COMO CONVIVER BEM COM A CAOTICIDADE DO TRÂNSITO, caso Salvador

À escritora Cleti Uzeda

 

Durval Carvalhal


Engarrafamento.JPG



            O ser humano é gregário por excelência. Não é feliz sozinho. Precisa do outro para completar-se, e para ir ao encontro do outro, precisa mover-se; mas a mobilidade social caotiza-se cada vez mais, impactando forte e negativamente na vida dos cidadãos.
          As cidades são antiquíssimas e cresceram com ruas e avenidas acanhadas; por outro lado, a indústria automobilística nasceu pequena, mas hoje é grande. O primeiro carro, um Peugeot, chegou em 1891 em São Paulo. Nas décadas seguintes, a quantidade foi aumentando.
         Em 1956, Juscelino Kubitschek impulsionou a indústria automotiva no País. E hoje, com a irresponsável facilidade de se comprar carro, tem-se um automóvel para cada 4 habitantes dos 200 milhões de brasileiros, em contraposição a uma precária malha viária.
            Em Salvador, a questão da mobilidade urbana tornou-se torturante, exatamente porque a estrutura viária cresce em progressão aritmética e a frota de veículos, em progressão geométrica, convivendo-se com a poluição, o barulho, os acidentes, os congestionamentos oriundos do número excessivo de automóveis nos centros urbanos.
             As casas não têm estacionamento e os carros são estacionados nas ruas. Há insuficientes estacionamentos públicos e privados; automóveis param para embarque e desembarque de alunos; o transporte público é precaríssimo; os bairros são grandes e os taxis, além de caros, desaparecem tarde da noite e o Metrô continua um sonho distante.
           Para resolver esse impasse e melhorar a qualidade de vida soteropolitana, há de se construir uma harmonia entre os protagonistas do trânsito, que são prefeitura, Detran e polícia de um lado, e ônibus, carros grandes, automóveis, motocicletas, bicicletas, transeuntes do outro.
                 Sobretudo os motoristas necessitam exercitar a paciência, obedecer as regras de trânsito e respeitar o colega de direção. Essa consciência do trânsito deve começar lá atrás, nas creches, e atravessar todo o período do segundo grau, ao lado de maciça campanha sobre direção defensiva.
                A prefeitura, como gestora do município, fica com a tarefa de realizar obras estruturantes, como viadutos, alargamento de pistas, redução de canteiros centrais. Precisa ampliar faixas de estacionamentos de ônibus, remanejar paradas de ônibus e criar reentrâncias nos passeios; implementar o transporte público de qualidade, aplicar rigorosamente as leis e conservar as ruas.
                Salvador é grande, tem 706.799 Km2. Pode e precisa abrir, como em Paris, grandes avenidas; coibir tudo o que atrapalhe o tráfico de veículos; permitir conversão à direita quando o semáforo estiver fechado; estimular, em harmonia com o Estado, empresas a desenvolver horários diferentes de trabalho; permitir estacionamento em parte do passeio como na Europa.
Tudo isso em nome da imperativa mobilidade urbana, sem a qual, não há vida social.
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 29/11/2014
Reeditado em 15/12/2014
Código do texto: T5053022
Classificação de conteúdo: seguro