Dê Formação
Quando nascemos, encontramos quase tudo praticamente pronto. Teremos chance de mudar pouca coisa. Talvez seja isso o que leva os escritores a fazerem o que fazem, os poetas, alguns filósofos, enfim, poucos pensadores.
Quanto maior o número de regras a que nos submetemos, maior a possibilidade de deformação da nossa personalidade. Somos treinados a aderir a muitos tipos de procedimentos que às vezes não entendemos bem, ou em que não acreditamos. E na primeira oportunidade que temos, os contrariamos. Muitas vezes sem saber se procedemos corretamente ou não. Outras pelo simples prazer de contrariá-los.
Tudo porque tais procedimentos nos foram transmitidos com a recomendação (obrigação) de que os aceitássemos. Sem que tivéssemos chance de aceita-los de forma plena e definitiva, a partir do nosso ponto de vista pessoal. Ou de forma unilateral, pelo menos inicialmente. A ponto de podermos prescindir, por nossa própria iniciativa, de qualquer recomendação para essa aceitação.
Um exemplo talvez grosseiro do que dizemos diz respeito à eliminação física de pessoas. Aprendemos que não devemos tirar a vida de ninguém. E o que fazemos todos os dias? Isoladamente ou em grupos? Há nações especializadas em destruir nações mais fracas com todo tipo de equipamento bélico, com alto poder destrutivo, de última geração, muitas vezes usado contra populações civis indefesas – bombas, mísseis, destroieres, drones, etc. O que pode até fazer parte de um programa de extermínio de determinado grupo, grupamento ou raça. Num perfeito atestado de insanidade moral do ser humano, comprovador da sua altíssima taxa de deformação. Em que pese um dos primeiros ensinamentos que lhe é transmitido: não matar!
Cada soldado em qualquer exército do mundo, treinado especificamente para matar, deve ter aprendido antes, em qualquer religião que foi obrigado a aceitar, que não deveria tirar a vida de quem quer que fosse. Como todos os exércitos em todo o mundo têm essa peculiaridade, podemos concluir que seus membros foram deformados.
Podemos dizer que isso é válido para qualquer tipo de regra. Pois verificamos, quando crescemos, que a primeira chance que tivermos, iremos contrariar ensinamentos que nos foram transmitidos ainda quando éramos crianças. Já que é tudo o que os adultos fazem. Basta ser do seu interesse. Agora, nosso.
Maricá, 28/09/2014