O QUE ACONTECE QUANDO ALGUNS PSEUDODEUSES SE EXALTAM?

Prólogo

Não riam e tampouco achem estranho os diletos e notáveis leitores o modo como escrevi “pseudodeuses”. Explico e ensino antes de discorrer sobre o tema deste insólito texto.

Pseudo é uma palavra invariável. É um radical de origem grega encontrado na língua portuguesa. É um termo de composição que significa “falso”. Toda palavra composta pelo radical “pseudo” encerra a ideia de algo que não é verdadeiro, que é fraudulento, enganador.

Pseudo será hifenizado quando a palavra seguinte se iniciar por H, R, S e Vogal. Exemplos: Pseudo-hérnia. Pseudo-herói (s). Pseudo-rato. Pseudo-salmão. Pseudo-ônibus. Pseudo-atletas. Pseudofruto. Pseudodeus (es).

Já disse e volto a repetir: Tenho evitado escrever sobre casos hilários (Escândalos) envolvendo autoridades dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Mas, como deixar de comentar as historietas rumorosas? Como fugir de temas que a mídia alardeia como um alerta aos que deveriam nortear os melhores costumes sociais?

VOLTANDO AO TEMA PROPOSTO

Aconteceu em Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, um juiz perdeu o voo e deu voz de prisão aos funcionários da companhia aérea (TAM). Agora é moda! O autoendeusamento de alguns juízes – Atenção! Eu escrevi ALGUNS – em algum momento, confunde-se com as bestialidades esquizofrênicas associadas à megalomania desses lorpas e doidos para darem suas malfadadas “carteiradas”.

É bom que fique bem clara uma incontestável verdade sobre o comportamento social dos magistrados: Não é essa a orientação dos tribunais superiores e tampouco houve algum descuido dos mestres nos ensinamentos ministrados ao longo da formação profissional dos magistrados e de ALGUNS desses aloprados.

Tenho poucos amigos juízes e promotores na ativa e/ou já aposentados com quem aprendi a distinguir “entrância” de “instância”, ou diferenças um pouco mais complexas como as existentes nos termos latinos “ex nunc” e “ex tunc”. Também aprendi a não me imiscuir, por subida ética, nos processos e/ou ações em andamento. (Vide art. 36, Inciso III, da LOMAN).

Observação: LOMAN – Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman - Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979).

Esses excelsos amigos, a quem muito devo, por minha boa formação jurídica, posso contá-los nos dedos, são cidadãos e cidadãs leais, bons profissionais, pessoas que não se deixam impregnar pelo falso idealismo e/ou devaneio da vaidade. Tampouco esses excelsos amigos se envolvem em falcatruas e desvios de conduta.

QUIPROQUÓ NO AEROPORTO DE IMPERATRIZ

Na confusão, há fotos, vídeos e testemunhas como provas materiais, aparece o juiz Marcelo Baldock ao telefone. Ele estaria chamando a polícia para cumprir as prisões dos funcionários da TAM que impediram o "suposto magistrado" de embarcar em uma aeronave.

Uso a expressão "suposto magistrado" por ser inacreditável que um juiz comporte-se como um anarquista, totalmente descomprometido com os bons usos e costumes sociais.

O furdunço (desordem, bagunça, confusão) começou porque o juiz teria chegado atrasado e foi impedido de embarcar no avião que estava pronto para decolar. Quem estava errado? O juiz atrasado? Os funcionários da TAM que informaram, depois do término do tempo limite para a realização do "check-in", pelos passageiros, estar o avião pronto para decolar?

Sua excelência, o juiz atrasado, impaciente, agoniado, inquieto, nervoso, mesmo com todo o seu notável saber jurídico e extremada experiêmcia em lidar com o público externo, provavelmente, não conhecia o axioma que muitas vezes ouvi de meu amado vovô Antônio Muniz quando contava a todos os meninos do bairro histórias infantis:

A FESTA NO CÉU

"Quem é coxo parte cedo". Todo aquele (a) que manca, coxeia ou claudica precisa partir antes. Essa verdade era do conhecimento do bicho sapo. Isso mesmo! Meu vovô Muniz contava para todos nós meninos (netos, bisnetos e amiguinhos residente no bairro do Tambor) a lenda intitulada "A festa no céu". Naquela ocasião os pássaros iriam a uma festa no céu e o sapo disse que também iria.

Claro que isso provocou o riso de todos, principalmente da passarinhada e demais alados. Disse o sapo:

– Bem, camarada urubu, quem é coxo parte cedo, e eu vou indo porque o caminho é comprido.

