Década de 50 (Parte 6/12)
INTRODUÇÃO
Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. No campo da política internacional, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista (Guerra Fria) ganhavam cada vez mais força. A década de 1950 é conhecida como o período dos "anos dourados".
1. PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DOS ANOS 50
1.1. Esportes
1.1.1. Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950.
Na Copa do Mundo 1950 aconteceu a primeira participação da seleção inglesa, os "inventores do futebol", que haviam esnobado as edições anteriores. A participação inglesa foi um desastre, sendo eliminada na primeira fase, e perdendo por 1x0 para os Estados Unidos naquela que pode ser considerada a primeira zebra da história das Copas. Além desses jogos, os ingleses venceram o Chile por 2x0 e perderam para a Espanha por 1x0.
A Segunda Guerra impediu a realização das Copas de 1942 e 1946 e por pouco a de 1950. A Europa estava arrasada após o conflito que matou mais de 100 milhões de pessoas. Enquanto isso, os Estados Unidos e União Soviética surgiriam como as novas lideranças mundiais. Duas Alemanhas, duas Coréias.
O Brasil em 1950 e a Suíça em 1954 foram escolhidos como sedes por não terem sido atingidos pela Guerra. Vários países desistiram da Copa e apenas 13 participantes disputaram a segunda Copa na América do Sul. Na final, os organizadores esqueceram-se de entregar o troféu para o capitão uruguaio.
As regras novamente beneficiaram o anfitrião. Pela primeira vez haveria um quadrangular em vez de uma final. O favoritismo da seleção foi fermentado pela excelente campanha. Bastava um empate contra os desacreditados uruguaios após as goleadas de 7 a 1 na Suécia e 6 a 1 na Espanha.
A maior tragédia do futebol brasileiro foi presenciada por 174 mil pagantes e 50 mil penetras, que não acreditaram no título uruguaio, sacramentado pelo gol de Ghiggia aos 34min da etapa final. Barbosa, goleiro do Vasco, foi responsabilizado pelo vice-campeonato e o uniforme branco substituído pelo amarelo.
1.1.2. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organiza o primeiro Campeonato Mundial de Formula 1, em 1950.
Seguindo os dirigentes do automobilismo, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) anunciou a prova inaugural do campeonato mundial de F-1, em um sábado 13 de maio de 1950 no Circuito de Silverstone, na Inglaterra, para não coincidir com um culto religioso local.
O campeonato anunciado compreendia 6 GP's a serem disputados na Europa: Inglaterra, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália, e seria ainda adicionado o resultado das 500 Milhas de Indianápolis, tornando, dessa maneira, um campeonato "mundial" (apesar do fato de que os carros, equipes e pilotos que competiam nos EUA serem completamente diferentes dos da Europa).
Devido às dificuldades do pós-guerra, os carros eram todos do pré-guerra. Permitiu-se a participação de carros com motores superpressurizados até 1,5 litro ou com motores aspirados de 4,5 litros. A confirmação da presença da Alfa Romeo foi determinante para o momento. Sua participação com as Alfettas, dominantes na época, trouxe prestígio para o campeonato. Confirmaram presença a Ferrari (mas os carros não ficaram prontos para a prova inaugural), Maserati, algumas "Voiturettes" ERA e carros esportivos modificados, como os Talbots.
A prova inaugural em Silverstone contou com um público de 100.000 pessoas estimadas, além da presença do Rei George VI a Rainha Elizabeth e a princesa Margareth.
1.1.3. Em fevereiro de1951, começam os primeiros Jogos Pan-Americanos.
A primeira edição dos Jogos Pan-americanos estava marcada para 1942, mas com a Segunda Guerra Mundial os jogos precisaram ser adiados. Em 1951 finalmente aconteceu a estreia na cidade de Buenos Aires, capital da Argentina.
