envolvemos e fugimos, são os mais urgentes possíveis, mas não medimos esforços para atrair um obstáculo. Portanto, saber que, nesses casos, aparecer outros para tentar resolver nossas adversidades é uma felicidade sem fim. Vivemos num estado de consolo e conformidade.