Introdução
E fez-se a História...
E fez-se a História...
Considera-se Heródoto o pai da História, mas seu verdadeiro autor foi Deus, e o homem a escreve cada dia de sua vida. A História pré-existiu ao homem, mas ele a constrói gradativamente. É sua companheira inseparável, companheira de cada homem, não só daquele que deixa marca de sua passagem em tintas berrantes, mas ela supõe cada passo da humanidade na estrada do Tempo. A história age sempre sobre o homem, mostrando sua herança de mortes e glória, entretanto ele a modifica, se o quer. Escravo, ele não se conforma e trás presa a suas atitudes. Livre, ele se detém lançando ao passado um olhar perscrutador que favorecerá o futuro. Ela está guardada em seus livros empoeirados, em documentos eternos e o segue em todos os momentos. E ele sabe que suas pernas cansadas abandonarão a História, que lhe permanecerá fiel, que o recordará sempre, mormente depois de sua morte.
O despertar de Jairo Siqueira Azevedo, o gênio de Datas
A memória de um povo é fraca. Hoje, ele ama apaixonadamente um homem, e o segue, onde quer que ele for. Chora suas lágrimas e sorri com o seu sorriso. Ergue para ele um altar em seu coração e o incensa. Muitas vezes, com o tempo, é obrigado a esquecê-lo, porque este ídolo tem os pés de barro. Mas Jairo Azevedo não chegou a ser ídolo — ele foi antes uma alavanca, uma catadupa, e não tem os pés de barro, seus pés são de carne e osso, e muito andaram a fim de promoveer o bem comum e o ressurgimento de sua família no contexto histórico e social, aos olhares admirados de seus pares e companheiros. Aliada ao seu talento, Jairo Azevedo tem uma fé inabalável na Pátria e na necessidade de serví-la. Ela não espera ser servido e acariciado !
Já dizia o velho Dante que o amor é a força eterna que move a vida e que tange os astros, apascentando-os pela infinduras do universo. E a forma mais sublime do Amor, laço indestrutível que une os homens, é decerto a gratidão. A gratidão é como um espelho que Deus colocou em nossos corações para refletir o bem que recebemos e responder com raios de amor aos raios de amor que incidem sobre nós. Jairo Azevedo, é um joalheiro da gratidão !
No galho da árvore, o gênio visionário de Jairo Azevedo, a olhar um João-de-barro, iniciou também sua extraordinária e incomum engenharia, transformando a geografia inóspita da vida de sua família num oásis de benção e surpreendentes realizações. Compreendendo que a sombra inexiste, que ela nada mais é do que ausência de luz, iluminou a sua tenra existência, e sua alma aspirou o perfume das flores matutinas, na primavera da vida. Cedo entendeu que "as palavras são pássaros apressados. É bom ter alçapão à mão", Dele se pode dizer: Veni, vidi, vici (Vim, vi, venci), palavras com as quais Júlio César anunciou ao Senador de Roma sua vitória sobre Farnaces, rei do Ponto.
Os sonhos juvenis, próprios da idade, cederam lugar ao ser adulto, que o transformou em "senhor de si mesmo", e, como tal, precocemente disciplinado. A responsabilidade com seu grupo étnico — aspirações, sonhos— o fez descobrir em si mesmo um número muito grande de potencialidades das quais nem sequer suspeitava. Disciplinado, Jairo Azevedo tomou para si os sentimentos e necessidades de sua família. Determinado, atingiu a dignidade de pessoa e começou a realizar verdadeiramente sua natureza divinal. Viver, sabe ele, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada, reprogramada. Conscientemente executada e ousada.
Da batéia do jovem Arthur Lima de Azevedo, incansavelmente gasta na lida do dia-a-dia, não ficou somente o brilho da lua a enamorar-se de sua corajosa alma. Semíramis, a todos prende o mistério do seu encanto, esposa e mãe, jamais lhe cobrou, ao fim do dia, o ouro ou o diamante nas mãos, auríferas, mas vazias do seu amado. Encantou-a, no fundo da bateia, o olhar enamorado, persistente e corajoso do homem e do esposo. Sabiam eles que, na pequena cidade de Datas, outra ocupação não se oferecia ao chefe da família, responsável pela manutenção de sua numerosa prole. No retorno e no aconchego do lar, Semírames, professora atuante e dedicada, acariciava com unguentos de seu corpo e de sua inabalável fé, as mãos vazisas e cansadas do esposo, vazias de ouro e diamante, mas ásperas da areia e dos seixos.
"O casal humano é como essas barcas que necessitam de que duas pessoas remem juntas, sincronizando os esforços. Se assim não fazem, é impossível avançar". Com as mãos vazias, a família crescendo, e o peito sem pouso, chegam a Curvelo, Diamantina e Belo Horizonte. Em Diamantina, a esperança de diamantes: "De amantes? Soube muitos. Diamantes? Mais nenhum".
Unidos com fé, depositavam no altar de seus corações determinação e coragem e seguiam a estrada da vida, afastando a poeira dos olhos e o suor da face, compreendendo que o real "não está na saída nem na chegada, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
Nessa odisséia, acompanham-lhes seus filhos, quase crianças, mal sabendo que, na viagem da vida, o metal nativo, exaustivamente procurado, encontrava-se entre eles — eram os filhos — pepitas do ouro mais puro, jamais vistas em qualquer garimpo. A ambivalência da bateia vazia não o fez jogar fora, sabiamente, juntamente com a água do banho, o bebê que se banhou.
O mistério da vida do casal, Arthur Lima de Azevedo e Semíramis, e filhos narra a história de aventuras extraordinárias, de altos e sublimes ideais de verdade, justiça, bondade, altruismo, que, triunfantes, passam pelas peneiras teóricas e pedagógicas de Sócrates, porque os seus autores não se intimidaram diante da vida e não se tornaram menores que os seus sonhos – edificaram sobre o nada um monumento metafísico devido à sua própria vontade.