1.1.4. Realização das Olimpíadas de Helsinque na Finlândia (1952).
A cidade de Helsinque, na Finlândia, tinha apenas 367 mil habitantes em 1952, quando recebeu os Jogos Olímpicos. Nunca uma cidade tão pequena abrigou o evento. Exemplo da grandiosidade olímpica em relação às pequenas proporções da capital finlandesa é o estádio Olímpico: com 70 mil lugares, o local poderia acolher um quinto dos habitantes da cidade sede.
Os Jogos "intimistas" marcaram o primeiro confronto entre as duas grandes potências mundiais esportivas, que dominariam o movimento olímpico desde então. Pela primeira vez desde a Revolução Bolchevique de 1917 a União Soviética esteve presente - apesar de competir em campeonatos europeus de algumas modalidades, apenas em 1951 os soviéticos pediram reconhecimento ao COI.
Com isso, os EUA tinham uma ameaça real a sua supremacia - desde St. Louis-1904, os norte-americanos só perderam os Jogos de Berlin-1936, para a Alemanha. No quadro geral de medalhas, os EUA dominaram com 40 ouros contra 22, mas a União Soviética chegou perto no número total de pódios, com 71 contra 76.
A tensão política, porém, gerou uma divisão física entre os países. As delegações dos países ocidentais foram hospedadas na Vila Olímpica de Kapylae, em uma área de 200 mil m², formada por 21 prédios que hospedavam 4.800 atletas.
As delegações da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e de seus países-satélites ficaram no litoral do mar Báltico, em Otaniemi, onde foram construídos três grupos de prédios com capacidade para 1.200 atletas.
A Alemanha voltou aos Jogos, mas apresentou um quadro político confuso. Banido de Londres-1948, o país voltou a se apresentar unido, sem distinção entre Ocidental e Oriental - apesar de não ter na delegação nenhum atleta do leste.
Além disso, os Jogos contaram com o Sarre, uma região carbonífera do sul da Alemanha, independente desde o final da Guerra. O comitê olímpico do país desapareceu em 1956, quando a região, depois de um plebiscito, voltou a fazer parte da Alemanha.
1.1.4.1. O apogeu de Adhemar
Com a maior delegação desde que estreou nas Olimpíadas, na Antuérpia-1920, o Brasil teve no evento finlandês seu melhor desempenho até então, graças ao reinado de Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo. Com título olímpico do atleta paulista, os brasileiros terminaram os Jogos na 24ª posição, com um ouro e dois bronzes.
Além do título, Adhemar quebrou quatro vezes o recorde olímpico e duas vezes o recorde mundial na prova. Favorito ao ouro, Adhemar, então com 25 anos, bateu o recorde pela primeira vez em seu segundo salto, com 16,12m. No quinto, o brasileiro alcançou sua melhor marca, 16,22m, nova marca mundial. Quando encerrou sua participação com um salto de 16,05m, o ouro já estava garantido. Ainda no atletismo, o Brasil conquistou sua segunda medalha: o bronze no salto em altura do carioca José Telles da Conceição.
A terceira medalha veio na natação: Tetsuo Okamoto chegou em terceiro lugar nos 1.500m livre, bateu o recorde sul-americano com 18min51s3 e virou o "peixe-voador".
1.1.5. A Alemanha torna-se campeã da Copa do Mundo de Futebol na Suíça (1954).
Em 1954 a Copa do Mundo estava de volta à Europa, quase uma década após o fim da Segunda Guerra; e pela segunda vez consecutiva, a melhor seleção perdia a final. Após o empate com os iugoslavos, os brasileiros choraram a eliminação e só depois descobriram que ainda continuavam na competição. •.
