Acessibilidade: é uma questão de respeito e dignidade, uma pratica ou um discurso?
Já faz há alguns anos que se fala em “acessibilidade” e, muitos se debruçam em compreende-la. Seja no âmbito dos direitos, no âmbito dos discursos ou mesmo no âmbito educacional. Mas, pouco se ver ou se questiona a acessibilidade em outro ambiente da estrutura física social. Seria por falta de ter o que questionar? Seria porque este tema não tem relevância fora dos âmbitos supracitados?
Bem, me proponho neste texto, a romper com este limite e mostrar que a acessibilidade transcende as barreiras dos discursos e das praticas isoladamente educacionais. Acessibilidade: é antes de tudo, uma questão de garantir a quem for limitado fisicamente – sendo o indivíduo, deficiente, idoso ou lesionado – a dignidade de ter acesso a qualquer ambiente da estrutura física social sem qualquer tipo de impedimento físico e barreiras arquitetônica. Acessibilidade arquitetônica: sem barreiras ambientais físicas, nas residências, nos edifícios, nos espaços urbanos, nos equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou coletivo. Sassaki.
Mas, será mesmo que o município de Rondonópolis por meio de seus gestores locais se preocupa de fato com esta questão? Bom, basta andarmos pelo quadrilátero central da cidade para obter a resposta. Ter rampas num lugar ou noutro não é acessibilidade. Permitir que uma empresa de ônibus coletivo, - o qual pagamos pelo serviço com os nossos impostos - circulem com os seus veículos sem acessibilidade com rampas-elevatórias danificadas não é promovê-la. Fazer rampas em calçadas e ter no outro extremo para adentrar os estabelecimentos comerciais degraus, não é acessibilidade. Onde está o código de conduta da cidade que trata dentre os temas, este? Deve ter virado poeira de uma gaveta qualquer por ai.
Ainda no que se refere a acessibilidade no setor comercias e lojista, há dias atrás, fui ao Rondon Plazza Shopping que é um dos lugares onde gosto de ir, vivi uma situação de desrespeito e indignidade com a minha pessoa. Uma situação que não desejo a nenhum ser humano sendo deficiente ou não, com limitações físicas acentuadas ou não. Entrei numa das lojas que compõem o mesmo – onde já havia comprado alguns calçados ali em outras ocasiões – e notei algo estranho, como a loja STUDIO Z é de dois pisos, porem, o setor masculino e feminino era misto no piso de baixo sendo assim acessível. Mas, desta vez não. Desta vez o setor masculino foi para o andar de cima e o único meio de acesso é uma escada em curva ainda. Impedindo qualquer tipo de ‘’acessibilidade’’ ao setor masculino por pessoas que possua um grau de limitação acentuada ou cadeirante, como é o meu caso e de muitos outros cadeirantes.
Bem, entrei na franquia STUDIO Z, para ver se me agradava de algum modelo de calçado como de costume faço. Mas, me vi diante de uma situação que feri: o meu direito de: DIGINIDADE, IR E VIR, IGUALDADE, NÃO SER DISCRIMINADO, NÃO ME VER EM SITUAÇÃO OU CIRCUNSTANCIA PREOCONCEITUASA E DE TER PRENO ACESSESSO A QUALQUER TIPO DE MERCADORIA OU AMBIENTE. Todos eles constituído, garantido na Constituição Federal Brasileira. Diante de tal circunstância, solicitei a um atendente que me levasse até a gerente daquele estabelecimento comercial franqueado ali, gentilmente, fui encaminhado para falar com a senhora Patrícia, que estava naquele momento respondendo como gerente e que também me atendeu gentilmente.
No dialogo com a senhora patrícia, eu com o auxilio do meu sobrinho Kellven Tavares, externei a ela, toda minha indignação com relação áquele ocorrido. Palavras minhas: Patrícia, eu entrei aqui para comprar um produto (calçado masculino) e, me deparo com essa circunstância o setor masculino todo lá em cima com uma escada para subir, isso é acessibilidade? Resposta da Patricia: que produto o senhor deseja? Minhas palavras: não querida, eu gostaria de ver, ter acesso aos produtos! Novamente a gerente Patricia responde: eu sinto muito senhor Joabe, mas eu não posso fazer nada, eu só peço que o senhor me entenda por que eu sou apenas funcionária, e o senhor não é o primeiro cadeirante que veio aqui e reclamou, e nós já levamos a reclamação dele para os nossos superiores e estamos aguardando uma posição da loja.
Minha indignação foi expressa assim: olha Patrícia, eu sou um deficiente, tenho quarenta anos (40) de idade e nunca na minha vida eu vivi uma situação como essa. Eu já comprei aqui outras vezes e nunca passei por isso. Patricia: eu entendo! Eu continuei: olhei para a escada e prossegui: sabe como eu me sinto patrícia? Eu me sinto, discriminado, ferido no meu direito amparado na constituição de ir e vir. Eu me sinto lesado no meu direito de acessibilidade. Eu me sinto moralmente diminuído diante dessa situação. Eu me sinto em situação de preconceito diante disso tudo.
Mas, no Brasil, as coisas acontecem e avança, mas avança e acontece depois de muita briga. O problema da acessibilidade em todos os setores da estrutura social. Não é uma questão só de âmbito educacional, embora seja o carro chefe para se produzir transformação nos demais. É uma questão de enxergar o outro como se fôssemos nós mesmo, é ver que somos e vivemos juntos sobre o mesmo sol. E se queremos uma sociedade mais justa – mesmo que utopicamente falando – temos que fazer a nossa parte para que isso aconteça. A acessibilidade também passa pela tomada de atitude inclusiva para todos: sem cor, raça, língua, religião ou classe social. ACESSIBILIDADE ATITUDINAL: Educação da sociedade como um todo e, especialmente, dos profissionais com poder de decisão. [...] Eliminação de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações, como resultado de programas e práticas de sensibilização e de conscientização dos trabalhadores em geral e da convivência na diversidade humana. (op.cit).
É com este propósito, que me debrucei a produzir o presente texto no sentido de não só compartilhar minha indignação com o ocorrido, mas que soe como um alerta e encorajamento para todos que por ventura passaram ou passará por esta mesma situação. A quebrarem as barreiras do silencio e do conformismos e gritarem com todas as forças EU EXISTO: EU TAMBÉM COMPRO! Só então seremos notados como parte no sistema exacerbado capitalista. Só então aprenderam a respeitar a nossa dignidade como cidadão e de fato promoveram a ACESSIBILIDADE não mais como um mero discurso, mas como uma pratica respeitosa eliminando todas as barreiras da indignidade humana, e seremos visto como somos GENTE!!
Autor: Joabe Tavares de Souza – Joabe o Poeta.