A TELEVISÃO NO BRASIL TEM QUE SER PÚBLICA
A televisão precisa criar receita para que possa realizar seu exercício. E o dinheiro que ela recebe vem de anúncios substancialmente. Outra parte vem de trabalho de engenharia social contratado pelos mais diversos representantes de segmentos da sociedade ou de grupos estrangeiros que desejam invadir ou explorar o país após ser criado na população, à base de deturpação, sua aceitação.
Com a televisão existindo comercialmente a população se torna cada vez mais consumista e se vendo a consumir produtos nocivos à saúde – como os refrigerantes, os chocolates e outros açucarados, os desidratados, os alcoólicos, os tabagistas e outros que não necessariamente se ingere, como os produtos bancários –, a constituir hábitos que patrocinam a miséria, a fragilidade mental, o abobamento e o analfabetismo – tudo que tem a ver com futebol ou com os humorísticos, os empréstimos bancários, o vasto uso de cartão de crédito, o consumo de drogas –, a desenvolver comportamento insocial que molda a sociedade para a desarmonia de maneira a pensar-se se tratar de um fenômeno natural, a alterar de modo severo os valores morais conservadores que antes do cinema e da televisão principalmente sempre conseguiram trazer mais paz entre os homens do que discussões agressivas – banalização e antecipação sexual, aumento de divórcios e de abortos, desagregação familiar, aumento do desrespeito entre as pessoas, instinto de competitividade e de trapaceamento –, a ter imposta o eleitor a decisão do voto nas eleições políticas, que dizem respeito à vida de todos os brasileiros e, por fim, a futilizar e considerar normal a violência e a impunidade. Se mata por qualquer coisa e só mesmo quem é contra o sistema é que é devidamente punido. A ação da mídia junto com o consumismo, na minha opinião, implicitamente são os maiores fragilizadores das relações humanas no Brasil. E isso deve-se também ao fato de a televisão ser comercial.
Por essa razão, eu acredito que devemos lutar para que os veículos de comunicação, se possível todos eles, sejam estatizados. Se tornem públicos, existam sob financiamento do Governo (de certa forma já é assim) ou, assim como as TVs por assinatura, receba do consumidor um valor pelo serviço. Sem a gracinha de se embutir comerciais ou campanhas na programação mesmo recebendo uma mensalidade.
Assim, os jornalistas, por exemplo, não precisariam sentir-se oprimidos por não poder dar, da forma correta, sem gesso, uma notícia que desejaria dar ou por ter que dar a mesma, que no fundo tem o objetivo de levar a audiência a um erro. Também estaríamos menos suscetíveis à manipulação a que muitos grupos internos e externos se valem para conseguir de nós o que jamais daríamos se nos abordassem com honestidade e transparência.
Competições esportivas, como o futebol, teriam mais propensão para serem justas e reais, sem a moldagem de resultados que é feita e que o torcedor médio nem faz ideia que existe ou consegue aceitar que existe, e sem a necessidade de o meio precisar transformar atletas em artistas para faturar com midiatização, como os supostos flagras os envolvendo ou as aparições em comerciais ou produtos de tevê. Tudo isso é um lixo só. Com clubes de todo o Brasil podendo ser campeões dos principais torneios ou terem seus jogadores convocados para a Seleção. E esta, completamente livre da insipidez que a tornou longe de ser uma paixão nacional.
As religiões, principalmente as que se valem tanto da televisão, teriam que se disciplinar. O povo não seria facilmente explorado por elas. A fé, em destaque a cristã, teria que ser propagada de maneira a levar o crente a buscar espiritualidade e não a pagar por algo que nem mesmo quem o faz pagar sabe o que está fazendo ou pode provar a existência e garantir o retorno pelo que se paga. Certamente, os ateus e os humanistas não perderiam tempo criticando os exploradores da indústria da fé, pois, sem iludir o fiel, eles terão em seus templos quem realmente quis estar ali. O mesmo vale para as fortunas que eles formam.
O meio político seria o mais prejudicado com a estatização geral dos veículos de comunicação, uma vez que não poderiam correr atrás de voto por meio de estratagemas que envolvem falsos escândalos, reportagens falsas e muita desinformação para enganar o eleitor. E caberia a este meio pesquisar e formar um projeto hábil para se conseguir que essa estatização pretendida viabilizasse. Vai a vontade política provar se realmente eles querem governar ou ganhar dinheiro com a política.
Eu sou a favor do movimento que vi surgir na internet, tendo assistido a um programa na TV Cultura, o qual convoca a opinião pública para uma votação. O movimento prevê o fim da reeleição e o fim do político profissional. Funciona da seguinte forma: um político entra para a política no cargo de vereador e só pode competir novamente para o cargo da frente. Ele não poderá ser reeleito vereador novamente ou poderá se reeleger no mesmo cargo no máximo mais uma vez, ampliando o tempo para que seus projetos sejam viabilizados. Se um dia ele conseguir atingir ao cargo de Presidente da República, o último da escala, após o último mandato permitido ele não mais poderá participar da vida pública como político consagrado. No site do Instituto Avante Brasil há uma enquete, na qual o visitante vota pelo modelo que achar mais apropriado: um ou dois mandatos no mesmo cargo.
Em vez de discutirmos quem deve ganhar esta eleição de 2014, que foi um fiasco em termos de democracia e de respeito ao eleitor, procuremos nos inteirar dessas ideias e fazermos nós mesmos o futuro deste país sem contar com a boa vontade e idoneidade dos políticos.
"A única forma de prever-se o futuro é construindo-o".