Vitórias e estrelas tornavam a Hungria imbatível. A fama era justificada pela eficiência do ataque. Pelas quartas-de-final, os húngaros emplacaram 2 a 0 no Brasil em sete minutos, o jogo ficou conhecido como "A Batalha de Berna" devido à violência. Mesmo com todo o favoritismo da Hungria os campeões foram os alemães ocidentais, que usaram uma estratégia ousada para ganhar a Copa. Para evitar o confronto com os atuais campeões e vice (Uruguai e Brasil), os alemães utilizaram uma equipe reserva na goleada histórica para os húngaros por 8 a 3. Os alemães tiveram um caminho mais fácil até a final e venceram os cansados húngaros na decisão. A competitiva seleção alemã, que tinha paraquedista da Segunda Guerra, foi acusada de jogar a final dopada.•.
1.1.6. 1958, o Brasil torna-se, pela primeira vez na história, campeão da Copa do Mundo de Futebol.
A Copa da Suécia foi a primeira a ser televisionada. Mais de setenta países acompanharam o evento. Estádios e uma equipe competitiva foram construídos especialmente para a Copa da Suécia. De acordo com o revezamento a Copa de 1958 deveria ser feita na América do Sul, mas a FIFA decidiu manter na Europa mais uma Copa, sob protestos dos países sul-americanos.
Poucos meses antes da Copa o avião que transportava diversos jogadores do Manchester United caiu em Munique. O Manchester United era base da seleção inglesa.
Desta vez a melhor equipe venceu. E finalmente a taça do mundo é do Brasil. Destacaram-se Didi, Garrincha e, sobretudo o jovem Pelé, o mais novo jogador a vencer uma Copa do Mundo com dezessete anos e oito meses quando o Brasil conquistou a Copa do mundo. A seleção brasileira de 1958 é considerada a melhor seleção nacional de todos os tempos por vários especialistas, superando inclusive o escrete canarinho de 1970. Nunca o Brasil perdeu um jogo quando estavam em campo Pelé e Garrincha. E eles, assim como Didi, Zagallo, Zito, Vavá e Djalma Santos fizeram a diferença para o Brasil superar o trauma de nunca ter vencido um torneio Mundial.
1.2. Ciência e Tecnologia
1.2.1. Em 1957, o Sputinik II coloca em orbita da Terra, o primeiro ser vivo, a cadela Laika.
O Sputnik foi o primeiro satélite artificial da Terra. Foi lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957 na Unidade de teste de foguetes da União Soviética atualmente conhecido como Cosmódromo de Baikonur. O programa que o lançou chamou-se Sputnik I. O Sputnik era uma esfera de aproximadamente 58,5 cm e pesando 83,6 kg. A função básica do satélite era transmitir um sinal de rádio, "bip", que podia ser sintonizado por qualquer radioamadoras frequências entre 20,005 e 40,002 MHz[1], emitidos continuamente durante 22 dias até 26 de outubro de 1957, quando as baterias do transmissor esgotaram sua energia. O satélite orbitou a Terra por seis meses antes de cair.
1.2.1.1. Sputnik II
A Sputnik II, lançada ao espaço em 3 de novembro de 1957, pesando 543,5 kg, enviou o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika. Dados biológicos do animal foram monitorados durante uma semana. Sobre como a cadela teria morrido, a versão da época teria sido em uma semana por falta de oxigênio, conforme comunicado pelo Governo Soviético. Anos mais tarde, no entanto, os cientistas revelaram que ela morreu poucas horas depois do lançamento, em pânico, devido ao superaquecimento da cabine.
1.2.1.2. Sputnik III
A Sputnik III, utilizando uma nova versão de foguetes propulsores, o Sputnik 8A91, lançou um laboratório espacial de estudo do campo magnético e do cinturão radiativo da Terra. Foi lançado em 15 de maio de 1958, pesando 1340 kg, e permaneceu em órbita por dois anos.
1.3. Comunicações
1.3.1. A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950, é o primeiro canal de televisão da América Latina.
Nos anos 1950, a TV teve no Brasil um caráter de aventura, sendo os primeiros anos marcados pela aprendizagem, com improvisos ao vivo (não havia ainda o videoteipe). O alto custo do aparelho televisor - que era importado - restringia o seu acesso às classes mais abastadas. Os recursos técnicos eram primários, dispondo as emissoras apenas do suficiente para manter as estações no ar.
