Síndrome de final de ano
"Vai diminuindo a cidade
"Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso"
(...) Simplicidade: Patu Fu
Síndrome de final de ano
O final de ano se aproxima e,com ele, vem a síndrome do coração solitário.
Não há como não perceber que tudo se exarceba quando chega novembro.Tudo lembra Natal, Reveillon,festas,presentes, tumulto.
Desde que foi instituído o 25 de dezembro como a data do nascimento de Cristo , famílias se reunem para festejar.É claro que desde o tempo da primeira comemoração até hoje, muita coisa mudou.A cada ano as expectativas em torno dessa data aumentam e se modificam.Com o advento da industrialização e com o gradativo aumento do poder de compra das pessoas, tudo passou a se resumir em TER. O que antes era apenas uma reunião familiar e de amigos mais chegados para uma celebração cristã ,cujo evento maior era a ceia à meia-noite ( e cada família se contentava com o que podia pôr na mesa), hoje é outra coisa.
Quando chega novembro,as cidades se engalanam em tons de vermelho, verde e dourado.As lojas capricham na ornamentação e se multiplicam a cada canto para não deixar nenhum incauto se esquecer das compras.Nas famílias todos se preocupam com as listas de presentes.Tendo ou não tendo dinheiro.Não importa.Vale comprar em 10 vezes no cartão, endividar-se para o ano todo, mas comprar é a palavra de ordem.E o que dizer dos sonhos acalentados durante o ano? O carro novo, a TV de plasma,o sofá moderno e confortável como o da vizinha, o celular mais cobiçado pela galera e por aí vai.
Mas o mais preocupante refere-se a outro tipo de expectativa: a do amor.As pessoas passam o ano entre rusgas e frustrações.Brigam com pai, mãe,filho, namorado (a), cônjuge, vizinho, patrão e, no final de ano,entram em crise existencial. Como ter alguém com quem confraternizar? Como abraçar e beijar alguém com quem não se harmonizou durante o ano? Difícil,né? Tudo que é ligado a sentimentos é construção. Amizade se constrói ( e como!), casamento, namoro, laços familiares também.
Então de nada adianta criar expectativas que o final de ano será mágico, estonteante, belo, se no dia a dia não se cuidou do afeto, não se exerceu o carinho, não se praticou a caridade.De nada adianta querer um(a) parceiro (a) para abraçar e beijar muito, para brindar na hora da ceia ou na chegada do Ano Novo se o exercício da cumplicidade,do companheirismo, da fraternidade não se deu o tempo todo.
Particularmente esta época do ano não me agrada muito.Faço coro às vozes discordantes em relação à correria, ao exagero que toma conta da maioria das pessoas quando chega novembro.Acho que reverenciar Jesus Cristo é tarefa para todos os dias, principalmente tentando colocar em prática os seus ensinamentos.Para mim a verdadeira alegria se resume na SIMPLICIDADE, no se alegrar com o que não se compra em lugar algum, com aquilo que é genuíno como o brilho dos olhos , com o abraço afetuoso e quente, com o “eu te amo” verdadeiro e espontâneo ou,mesmo, quando a gente pode realizar o sonho de alguém, doando algo ou presenteando com um bem material uma pessoa carente.
Quero ressaltar, no entanto, que a alegria é sempre bem-vinda.Milhares de pessoas curtem verdadeiramente essa época.Muitos conseguem compartilhar o melhor de si mesmos e fazem desses dias uma festa maravilhosa.Também dessa maneira estão agradecendo a Deus e ajudando o próximo.Cada um é livre para curtir do seu jeito as festas de final de ano.Mas se cada um viver cada dia da melhor maneira possível, com seus amigos, com sua família, com seus amores, tenho certeza que as expectativas se resumirão em apenas cultivar a paz no coração e ser feliz. Existe presente melhor?
Ah, mas eu também não abro mão de enfeitar a casa com muito vermelho,verde e dourado.De montar meu presepinho e de fazer muitas coisas saborosas.Não sou tão implicante assim (risos).