Jairo Siqueira Azevedo, ator principal dessa epopéia, certamente causará embaraços para o "analista histórico" porquanto é difícil permanecer indiferente ao calor despertado por aqueles sentimentos: "a história do mundo não é senão a biografia dos grandes homens".
Roberto Gonçalves
O despertar de Jairo Siqueira Azevedo, o gênio de Datas
A memória de um povo é fraca. Hoje, ele ama apaixonadamente um homem, e o segue, onde quer que ele for. Chora suas lágrimas e sorri com o seu sorriso. Ergue para ele um altar em seu coração e o incensa. Muitas vezes, com o tempo, é obrigado a esquecê-lo, porque este ídolo tem os pés de barro. Mas Jairo Azevedo não chegou a ser ídolo — ele foi antes uma alavanca, uma catadupa, e não tem os pés de barro, seus pés são de carne e osso, e muito andaram a fim de promoveer o bem comum e o ressurgimento de sua família no contexto histórico e social, aos olhares admirados de seus pares e companheiros. Aliada ao seu talento, Jairo Azevedo tem uma fé inabalável na Pátria e na necessidade de serví-la. Ela não espera ser servido e acariciado !
Já dizia o velho Dante que o amor é a força eterna que move a vida e que tange os astros, apascentando-os pela infinduras do universo. E a forma mais sublime do Amor, laço indestrutível que une os homens, é decerto a gratidão. A gratidão é como um espelho que Deus colocou em nossos corações para refletir o bem que recebemos e responder com raios de amor aos raios de amor que incidem sobre nós. Jairo Azevedo, é um joalheiro da gratidão !
No galho da árvore, o gênio visionário de Jairo Azevedo, a olhar um João-de-barro, iniciou também sua extraordinária e incomum engenharia, transformando a geografia inóspita da vida de sua família num oásis de benção e surpreendentes realizações. Compreendendo que a sombra inexiste, que ela nada mais é do que ausência de luz, iluminou a sua tenra existência, e sua alma aspirou o perfume das flores matutinas, na primavera da vida. Cedo entendeu que "as palavras são pássaros apressados. É bom ter alçapão à mão", Dele se pode dizer: Veni, vidi, vici (Vim, vi, venci), palavras com as quais Júlio César anunciou ao Senador de Roma sua vitória sobre Farnaces, rei do Ponto.
Os sonhos juvenis, próprios da idade, cederam lugar ao ser adulto, que o transformou em "senhor de si mesmo", e, como tal, precocemente disciplinado. A responsabilidade com seu grupo étnico — aspirações, sonhos— o fez descobrir em si mesmo um número muito grande de potencialidades das quais nem sequer suspeitava. Disciplinado, Jairo Azevedo tomou para si os sentimentos e necessidades de sua família. Determinado, atingiu a dignidade de pessoa e começou a realizar verdadeiramente sua natureza divinal. Viver, sabe ele, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada, reprogramada. Conscientemente executada e ousada.
Da batéia do jovem Arthur Lima de Azevedo, incansavelmente gasta na lida do dia-a-dia, não ficou somente o brilho da lua a enamorar-se de sua corajosa alma. Semíramis, a todos prende o mistério do seu encanto, esposa e mãe, jamais lhe cobrou, ao fim do dia, o ouro ou o diamante nas mãos, auríferas, mas vazias do seu amado. Encantou-a, no fundo da bateia, o olhar enamorado, persistente e corajoso do homem e do esposo. Sabiam eles que, na pequena cidade de Datas, outra ocupação não se oferecia ao chefe da família, responsável pela manutenção de sua numerosa prole. No retorno e no aconchego do lar, Semírames, professora atuante e dedicada, acariciava com unguentos de seu corpo e de sua inabalável fé, as mãos vazisas e cansadas do esposo, vazias de ouro e diamante, mas ásperas da areia e dos seixos.
"O casal humano é como essas barcas que necessitam de que duas pessoas remem juntas, sincronizando os esforços. Se assim não fazem, é impossível avançar". Com as mãos vazias, a família crescendo, e o peito sem pouso, chegam a Curvelo, Diamantina e Belo Horizonte. Em Diamantina, a esperança de diamantes: "De amantes? Soube muitos. Diamantes? Mais nenhum".
Unidos com fé, depositavam no altar de seus corações determinação e coragem e seguiam a estrada da vida, afastando a poeira dos olhos e o suor da face, compreendendo que o real "não está na saída nem na chegada, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
Nessa odisséia, acompanham-lhes seus filhos, quase crianças, mal sabendo que, na viagem da vida, o metal nativo, exaustivamente procurado, encontrava-se entre eles — eram os filhos — pepitas do ouro mais puro, jamais vistas em qualquer garimpo. A ambivalência da bateia vazia não o fez jogar fora, sabiamente, juntamente com a água do banho, o bebê que se banhou.
O mistério da vida do casal, Arthur Lima de Azevedo e Semíramis, e filhos narra a história de aventuras extraordinárias, de altos e sublimes ideais de verdade, justiça, bondade, altruismo, que, triunfantes, passam pelas peneiras teóricas e pedagógicas de Sócrates, porque os seus autores não se intimidaram diante da vida e não se tornaram menores que os seus sonhos – edificaram sobre o nada um monumento metafísico devido à sua própria vontade.
Jairo Siqueira Azevedo, ator principal dessa epopéia, certamente causará embaraços para o "analista histórico" porquanto é difícil permanecer indiferente ao calor despertado por aqueles sentimentos: "a história do mundo não é senão a biografia dos grandes homens".
Roberto Gonçalves
Escritor