Assis Chateaubriand queria aumentar seu conglomerado de mídia Diários Associados, e para isso, resolveu trazer a televisão para o Brasil. Como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida dos Estados Unidos.
Em 10 de setembro, é realizada uma transmissão pela TV Tupi ainda em sua fase experimental. O conteúdo exibido era um filme onde o ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas relatava seu retorno à vida política.
Então, no dia 18 de setembro de 1950, Assis realiza seu grande sonho: coloca no ar oficialmente a TV Tupi canal 3 de São Paulo, PRF-3 TV.
1.4. Guerras e Conflitos
1.4.1. Começa a Guerra da Coréia em 1950.
A Guerra da Coreia foi travada entre 25 de Junho de 1950 a 27 de Julho de 1953, opondo a Coreia do Sul e seus aliados, que incluíam os América o Reino Unido, à Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China e pela antiga União Soviética. O resultado foi a manutenção da divisão da península da Coreia em dois países. Em 1950, cinco anos e meio depois de vencer a Alemanha Nazista principalmente no front oriental russo em pleno inverno rigorosíssimo, os Estados Unidos e a União Soviética, ex-aliados, entram em conflito pelo controle da Coreia, uma nova zona de influência comercial e territorial, arriscando provocar uma terceira guerra mundial.
Durante quase três anos, o povo coreano, uma das mais notáveis culturas da Ásia, foi envolvido em uma brutal guerra fratricida, violentíssima de ambos os lados.
Em 23 de Junho começam as negociações de paz, que duram dois anos e resultam num acordo assinado em Panmunjon, em 27 de Julho de 1953.
O único resultado é o cessar-fogo. Na guerra coreana morreram cerca de três milhões e meio de pessoas. O tratado de paz ainda não foi assinado, e a Coreia continua dividida em Norte e Sul.
1.4.2. Em plena Guerra Fria é assinado, em 1955, o Pacto de Varsóvia.
O Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia foi uma aliança militar formada em14 de Maio de 1955 pelos países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países estes que também ficaram conhecidos como bloco socialista. O tratado correspondente foi firmado na capital da Polônia, Varsóvia, e estabeleceu o alinhamento dos países membros com Moscou, estabelecendo um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões militares.
1.4.3. Em 1959, ocorre a Revolução Cubana.
Cuba tinha desde o inicio os problemas políticos, mas não tão grande quanto aqueles que viriam a acontecer. Fulgêncio Batista foi eleito presidente democraticamente pela primeira vez em Cuba, mas a sua presidência foi marcada por corrupção e violência. Fulgêncio tem o poder de volta através de um golpe militar em 1952. Em 1953, Fidel Castro e outros 160 homens (números incertos) tentaram o assalto, mas falharam, e Fidel Castro foi condenado a cerca de 20 anos de prisão, e seu movimento desapareceu.
Em 1954, Batista foi reeleito como governador e, posteriormente, em um ato de reconciliação, Fidel Castro foi libertado. Fidel foi viver um tempo no México. Em novembro de 1956, com um plano revolucionário, formou o "Exército Rebelde". Um de seus comandantes era um médico argentino, Ernesto "Che" Guevara. Os guerrilheiros foram gradualmente se tornando populares, com 2 novos líderes, Raul Castro e Juan Almeida. De volta a Cuba, tinha apoio suficiente da população, em seguida, começou a empurrar para frente às reformas políticas, sociais e econômicos. Como Fidel era muito popular e rapidamente se tornou primeiro-ministro, que iniciou um processo revolucionário mais pessoal. Em 1959 começaram as primeiras reformas, especialmente em matéria de reformas industriais e a nacionalização dos bancos.
A revolução cubana também teve grande importância desde que começou graças às campanhas de alfabetização em massa e de cuidados de saúde que foi implementado para toda a população. Após este triunfo, as políticas econômicas deixaram tão alarmadas que os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba e relações abertas com a União Soviética.