Ocorre que o sapo partiu mais cedo e, em vez de sair, deu uma volta e se escondeu na camarinha (Quarto pequeno, geralmente de dormir; pequena câmara) do urubu e, vendo a viola em cima da cama, meteu-se dentro, encolheu-se todo. O urubo bateu asas e foi à festa condizindo o esperto sapo a tiracolo. Desnecessário dizer que o sapo participou da festa com todos os demais amigos e na volta procedeu do mesmo modo.

É claro que no retorno o sapo esperto foi descobertom em pleno voo e o urubu, de propósito e maldosamente, provocou a queda do batráquio de uma grande altura. Explicava o meu vovô Muniz que o sapo arrebentou-se, espapaçando-se todo em cima de uma pedra, mas Nossa Senhora, piedosa, juntou todos os pedaços do anfíbio anuro fazendo-o reviver. É por isso que o sapo tem o couro todo remendado.

VOLTANDO AO CASO DO JUIZ MENOS ESPERTO DO QUE O SAPO

Ao receber a informação de que não poderia entrar no avião, o juiz deu voz de prisão ao funcionário da companhia aérea. Outros dois funcionários tentaram defender o colega e também acabaram na delegacia. Eles prestaram depoimento e foram liberados.

O juiz Marcelo Baldock conseguiu embarcar no avião de uma outra companhia com destino a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

PALAVRAS DO DELEGADO REGIONAL DA POLÍCIA CIVIL

“Eles vieram conduzidos, supostamente por terem praticado um crime contra o consumidor. Todavia, a vítima, o magistrado, não compareceu. Por isso, o delegado de plantão ouviu todos os condutores e conduzidos e liberou”, explica o delegado regional da Polícia Civil, Assis Ramos.

A pergunta que não quer calar é: Por que a suposta vítima, o magistrado aloprado, não quis comparecer à delegacia para formalizar sua queixa? Teria percebido em tempo hábil a bobagem iniciada? Estaria apressado? Com a palavra os diletos e notáveis leitores.

Em nota, a TAM disse que os funcionários seguiram todos os procedimentos de embarque regidos pela legislação do setor. A empresa informa ainda que colabora prestando os esclarecimentos às autoridades.

CONCLUSÃO

Testemunhas relataram que o magistrado Marcelo Testa Baldochi, de Senador La Rocque (a 850 km de São Luís), tentava embarcar no aeroporto de Imperatriz, no sudoeste do Estado, para a capital paulista, mas teria chegado quando a aeronave já se preparava para decolar, com os procedimentos de “check-in” já encerrados.

A seriíssima Associação dos Magistrados Brasileiros não apenas repudiou a atitude do juiz Marcelo Baldochi, também divulgou, em nota, que considera inadmissível qualquer atitude que represente abuso de poder.

Essa não é a primeira vez que o juiz se envolve em confusão. No ano passado ele brigou com “um flanelinha” (guardador de carros) por causa de uma vaga de estacionamento. O juiz levou uma paulada na cabeça e ficou quase uma semana no hospital. Ora, ora, ora, o que podemos esperar de quem vive a levar paulada de guardador de carros?

RESUMO DA CONCLUSÃO

Para arrematar este texto informo, aos diletos leitores, que em 2007, fiscais do Ministério do Trabalho resgataram 25 pessoas, que trabalhavam em situação análoga a de escravidão na fazenda do juiz na cidade de Açailândia, no interior do Maranhão. Eles não tinham carteira assinada e nem as mínimas condições de segurança e de higiene, mas o juiz Marcelo Baldochi não foi punido criminalmente. O caso acabou sendo arquivado.

Eis a melhor resposta, salvo outro juízo, para a questão do tema: “O QUE ACONTECE QUANDO ALGUNS PSEUDODEUSES SE EXALTAM?”.

“Claro que a lei, com essa mediação social, fica desprestigiada, desmoralizada. Mas ela é insensível e todos que pisam na sua santa generalidade e igualdade (um dos mitos com os quais os operadores jurídicos normativistas trabalham) ficam numa boa e a vida (depois do desmando, do capricho, da corrupção, do vilipêndio, do crime impune, do jeitinho, da malandragem) volta ao seu normal” – (Roberto Augusto DaMatta).

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NOTAS REFERENCIADAS

– Noticiosos de uma forma geral; imprensa falada, escrita e televisada;

– Antologia do Folclore Brasileiro – A Festa no Céu – Luís da Câmara Cascudo – Global editora;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstâncias e imparciais.