Os juízes querem mais dinheiro para educarem seus filhos
Prólogo
COMENTÁRIOS, TAIS QUAIS OS FIZERAM (TEXTUALMENTE), DE ALGUNS LEITORES
“Auxílio educação? Deviam pedir auxílio vergonha na cara! Se um juiz com seu alto salário pensa não poder subsidiar os estudos dos filhos, o que dizer dos milhões de brasileiros que ganham o irrisório salário mínimo e precisam custear moradia, alimentação, transporte, educação etc. etc. etc. para seus filhos. Senhores Magistrados tenham o decoro que o cargo exige, tal solicitação é aviltante e ofende de morte a moral do judiciário!” – (Elisangela Makoski).
“A impressão que se tem é que após perdermos o poder Executivo e o poder Legislativo, agora perdemos o que sobrava do poder Judiciário... Contaminação total.” – (Luciano Miranda).
“É verdade isso que acabei de ler? A presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro... enviou... projeto... auxílio-educação... mensal seria de até R$7.250,00 e para os servidores de até R$3.000,00.". O Tribunal está no caminho inverso da realidade brasileira, o pedido é vexatório. Por que não pedir melhorias nas condições de trabalho, estruturas físicas compatíveis e mais material humano. O que houve de tão grandioso e revolucionário no sistema judiciário carioca para pretenso pedido? Vai haver alguma contrapartida em benefício social? Teremos mais celeridade processual?” – (Elton Rodrigo Pires de Castro).
O PAPEL DE ADVOGADO DO DIABO
Apesar dos supracitados e indignados comentários, com seus autores identificados e transcritos "ipsis litteris", não sou contra a pretensão de alguns magistrados (sei que, entre essa casta há os envergonhados com tal descalabro) mas, essa solicitação é, de fato inoportuna, e, sendo legal é imoral! Todavia, quem não deseja ou quer ganhar mais dinheiro? Hipócritas são os que dizem: “Ganho o suficiente e não desejo mais dinheiro”.
Ocorre que a forma como as excelências reivindicam esse desregrado dinheiro extra, embora conveniente (para os beneficiados), mas, execrável, obnóxio (perigoso para uma confiança inabalável), é incompreensível para a sociedade que luta em busca do simples direito de ir e vir, de uma vida com mais segurança, salário justo, saúde, boas escolas públicas e dignidade social.
UMA OPINIÃO DE QUEM SABE DAS COISAS
Luiz Flávio Gomes escreveu: “Toda proposta que viola a regra da moderação (de Aristóteles) em nada edifica quem aspira deixar um nome respeitado e glorioso. Tendo em vista o que já ganham os juízes, a razoabilidade assim como a imperiosidade da moderação aristotélica, somos pelo NÃO ao citado auxílio-educação.”.
Luiz Flávio Gomes é Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).
CONCLUSÃO
Tenho amigos juízes, residentes em algumas cidades de nosso Brasil, mormente em Brasília, João Pessoa e Campina Grande, que sei estão envergonhados com essa sandice da maioria de seus pares. Eles são alvos de chacotas e entre uma e outra audiência podem até brincar: “Se existe facilidade e descontrole financeiro do poder público... Por que não entrar na farra?”.
O pedido é de fato imoral! Contudo, por terem axiomático saber jurídico, os magistrados estão deixando claro que querem vida iluminada e nababesca para seus filhos (e quem não quer?) mas de forma legal, ainda que imoral para os padrões gerais do povo brasileiro. Os eminentes magistrados estariam se apoiando na Bíblia?
A Bíblia diz:
“Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?”. (Mateus 7:7-9).