1.4.4. Começa em 1959, a Guerra do Vietnã.
Laos, Vietnã e Camboja faziam parte de uma região conhecida como Indochina. Estavam sobre o domínio francês e queriam a independência. Na Segunda Guerra Mundial, O Japão dominou esta região, visando lutar contra os orientais, os vietnamitas, liderados pelo revolucionário Ho Chi Minh, se agruparam e formaram a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã (ligada ao partido comunista). Os conflitos começaram a acontecer em 1941.
Quando na Segunda Guerra Mundial findou-se, iniciou o processo de descolonização, que foi quando começou a luta entre os franceses e os guerrilheiros do Viet Minh, (Liga para a Independência do Vietnã). Os franceses foram derrotados e obrigados a aceitar a independência. No ano de 1954, a Independência do Camboj a, Laos e Vietnã foi reconhecida pela Conferência de Genebra, que tinha sido convidada para negociar a paz, foi estipulado também que até as eleições em 1956 para unificar o país, o Vietnã ficaria dividi em:
Vietnã do Norte: Socialista governado por Ho Chin Minh
Vietnã do Sul: Capitalista governado por Ngo Dinh-Diem
No ano de 1955, as eleições foram anuladas por Ngo Diem que se tornou ditador após liderar um golpe militar e proclamou a Independência do Sul. Os EUA se aliaram ao Vietnã do Sul
enviando armas, dinheiro e conselheiros militares, e os sul-vietnamitas atacaram por 10 anos o norte.
1.5. Cultura e Arte
1.5.1. No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Criada pelo Museu de Arte Moderna (MAM), a 1ª Bienal Internacional de São Paulo foi inaugurada no dia 20 de outubro de 1951, em um pavilhão no Parque Trianon, na Avenida Paulista, onde hoje está instalado o Museu de Arte de São Paulo, e contou com 1.854 obras, representando 23 países. Inspirado na Bienal de Veneza, seu mentor foi o industrial de origem italiana Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo Matarazzo. A iniciativa colocou o Brasil no circuito internacional dos grandes eventos de arte.
Cercada de polêmicas, a 1ª Bienal causou grande impacto na cidade e nas artes brasileiras. Nas palavras de Ferreira Gullar, a Bienal teve importância decisiva no desenvolvimento da arte concreta brasileira. "Unidade Tripartida", a escultura do suíço Max Bill que ganhou o prêmio máximo de escultura, por exemplo, influenciou diversos e importantes artistas locais. "O escultor Franz Weissmann era figurativo quando conheceu "Unidade Tripartida", depois aderiu ao neoconcretismo", relatou Gullar no livro "Projeto construtivo brasileiro na arte".
Apesar do impacto, que obrigou os brasileiros a repensarem a produção nacional, as obras que vieram para a Bienal sofreram críticas severas, entre outros, de Mário Pedrosa, importante crítico que viria a integrar o júri da 2ª Bienal. "A Escola de Paris está presente no figurativismo mitigado de Roger Chastell e nas preocupações quase abstratas de Jean Bazaine. Os sub-Picassos e os sub-Matisses de todo o mundo significam o passado, portanto estão distantes da sensibilidade de hoje", afirmou Pedrosa.
1.6. Política
1.6.1. Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra.
O rei, George VI, teve saúde delicada a partir de 1951, à filha o representa em compromissos oficiais. Em 1952 ele morre e no ano seguinte ela é coroada Elizabeth II.
Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte marca seu reinado por grandes mudanças na vida do seu povo e de seu país, dentre elas a independência das colônias, incidentes na Irlanda do Norte e dificuldades na economia, após a II Guerra Mundial... Durante seu reinado ocorre o processo de emancipação de numerosas colônias do vasto Império Britânico. Embora adquirindo independência, esses países permanecem ligados à Comunidade Britânica, sendo seus habitantes súditos da rainha inglesa até hoje.
