FILOSOFIANDO IDÉIAS! - AQUI E ACOLÁ - Roberta Lessa

O TODO E A PARTE: Pouco importa a impessoalidade do face, quero viver com a arte de prosear sempre e muito!

Entre o cuidado na direção do automóvel, os transeuntes e o outro que também dirige e que por hora ainda não primam pela excelência da boa conduta na direção ( certamente ainda estão no estágio de substituição questões cotidiano habituais pela usual inoperância daquilo que certamente considera pilotar bem sua máquina de quatro ou duas rodas. Bom retomando ao fato que por hora escrevo; deparei-me com um casal delicioso de se “botar reparo”, caminhavam pela calçada, sem ostentação prévia ou articulada, apenas destoavam daquilo que chamamos padrões de normalidade.

O trânsito lento, enlouquecido ainda mais pela impaciência e morosidade do semáforo desumanamente que demorava na troca de suas cores para que possamos seguir em frente. O casal: impunes, causava - me inveja branca (existe isso? Ou é mais um modismo de nossa língua que nos permite tal licença poética?)... O casal, ainda de mãos dadas, trajes na medida um do outro, como que complementando - se mutuamente, sem sentir-se ameaçados, ou perturbados, pois nem perceberam esse meu olhar, ora, nem mesmo deram-se conta daquela que de soslaio os admirava em sua saudável ousadia por serem uma dupla harmônica.

Gerou-se um universo paralelo nesse milionésimo de segundo de observação, bastou para que eu pudesse adentrar, ou melhor, repousar meus pensamentos naquilo que há muito havia deixado de verificar na sociedade e em mim. Mesmo com minhas costumeira “alfinetadas” de criticidade penso:

- ATÉ QUE ENFIM ALGO EM EQUILÍBRIO LUMINOSAMENTE SOBRESSAINDO DESSA LOUCURA QUE É A VOLTA À ROTINA DIÁRIA: UM SIMPLES E NECESSÁRIO CASAL, SE EM HARMONIA DIÁRIA, MAS QUE NESSE MOMENTO FOI O QUE ME BASTOU PARA NOVAMENTE ME ABASTECER NA ESPERANÇA DE REVALORIZAR O MAIS HUMANO QUE HÁ EM NÓS, ADMIRAR E APAIXONAR-ME NOVAMENTE PELA VIDA.

Por segundos detive o olhar neles e deparei-me nos detalhes, os alinhavos que atavam a união que aparentemente considerei vislumbrei e que belo considerei. Ah... os detalhes, amaldiçoados entraves da perfeição, que desfacela o belo se observados mais atentamente, e fica a questão:

- VALE A PENA OS DETALHES, OU UMA RELAÇÃO BEM MAQUI(L)ADA É A FÓRMULA PARA QUE HAJA CONTINUIDADE À APARÊNCIA DA PERFEIÇÃO ILIBADA?

Desloquei o foco, ampliei a lente da observação pessoal e uma imagem surreal transformou o que considerava uma cena bucólica diante do caos da cidade neste pós carnaval e tempestades de verão... O cenário ampliado, semáforo abrindo, atenção à direção, ao outro, aos carros, pessoas apressadas, ainda com as fantasias entalhadas em suas amas, abastecidas talvez até o próximo e tão esperado feriado.

Hoje observando pessoas, detive-me no todo e na parte, nas pessoas que esbaforidas que caminhavam pela rua chuvosa, dando sequência à sua ânsia muitas vezes até consumista ( não há culpabilidade nisso, apenas condição, opção individual e de manutenção do sistema que vivemos (as vezes temos consciência disso, as vezes não).

Sim vi gente em ilusão de um sonho oniricamente substituído pela realidade, muitos ainda com a alma dionísica ainda resistente, ou melhor, um sonho carnavalizado sendo substituído ela vida que se apresenta diferenciadas na manhã de hoje.

Somos seres difusos, muitas vezes com parceiro, mas sem parcerias , autômatos, vagantes, concatenados à falta de harmonia do real com o seu ideal.

Hoje recebi a dádiva de poder observar o todo e a parte e captar nessas nuances de vidas aquilo que necessitamos tanto: SER. Percebi a existência daquilo que chamamos parceria, o que contudo é solidão. E gerando um hiato nisso tudo, um casal contrapondo com essa realidade, apenas por estarem juntos.

Novamente acredito e credito no ar que por hora respiro e que sorvo feito alimento contínuo, pois está suspenso no Éter com razão única de provocar a junção energética de um ser com aquilo que habita, seu PLANETA.

E foram-se segundos que muitos chamam de meditação ativa, milésimo se um tempo que do meu carro observei com outra lente, a sociedade ao meu redor e nisso percebi o quanto sou arte desses contextos transversos. Enfim com SARTRE sabiamente escreveu em uma de suas muitas peças teatrais:

“(...) ESTAMOS CONDENADOS A SER LIVRES.(...) O INFERNO SÃO OS OUTROS, PROJETAMOS A NOSSA REALIZAÇÃO E AGUARDAMOS DELES ALGO QUE AMENIZE O VAZIO QUE NOS HABITA(...)” (Inn: Entre quatro Paredes)

Beijos à todas(os), mas esse texto tece dialogo com uma conversa que tive com um mui amado amigo (AFJ-Essa é para você)

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 09/12/2014
Código do texto: T5063617
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