DEDÃO

Usado e abusado, o polegar - vulgo dedão -, pode ser considerado na atualidade, quase que a extensão do próprio pensamento humano.

O que diria Descartes nos dias de hoje, em que com um toque, pode-se transformar o mundo em paraíso ou inferno? Talvez exclamasse: "Dedão, logo existo".

Tudo que se publica usando ele (o dedão) pode viralizar, a ponto de uma simples atitude altruísta causar comoção mundial, despertando uma espécie de corrente do bem, ou, o efeito contrário, em que bastam poucas palavras colocadas na hora e lugar errados para desencadear uma guerra de proporções catastróficas entre países.

Nesta nossa "era sem nome definido" - tamanha a rapidez com que as coisas mudam -, impera, porém, certa denominação de que vivemos o tempo do conhecimento. Será? Como pode ser este o nome do tempo, se com um dedo, muitas vezes acaba-se produzindo mais discursos descartáveis do que o número existente de bocas seria capaz de proferir? A proporção talvez seja a seguinte: 2x1, em que a primeira é o número de coisas ditas "da boca pra fora" e a segunda é a própria boca, ou será o dedo?

Diante desta reflexão - para alguns, lamúria -, há também gratidão por todas as belas coisas que o polegar foi capaz de produzir. Naquelas em que a bondade foi a premissa, o resultado final foi e deve ser o aplauso.

Polegar ou dedão, eis a questão? No fim das contas é tudo igual; ambos têm o poder da ação. A única coisa mutável - do primitivo ao sapiens - é o pensamento.

E o seu dedão?

(...)

"Touchscreen é o livre-arbítrio da modernidade."

Paulo Hirami
Enviado por Paulo Hirami em 25/01/2015
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