Uma pira de ira

Eu gostaria que ao perguntar o que está acontecendo com o homem, em função da violência que vemos, isso tivesse alguma relevância e levasse a alguma reflexão. E essa reflexão pudesse, de alguma forma, contribuir para termos um pouco de paz.

Os amigos até me dizem que a ideia é legal, que seria interessante sempre provocarmos o debate, levando a perguntas e respostas, mas há um dado que mostra que a coisa não é tão simples assim: desde o surgimento do homem e desde que foi possível reunir dados, a história mostra que a humanidade experimentou apenas 300 anos de paz absoluta. A pergunta mais simples é: o que há de errado com o homem?

Ser religioso não significa ter fé, como ter fé não significa a necessidade de uma religião, mas consideremos que ambos, religião e fé, tornem o homem menos agressivo. Vemos o homem em busca de um sentido maior, e no mesmo passo a escalada da violência. O que está errado?

Será que a violência está provocando reflexões maiores, ainda que não possa ser contida? Não observamos apenas roubos e assaltos, mas uma violência incontida contra pessoas e contra o patrimônio.

A sociedade tem se mostrada tolerante, omissa e impotente. De vez em quando vemos uma explosão de raiva, onde bandidos apanhados acabam castigados pela população.

Mas também vemos que esta mesma sociedade sofrida se volta contra aqueles que têm a incumbência de manter a ordem.

As redes sociais, todos os dias, estampam as imagens da violência. Não mais em fotos, mas em vídeos. Isso faz muito sucesso, as imagens se espalham, são comentadas e curtidas!

Parte da violência que vemos, apenas estavam escondidas e se tornaram visíveis, mas uma parte tem a ver com nossa omissão.

Impotente, o homem apenas torce para que não aconteça com ele e com os seus, e quando o infortúnio o atinge, sem apoio das autoridades, leva a vida, destroçado.

É possível ver, a qualquer hora do dia e da noite, grupos de jovens usando drogas. Onde estão os pais? O que fazem quando descobrem que o filho está se drogando?

Muitos negam veementemente, e ai de você se tentar lhes abrir os olhos! A frase “onde foi que errei” já virou piada...

Alguns defendem a liberação das drogas, com o argumento que aquele quiser usar que se lasque. A questão não é tão simples, pois o drogado sem dinheiro para manter o vício rouba, assalta e sob seu efeito sabe-se lá o que vai fazer!

Ao volante qual a diferença entre uma pessoa alcoolizada e outra drogada? Na história do drogado, a raiva e a ira estão presentes.

A ira é um sentimento intenso de raiva, ódio ou rancor. Esse conjunto de fortes emoções leva à vontade de agressão.

Traumas acumulados formam uma pira, pronta para ser acesa. Por isso, o irado sente incontrolável vontade de insultar e agredir pessoas.

Mahtama Gandhi, quem conhece sua história sabe, passou por momentos terríveis e nos diz com sabedoria “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo”.

Sêneca nos alerta: “Uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde”.

Marco Aurélio é prudente e racional: “Mais penosas são as consequências da ira do que as suas causas”.

A velha sabedoria nos chama à razão: A ira começa com a loucura e acaba com arrependimento.

Tito Lívio dá tempo ao tempo: O tempo acalma a ira.

A sabedoria chinesa clama pelo bem senso: Não compense na ira o que lhe falta na razão.

Com todo esse conhecimento, por que vivemos em guerra, até com nós mesmos?

Talvez não saibamos que cada momento de raiva vai formando nossa pira de ira, que uma hora acabará acesa!

Ivan Postigo

Diretor de Gestão Empresarial

Articulista, Escritor, Palestrante

Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

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Ivan Postigo
Enviado por Ivan Postigo em 01/10/2014
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