Constância em Meio à Mudança
Constância em meio à mudança
Jorge Linhaça
Manter-mo-nos constantes em meio à mudança, não significa apenas e tão somente no mantermos constantes em relação às coisas do mundo, é necessário que também que aprendamos a ser constantes em relação às mudanças que ocorrem em nossas vidas.
Quando escolhemos um(a) companheiro(a), temos o desejo de que esse relacionamento seja eterno, pois acreditamos que a paixão que nós sentimos; aquela vontade de estarmos sempre juntos; poderá perdurar. Na verdade ela pode perdurar sim, mas sofre algumas mudanças ao longo do tempo, afinal, vamos conviver com aquela pessoa diariamente, dormiremos com ela e passaremos a ter que fazer escolhas em relação às nossas prioridades, procurando adequar nossas agendas para atingirmos um denominador comum.
Claro que isso não significa que não podemos ter nossos momentos de convivência com amigos, longe de nossas famílias, mas sim que isso será cada vez mais raro.
Com a chegada dos filhos então, aí a agenda se afunila, a responsabilidade sobre a criação desses filhos do Pai Celestial pode, por vezes, parecer um fardo que aparentemente nos sufoca e tira, ainda mais, o nosso espaço individual. Quando os filhos são ainda pequenos, abrimos mão de nosso tempo, pois, consideramos que eles dependem totalmente de nós, nesse momento a unidade de ação de pais e mães parece mais tranquila, mais normal.
No entanto, conforme os filhos vão crescendo e entrando na fase da adolescência, nossa visão de educação pode ser afetada pelo que vivemos em nossos lares anteriores, uns podem ter vindo de um lar mais permissivo ou liberal, e outros de um lar mais severos e disciplinador.
Encontrar um meio termo, ou uma maneira especifica para cuida de nossos filhos pode não ser uma tarefa exatamente fácil, pois cada um dos pais pode encarar de maneira diferente algumas atitudes dos filhos.
Some-se a isso o fato de a adolescência ser um período de grandes transformações, tanto físicas quanto emocionais de nossos filhos e a falta de uma estratégia conjunta pode significar, não apenas a perda de certo controle sobre eles, como também um campo minado para as relações dos casais.
A troca de acusações pode acontecer com um alegando que o outro é displicente quanto à educação das crianças, enquanto o outro pode acusar seu companheiro de ser um ditador incapaz de entender a necessidade do livre-arbítrio.
Tudo isso, faz parte de nosso crescimento espiritual e como seres humanos. Esse é um desafio que pode nos levar a um crescimento em nossa relação, com o aprendizado de estabelecer um diálogo constante e metas comuns. É importante lembrar que nossos filhos crescem, seguem seu caminho e nós temos que estar preparados para cortar esse cordão umbilical e retomar aquela nossa vida com aquela pessoa que desposamos um dia.
Acreditar que é melhor terminar um relacionamento sem que tenhamos feito tudo ao nosso alcance para que o mesmo supere as adversidades e mudanças em nossas vidas, é incorrer num erro comum, mas que tem consequências trágicas na vida de todos os envolvidos.
Por vezes a situação nos parece tão critica que acabamos por ouvir a voz do mundo que nos diz que algo quebrado não pode ser consertado e, portanto, os nossos laços afetivos e espirituais devem ser desatados para que não cheguemos a uma situação ainda pior.
Por vezes somos vítimas de nossa própria insegurança e de um sentimento de impotência diante das adversidades, o que rebaixa nossa autoestima e a nossa própria confiança nas palavras de Deus. E não importa se somos pessoas de pouca instrução acadêmica ou se temos uma educação secular avançada. Não importa se somos ricos, pobres ou remediados e, acreditem, também não importa se servimos ou não uma missão ou servimos em cargos de liderança. Esse sentimento pode bater à porta de todos nós.
O que fará a grande diferença em manter nosso relacionamento e fortalecê-lo, é a nossa disposição em buscar, conjuntamente, a orientação do Pai Celestial para sobrepujar essa nossa dificuldade momentânea. Enquanto estivermos imbuídos da pretensão de que tudo podemos por nós mesmos, estaremos incorrendo no erro de confiar no braço da carne.
A escolha cabe a cada um de nós, podemos agir de forma pró-ativa, buscando conjuntamente as soluções dos problemas ou apenas desistir no meio do caminho. Acho que uma pergunta interessante para decidir isso seria: O que Jesus Cristo faria?