GERAÇÃO (MAIS) TRISTE

Essa geração está mais feliz ou triste?

Essa foi a pergunta feita pelo empresário e escritor Flávio Augusto, ao psiquiatra e escritor Augusto Cury, numa entrevista publicada no YouTube.

Ele responde que se esperava ter neste século a geração mais feliz do que as anteriores, mas infelizmente, segundo o pesquisador, estamos diante da geração mais triste. Cury atribui essa insatisfação devido à mudança de comportamento da população ao longo dos anos. “Nós precisamos de muitos estímulos para termos migalhas de prazer, porque estamos perdendo algumas funções nobres da inteligência, entre elas, a capacidade de contemplar o belo, fazer o muito das pequenas coisas”, conta.

“Se você quer ser feliz e expandir seu prazer de viver, nunca se esqueça: faça muito pouco, ou seja, gaste mais tempo abraçando, observando fazendo das pequenas coisas um show para sua existência”, completa.

Essa simplicidade toda o poeta Manoel de Barros conhece muito bem e contou no poema O Apanhador de Desperdícios.

“... Entendo bem o sotaque das águas.

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática...”.

Augusto Cury ainda alerta sobre a inversão de valores e atribui o sentimento de tristeza da geração, a sociedade do consumismo e dos desejos. Segundo ele, desejos de ter grandes amigos, de ter um grande amor, de ser brilhante profissionalmente. “Desejos não resistem ao calor dos problemas, diferentemente dos sonhos” afirma.

“Se você precisar de muitas coisas para ter migalhas de prazer, você pode ter uma vida miserável, e frustrada social e profissional”, finaliza.

O escritor define que desejos são intenções superficiais. Já sonhos são projetos de vida.

Essa entrevista me fez refletir sobre o rumo que a minha geração (Y) está tomando e sobre as inversões de valores. E posso falar, sinceramente? – eu não estou feliz.

Hilberto Emmanuel
Enviado por Hilberto Emmanuel em 26/12/2014
Reeditado em 27/12/2014
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