A COISA TÁ FEIA!

Na tarde desta terça-feira, dia 18 de novembro de 2014, neste site www.suldopiaui.com, com os “meus olhos”, belos olhos que a terra há de comer, eu vi esta enquete: “Você é a favor das cotas para negros e índios em concursos públicos?”

Eu não consigo ficar calado, ainda que eu leia frequentemente o livro “A Doutrina de Buda”, um dos meus livros de cabeceira, um livro que me ensina a ser calmo e sereno, a controlar a minha mente. Apesar das leituras que eu faço dos grandes mestres espirituais, dos sábios, eu não consigo viver apenas no silêncio.

O simples fato de fazer essa enquete é um desrespeito aos de pele negra e aos indígenas. É uma confissão do preconceito que continua arraigado nesta amável e lamentável sociedade brasileira. É uma declaração implícita (ou explícita?) de que os indígenas e os de pele negra são inferiores e incompetentes.

Eu só quero viver até o dia em que eu me considerar capaz de concorrer com qualquer pessoa neste imenso Brasil; até o dia em que eu for capaz de concorrer em condição de igualdade. Eu não me considero inferior, nem superior a nenhum ser humano neste mundo. Que isso fique registrado.

Abrir cotas em concurso, seja para quem for, é, além do que eu já disse (preconceito), é um decreto de falência total da competência. É até triste fazer esta rima: falência e competência, principalmente em um texto escrito em prosa. Opa! Prosa?! Não é a prosa que muitos conhecem. É o escrito não sujeito a metro nem a ritmo (que se opõe a verso). É isso!

Na hora de concorrer, o que deve contar é a competência da pessoa, e não a misericórdia. Concurso é oportunidade legal para que alguém conquiste uma vaga justa no mercado de trabalho. É um momento de escolher pessoas competentes para assumirem uma função social e ajudarem a sociedade a crescer dignamente. Não é hora de apadrinhamento.

Dizem jornalistas que não há perguntas indevidas; o problema está na resposta. Todavia, eu afirmo que há perguntas que são reveladoras de preconceito. As perguntas revelam a intenção, o pensamento e o sentimento de quem pergunta.

Daqui a algum tempo, talvez teremos, na sociedade brasileira, cotas em concursos públicos para os de pele negra, para os indígenas, os que são magros, gordos, baixos, altos, feios, pobres, analfabetos (com todo o respeito digo isso aos analfabetos), banguelas e dentuços.

Cota (ou quota), em curso ou concurso, é sinal de falência e preconceito. Por que os governos não incentivam o estudo, distribuindo livros para os alunos do Ensino Fundamental e Médio? Por que não distribuem, para cada estudante pobre, um dicionário da Língua Portuguesa? Nada disso produz voto.

Esses indivíduos que se acham favorecidos por estarem fazendo um curso superior em virtude de um governo ter favorecido; que se dizem incapazes de concorrer com outros estudantes, por que não se dedicaram aos estudos e ficaram conformados com as aulas que recebiam de seus professores? Quem, desses que esperam ser favorecidos pelo governo, se dedica ao estudo diário? Quem, desses estudantes, tendo internet em casa, se dedica a fazer pesquisas de alguma coisa boa na internet? Quem se dedica a ler um livro? Quem se dedica a ler um artigo? Quem não fica apenas no Facebook? O melhor agora é WhatsApp.

A coisa tá feia! Vejo professor que não sabe escrever “eu peço”. Hoje mesmo, eu vi isto: “Eu perso”. Foi escrito por uma professora. Há professor que, em virtude de desejar pôr uma vírgula depois da palavra “que”, usa essa vírgula depois do “que” indevidamente. E esse professor é formado em Letras. Pôr uma vírgula depois do “que” é bonito, está na moda, mas é preciso saber quando, assim como há vírgula antes dessa mesma palavra. Em outros casos, não há vírgula, nem antes nem depois. A palavra “que” pode ficar até entre vírgulas, depende do momento. Tudo é uma questão de saber usar.

O que mais falta é leitura; é amor aos estudos; é dedicação. Muitos pensam que, nas escolas, o aluno pode aprender tudo o que é necessário para a vida. Poucos estudam de verdade.

Para onde vamos? Ou: Aonde vamos?