Pulando Para Fora do Aquário
PULANDO PARA FORA DO AQUÁRIO
Jorge Linhaça
O ser humano é gregário por natureza, ou seja, não é dado a viver isolado, na maioria das vezes.
Por isso é que existem as chamadas tribos urbanas, onde os interessem em comum criam certas empatias que afetam o coletivo de seus membros.
O problema ocorre quando esse comportamento coletivo passa a impedir que o indivíduo consiga olhar o mundo a seu redor e entender que as diferenças de pensamentos são necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Quando as pessoas sucumbem ao narcisismo de serem vistas como integrantes exclusivas de determinado grupo, tornam-se como peixes dentro de um aquário lotado e passam a reproduzir um comportamento de cardume, nadando em volta do aquário e sem destino.
Poucos são os que conseguem forças para encontrar seu próprio caminho entre o comportamento vicioso e viciante de “pensar igual” o tempo todo, de repetir o mesmo discurso de frases feitas que caracteriza esse comportamento tribal.
Saltar para fora do aquário, e consequentemente passar a olhar a vida de uma ótica diferente, desenvolvendo seu próprio pensar, pode ser trabalhoso e ter como consequência o afastamento total ou parcial dos demais integrantes desses microcosmos sociais.
Há que se ter personalidade para superar esse desgaste e autoestima para suportar as mudanças.
O prêmio é uma nova percepção, uma maior capacidade de interagir com diversos pensamentos e a consequente ampliação de seu entendimento de que a sociedade é composta de diversidades de pensamento, ideais e comportamentos.
Claro que cada qual há de ter sua maneira de pensar e pode discordar e até argumentar contra este ou aquele comportamento que o incomode, no entanto não pode sucumbir ao desejo de impor seu ponto de vista às outras pessoas.
Infelizmente, nos dias de hoje, as pessoas estão mais preocupadas com radicalismos do que em encontrar o consenso necessário para superar as diferenças. Creio que a maioria das pessoas possui muito mais pontos em comum do que diferenças incontornáveis. Basta retirarmos os rótulos.
Imaginem que determinado supermercado resolva comercializar detergentes de louça, todos na mesma embalagem, sem indicação do fabricante, à olho nu seria muito difícil estabelecer diferenças claras entre as marcas e talvez até nos surpreendêssemos descobrindo que outra marca que não aquela que estamos acostumados a consumir, é tão boa ou até melhor. Com as pessoas é a mesma coisa, se deixarmos de rotulá-las poderemos ter muitas surpresas bastante agradáveis.