1.6.2. Em 24 de agosto de 1954, ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
Em 1950, Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas. Neste governo continuou com uma política nacionalista. Criou a campanha do "Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás.
Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito. Deixou uma carta testamento com uma frase que entrou para a história: "Deixo a vida para entrar na História." Até hoje o suicídio de Vargas gera polêmicas. O que sabemos é que seus últimos dias de governo foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e dos militares. A situação econômica do país não era positiva, o que gerava muito descontentamento entre a população.
Na manhã de 24 de agosto de 1954, à medida que a carta testamento chegava aos ouvidos dos brasileiros pelas rádios, a dor do povo surgiu como manifestação de indignação e revolta contra os adversários de Getúlio, tomando as ruas de norte a sul da Nação.
O sentimento nacional sepultou um golpe militar. O Udenista Carlos Lacerda, declarado opositor de Getúlio, foi obrigado a fugir para o exterior. E assim, o período Getulista, iniciado em 1930, que buscava com seu projeto e ideologia trabalhista, a modernização nacional, chegou ao fim.
Grande estadista, certamente o maior que o país já teve, amado pelo povo, trouxe o crescimento econômico, a justiça social e a igualdade de direitos. Criou empresas estatais fortes como a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.
Construiu uma legislação federal clara, beneficiando, principalmente os trabalhadores, criou o salário mínimo e a jornada semanal de trabalho. Deu às mulheres o direito de votar e, ainda na questão democrática, a instituição do voto secreto.
1.6.3. Em 16 de setembro de 1955, um golpe militar na Argentina tira do poder o presidente Juan Perón.
A chamada «Revolução Libertadora» foi uma ditadura milita originada no golpe de estado que derrocou o Presidente Juan Domingo Perón entre 16 e 23 de setembro de 1955, dia este último que o chefe da insurreição jurou com o título de «presidente», ao mesmo tempo em que dissolvia o Congresso. Ao dia seguinte designou como «vice-presidente» o almirante Isaac Rojas.
A “Revolução Libertadora” contou com uma Junta Consultiva integrada pela maior parte dos partidos: União Cívica Radical, Partido Socialista, Partido Democrata Nacional, Partido Democrata Cristiano e Partido Democrata Progressista.
1.6.3. Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) é eleito presidente do Brasil.
O Governo Juscelino Kubitschek é o período de governo republicano vivido entre 1956 e 1961. Sua eleição foi marcada pelo slogan "Cinquenta anos em cinco", marca do desenvolvimentismo, já que o ideal era trazer ao Brasil o desenvolvimento econômico e social.
Segundo JK, se com outros governantes este processo levaria cinquenta anos, com ele levaria apenas cinco. Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas Chrysler e Ford através do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, já que ele queria incentivar o comércio de carros, além de televisões e outros bens de consumo. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia a americana. Na teoria era um projeto muito bom, mas na prática não foi tanto, a começar pelo fato de que Juscelino propôs, e fez empréstimos junto a centros financeiros americanos, endividando o Brasil. Porém, uma obra que ajudou a 1.7.2.2. Tratado Constitutivo da Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom).
Menos relevante que o da CEE, buscava criar condições de desenvolvimento de uma indústria nuclear. O Tratado Euratom não experimentou grandes mudanças desde a sua criação e segue em vigor. A Comunidade Europeia de Energia Atômica, não se juntou com a União Europeia e guarda uma personalidade jurídica distinta, ao mesmo tempo em que comparte as mesmas instituições.
1.8. Música
1.8.1. Com muito rock e um estilo dançante, Elvis Presley começa a fazer sucesso em 1956. Elvis Aaron Presley, filho de pai escocês e dono de um timbre inigualável, começa a fazer sucesso em meados da década de 50. Mais do que concreto e merecido o apelido de "O Rei do Rock". Não só pelo jeito ousado de seus "passinhos" e presença de palco, mas por sua música estar bem a frente de sua época. É compreensível rever em vídeos antigos o desempenho do "The Pelvis", e ver aquelas mulheres loucas gritando, desmaiando e agarrando-o quando possível. O álbum Elvis Presley, de 1956, foi escolhido no livro provavelmente por ser um marco inicial da carreira de um grande astro, porém está longe de ser considerado um dos melhores. A qualidade deste disco está bem dividida. Contém algumas músicas clássicas ao melhor estilo dançante do Mr. Presley e algumas gravações que chegam a ser medíocres perto de seus sucessos.
