Marco Acher Cardoso Moreira: brasileiro fuzilado na Indonésia.


As notícias sobre a morte por fuzilamento do carioca Marco Acher Cardoso Moreira, de 53 anos, na Indonésia, invadem as mídias e, naturalmente, teremos o assunto em foco durante algum tempo. Acher foi condenado à morte por tráfico de drogas, ao ser preso, tentando entrar na Indonésia com 13,4 quilos de cocaína escondidos nos tubos de sua asa delta.

 Apesar de ter sido preso em 2003 e condenado em 2004, segundo notícias divulgadas, o carioca não acreditou que fosse morrer. Tinha esperanças de que alguma coisa acontecesse em seu favor. E não foi mesmo por falta de intervenção que o instrutor de asa delta morreu. O Governo brasileiro e vários amigos e conhecidos de Acher fizeram apelos em favor da reversão da condenação. Tudo em vão.

Segundo as informações, a execução ocorreu às 0h30, neste sábado (17) com morte confirmada às 0h45, horário da Indonésia.  O corpo foi encaminhado para ser cremado e deverá ser traslado para o Brasil, sob custos de uma tia de Acher, finalizando-se assim o  primeiro caso de  morte de um brasileiro, em tais condições, num País estrangeiro.

Num momento de inevitável comoção e carga dramática opiniões se dividem: até que ponto alguém tem o direito de tirar a vida de semelhante, decretada por Leis que preveem pena de morte? Até que ponto um País que adota tais Leis tem motivos e objetivos para fazê-lo, cumprindo e fazendo valer, rigorosamente, o que estas prescrevem.  Até que ponto vai a inconsequência de quem se lança em situações de tanto risco?

A Indonésia é um País conhecido pelo seu rigor em punir casos de tráfico de drogas. E um olhar histórico sobre essas razões, traz à tona a Guerra do Ópio abrindo discussão para uma história de muita dor e sofrimento para aquele povo. Marco Acher desafiou as leis do País e pagou seu preço. Além de correr alto risco ao tentar entrar em território com leis tão severas, agravou ainda mais a própria situação com a tentativa de fuga empreendida após sua prisão.

Num País como o Brasil em que se desconhecem consequências tão graves para crimes como os aqui tratados, o acontecimento repercute de forma chocante. Não é fácil imaginar o desespero do condenado à espera da morte, pois se sabe que houve muito choro, arrependimento e promessas de redenção. Não é fácil visualizar através de imagens veiculadas na TV as últimas visitas antes da morte. Não é fácil pensar nos derradeiros beijos trocados entre sobrinho e tia antes do trágico desfecho.

A morte é fato do qual não se foge. Desconhece-se sua hora, mas sabe-se que chegará para todos. No caso do fuzilamento sabe-se a hora. Assiste-se e vive-se todo o processo de preparação para se enfrentá-lo. Não há como ignorar o terror dos fuzilados: doze tiros virão numa mesma direção, três serão para matar. A execução é inexorável, e há que se caminhar para ela com os próprios passos.

À parte, pensamentos de outros pensamentos, de outras Leis, é duro admitir que a morte com hora marcada, seja uma realidade incorporada pelo ser humano.  Bom seria, não houvesse pena de morte; melhor ainda, não houvesse motivos que a fizesse ser vista como única e derradeira solução.