PELA AVENTURA NAS CICLOVIAS SAMPISTAS

OPINIÃO,

a quem interessar.

Há algum tempo, até pelo que vejo no trajeto que faço diariamente pela cidade de São Paulo, todo dia caindo com o carro num buraco novo (sou devidamente habilitada!), me inspirei ao assunto e pensei, vou escrever sobre "As ciclovias de Sampa".

Porque escrever sobre buracos eu já me entediei de escrever...e mais, já agradecendo por um deles, histórico pelo meu caminho, que recentemente foi fechado depois de vinte anos de existência.

Já sinto falta dele, porque até com o ruim nos acostumamos.

Aqui, também já pedidndo desculpas pelos pecados de ter e usar um automóvel para trabalhar, por absoluta falta de opção articular para ir trabalhar a pé...

Atualmente me sinto mal com o fato de ter quatro rodas...que coisa mais insustentavelmente anti-ecológica.

Bem, chorumelas a parte, esclareço que o "start" para este presente texto foi o recente acidente ciclistico do Bono, o vocalista do U2, que apenas passeando no Central Park, teoricamente um lugar apropriado para o ciclismo, sem grandes riscos de logísticas de trânsito atabalhoadas, sofreu nove fraturas após despencar da sua bicicleta.

O quadro foi dramático e pode acontecer com qualquer ciclista ou mesmo um pedestre desatento atropelado por um ciclista mal posicionado numa pista mal planejada.

Isso também existe por aqui.

Pelo que se informa, Bono sofreu uma espécie de várias fraturas próximas e maceradas (cominutivas?) em membro superior e quebrou o osso da face na região da órbita colocando em risco a integridade de um dos olhos.

Talvez nem consiga fazer sua turnê que aconteceria há poucos dias, posto que necessitou de vários remendos cirúrgicos metálicos para a recomposição do alinhamento ósseo.

Não poderia existir um tópico inicial mais triste e figurativo para que dissertemos do perigo que o transporte "biclicleta" traz em potencial, principalmente quando, sem planejamento claramente visível, ciclovias são implementadas numa cidade como São Paulo, cujo trânsito caótico mais parece um jogo de xadrez onde peças disputam entre si pelo espaço cada vez menos disponível, caem e o "xeque -mate" faz vítimas fatais em proporção assustadora.

Talvez sejamos a cidade campeã em acidentes de trânsito, sem dúvida devemos ser, ao menos na América Latina.

Outro fato que chama atenção pela recente ciclovia Sampista: dado ao imenso números de buracos que se abrem e se reabrem no asfalto de capa fina, o que se usa por aqui, com o advento da ciclovia que predominantemente consiste em se pintar as ruas já indisponíveis aos carros, ônibus caminhões, motos, patinetes e pedestres, a tintura das margens das ruas e avenidas com tinta vermelha nos revela assustadoramente a má qualidade e o desnivelamentos do asfalto e dos buracos remendados, então, as ciclovias viraram 'tobovias", onde a aventura de se circular por muitas delas pode apenas custar a vida das pessoas.

No meu caminho há espaços em que as ciclovias terminam em nada dentro do trânsito caótico, noutras vezes as ciclovias intreceptam as conversões permitidas aos automóveis.

É INACREDITÁVEL O QUE SE VÊ.

Pela Web, há fotos de ciclovias pelas calçadas da periferia da cidade e custo a acreditar que tais fotos sejam verídicas.

Se colocarmos na ponta do lápis o custo da saúde pública para se exercer a MEDICINA DO TRÂNSITO às vítimas dele numa cidade como São Paulo, podem apostar que , do jeito que está, nosso custo financeiro e humano será altíssimo com a realidade das nossas ciclovias, que mais parecem uma atitude política do que técnica, como sempre é a dinâmica do todo por aqui, dividindo pessoas e segmentando o direito cidadão de todos em mobilidade urbana.

Não discuto a necessidade das ciclovias, bem como a necessidade de implementação de políticas de mobilidade razoável na cidade de São Paulo.

Bicicletas são saudáveis aos nossos corações urbanos mais que sofridos!

Mas em hipótese alguma colocando vidas em risco.

Não dá mais para que gestores tragam ideias desenvolvidas de primeiro mundo tão precariamente enxertadas numa realidade social tão difícil como a nossa aqui de São Paulo.

Sugiro que primeiro melhorem o continente, eduquem as pessoas para o trânsito, talvez até uma grade curricular em educação no trânsito já nas pré-escolas, promovam um crescimento urbanístico planejado, fiscalizem o que nos torna uma cidade caótica, incentivem a mobilidade subterrânea e a limpa de superfície, e dêem condições de todos desfrutarem da vida cidadã sem riscos iminentes à vida!

Quem sabe um dia deixemos de ser uma cidade parada em quatro rodas e/ou condenada a morte em duas rodas (motos e bicicletas).

E boa recuperação ao Bono.

Afinal, mesmo com todas as condições favoráveis de primeiro mundo, acidentes acontecem e nosso dever cidadão e gestor...é, ao menos, evitá-los.

Fica aqui minha opinião de cidadã paulistana...torcendo para que tudo dê mais que certo por aqui, a lembrar que a cidade pertence a todos os brasileiros e também aos cidadãos do mundo.