1.8.2. O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso.
Movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).
Hoje em dia, inúmeros concertos dedicados à bossa nova são realizados, entre os quais, entre 2000 e 2001, os intitulados 40 anos de Bossa Nova, com Roberto Menescal e Wanda Sá.
fim cronológico da bossa não significou a extinção estética do estilo. O movimento foi uma grande referência para gerações posteriores de artistas, do jazz (a partir do sucesso estrondoso da versão instrumental de Desafinado pela dupla Stan Getz e Charlie Byrd) a uma corrente pós-punk britânica (de artistas como Style Council, Matt Bianco e Everything but the Girl).
No rock brasileiro, há de se destacar tanto a regravação da composição de Lobão, Me chama, pelo músico bossa-novista João Gilberto, em 1986, além da famosa música do cantor Cazuza composta por ele e outros músicos, Faz parte do meu show, gravada em 1988, com arranjos fortemente inspirados na Bossa Nova.
Seu legado é valioso, deixando várias joias da música nacional, dentre as quais Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Desafinado, O barquinho, Eu Sei Que Vou Te Amar, Se Todos Fossem Iguais A Você, Águas de março, Outra Vez, Coisa mais linda, Corcovado, Insensatez, Maria Ninguém, Samba de uma nota só, O pato, Lobo Bobo, Saudade fez um Samba.
1.8.3. O rock na década de 50 os primeiros passos.
É a fase inicial deste estilo, ganhando a simpatia dos jovens que se identificavam com o estilo rebelde dos cantores e bandas. Surge nos EUA e espalha-se pelo mundo em pouco tempo. No ano de 1954, Bill Haley lança o grande sucesso Shake, Rattle and Roll. No ano seguinte, surge no cenário musical o rei do rock Elvis Presley. Unindo diversos ritmos como a country music e o rhythm & blues. O roqueiro de maior sucesso até então, Elvis Presley lançaria o disco, em 1956.
O mundo em 1958 já vivia uma nova situação revolucionária. Dois anos antes eclode na Hungria uma grande revolução anti-burocrática, com as tropas da URSS sufocando o levante. Na URSS, Nikita Kruchev assume o posto de primeiro-ministro para depois denunciar os crimes de Stálin, a quem servira servilmente por mais de 30 anos.
Na Indochina (atual Vietnã) os franceses assassinam milhares para tentar manter o controle da colônia insubordinada, derrotas como a Die Ben Phu, para os guerrilheiros, já comandados pelo general Niag e por Ho Chi Min, põem em cheque a sua presença na região. Explode a sangrenta guerra Civil no Líbano, até então considerado a “Suíça do Oriente Médio”. A Argélia e outros países africanos ardem em busca de sua independência, que conquistariam na década seguinte.
Em Cuba, os guerrilheiros liderados por Fidel Castro e Che avançam contra a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista. Na Colômbia uma guerra civil de dez anos entre liberais e conservadores é capitalizada pela reação democrática, abrindo caminho para o surgimento de uma guerrilha de esquerda que daria origem às FARC’s e ao ERP.
No Brasil, ainda repercute os ecos do suicídio de Getúlio Vargas, que morre para “entrar na história”. Tanto é que seu afilhado político, João Goulart – o Jango, é eleito como vice-presidente (a chapa presidencial não era casada). O presidente eleito, Juscelino Kubitscheck, governaria com a espada do golpe militar pairando sobre sua cabeça. O que aconteceria alguns anos depois.
