TUDO TÃO APARENTEMENTE NORMAL
O mundo está em polvorosa! Guerras se tornaram naturais entre humanos, alimentadas pela obsessão do ter, passando pelos ideais religiosos, pelas vantagens políticas ou econômicas. Não há muito o que fazer para apagar esse quadro tão desumano que alimenta cofres pelo mundo afora. Ainda vigora e eternamente há de vigorar, a lei da sobrevivência do mais forte, em todas as esferas. É um mundo do consumo que vai se consumindo! Desaparecem valores frente aos possíveis lucros. Se for guerra religiosa, desaparece o fundamento das religiões na insanidade de se desconsiderar o maior dos valores, que é a vida. Se exterminam em nome da religião, isso já encerra o ideal que ela carrega em si.
Na verdade eu não passo horas do dia procurando as soluções. Ainda sou personagem de uma guerra silenciosa. A guerra da exclusão e da violência urbana, da corrupção, da educação ineficiente, da exploração de classes. No lado do mundo em que vivo ainda não caem bombas do céu, tão impressionantes e mortais. Do céu aqui, cai chuva ou na verdade já nem anda caindo mais. O granizo é que causa o espanto quando cai por essas terras, não há chuva de bombas mortais.
As vezes sou obrigada a tentar entender ações chocantes e monstruosas como naturalmente parte da cultura de uma sociedade. Passa em minha mente agora a condenação e apedrejamento de mulheres em outras sociedades, cujo crime foi "serem estupradas". Dia desses uma jovem de vinte e seis anos foi enforcada porque matou o homem que a estuprava. Se a família dela tivesse concedido o perdão a ela, a pena seria de prisão. Insanidade de lá, insanidades de cá. E o povo lá acha que isso está certo e eu aqui odeio esse conceito de certo que protege os homens dessa mesma cultura.
Comer, dormir, trabalhar, se conformar. Isso parece a regra da vida humana. Há questões culturais que ficam na esfera do conformismo mundial, porque confrontá-las não gera lucros ou gera guerras, ou prejuízos desnecessários a outras nações. Na verdade esse enorme formigueiro de humanos no planeta é improdutivo, egoísta, individualista. Talvez por isso fico tão emocionada com heróis que surgem do anonimato. Pessoas que frente a questões gravíssimas de ameça a vida de outros, lutam sozinhas e salvam as que conseguem. Se uma pessoa consegue salvar milhares, como nos casos dos que salvaram judeus de nazistas, imagine o que conseguiriam as nações. Mas no nosso formigueiro funciona assim: nascer, comer, dormir, trabalhar, andar em círculos servir, alimentar a riqueza e morrer sem questionar. Ou morrer assim, como passivo espectador dessa colônia de insanos.