Depois do Brasil em 50 e da Suíça em 54, mais uma vez foi escolhido como sede um país que não esteve no centro da segunda guerra. A Suécia, que, comparativamente a outros países, sofrera menos com o conflito, foi a escolhida. Os fantasmas da destruição nazista ainda assombravam o velho continente.
Além da Suécia, participaram França, Alemanha Ocidental, País de Gales, URSS, Irlanda do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Inglaterra, Escócia, Áustria e, pelas américas, Brasil, Paraguai, Argentina e México.
Pernas tortas
No Brasil, João Havelange acabara de ser eleito presidente da CDB, a Confederação Brasileira de Desportos, que englobava vários esportes, em uma época em que a CBF não existia. Havelange era um “craque” da natação e quando novo, disputara torneios nas águas, então límpidas, do Rio Tietê. Após um início desastroso, a seleção brasileira se redime e faz uma preparação física e psicológica primorosa, incorporando desta vez dirigentes e craques paulistas.
Claro que, em meio a essa preparação, os cartolas não deixariam de cometer suas gafes, como ao colocar o extraordinário Garrincha na reserva por conta de suas pernas tortas (que entortavam os “Joãos” da vida) e por não conseguir passar nos rígidos testes psicológicos do Dr. João Carvalhaes. Bem, esse acabaria como mais um “João” no caminho de Garrincha que voltaria ao time titular a pedido dos jogadores mais experientes.
Essa copa revelou lendas do futebol mundial como Didi, “o príncipe etíope”, Nilton Santos, “a “enciclopédia do futebol”, Garrincha, “a alegria do povo” e um garoto de apenas 17 anos e futuro rei do futebol, Pelé. Jogadas antológicas, como o gol de Nilton Santos contra a Áustria. O botafoguense avançou pela esquerda, ignorou os berros do treinador Vicente Feola, mandando-o voltar, e atuou como um moderno ala, o “lençol” seguido de gol do menino Pelé em cima de um boquiaberto zagueiro sueco.
Mas Pelé, Garrincha e Vavá só foram efetivados no time titular após pedidos de Didi e Nilton Santos. Os dois primeiros estavam barrados certamente
por serem jovens e negros, já que seus titulares (também bons jogadores) eram brancos e mais experientes. Porém ambos, assim como Vavá, estavam inspirados e puseram abaixo sólidas defesas como a da URSS (do lendário goleiro Lev Yashin), do País de Gales e da França (uma das zagas menos vazadas).
Estes craques comandaram um time que encantou o mundo; na primeira fase: 3 x 0 na Áustria, 0 x 0 com a Inglaterra, 2 x 0 na URSS; nas quartas-de-final: 1 x 0 no País de Gales; na semifinal: 5 x 0 na França e 5 x 2 na Suécia na finalíssima. Com esta campanha, o Brasil mostrou ao mundo um futebol-arte mais desenvolvido e organizado e faturou a taça.
O resultado elástico pode esconder a qualidade da equipe sueca, perigosa não só por que jogava diante de sua torcida, mas também por que vencera a sensação França do craque Kopa e do artilheiro da Copa Just Fontaine (até hoje o maior artilheiro de uma só edição com 13 gols). A França obteria a terceira colocação, seguida da Alemanha.
Desta copa em diante, para muitos, como o dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, o Brasil teria superado o seu “complexo de vira-lata” e ascendido à elite do futebol mundial no primeiro pedestal. O presidente Juscelino Kubitscheck telefonaria para Havelange ao final do torneio - “Durante a Copa do Mundo na Suécia, substituí vários ministros e não houve uma única palavra a respeito nos jornais. Estou pensando em fazer novas mudanças em futuro próximo. Qual a data da próxima Copa do Mundo?”.
O que ficou no imaginário da Copa de 58 é o triunfo de uma das melhores gerações de jogadores brasileiros, e o nosso primeiro título, o “espanta vira-lata”.
FONTE: Trabalhosfeitos