FILHOS ÓRFÃOS DE GOIÂNIA CAPÍTULO III (FINAL)

No primeiro capítulo desta série de artigos que relatam os descasos do poder público para com as crianças e adolescentes publicado no dia 1º de março do ano em curso, na página quatro do caderno Opinião Pública deste jornal relatamos sobre o estado de abandono em que se encontram milhares das nossas crianças e adolescentes goianienses. Apresentamos diversos códigos de leis de amparo legal às crianças e aos adolescentes e mesclamos o Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei 8.069, no dia 13 de julho de 1990, documento oficial que substituiu o Código de Menores, de 1927 e podemos perceber que apesar de tudo, grande parte dessa classe juvenil ainda se encontra desamparada pelo poder público. Já no segundo capítulo, publicado oito dias após o primeiro, isto é, 8 de março, coincidentemente, também na página quatro do caderno Opinião Pública do Diário da Manhã mencionamos os novos bairros, construidos nos últimos anos, nas regiões periféricas da metrópole, que abrigam milhares de famílias de baixa renda e para exemplificar tamanho descaso citamos os residencias Jardins do Cerrado & Mundo Novo, bairro da região oeste, criado para ser referência nacional e maior complexo habitacional da América Latina, em Goiânia, e, no entanto, sua população de quase 25 mil moradores pena com a falta de estrutura básica para o cidadão.

Neste capítulo final, completando e encerrando a tríade de matérias voltadas para a situação penosa de milhares de crianças e adolescentes, veremos que tudo o que falamos nos dois primeiros artigos, realmente não foi simplesmente por falar, verdade é que tudo tem fundamento. Aliás, essa falta de compromisso na tangente da proteção às crianças e aos adolescentes que as transformam em vítimas frágeis perante a sociedade não é um desacordo meramente do poder público não! Pais, professores, vizinhos, médicos... Muitos são omissos. Por falar nisso, quem não se lembra daquela matéria “Silêncio conivente”, publicada domingo, 17 de março, neste mesmo jornal, que relata que “medo de represália leva profissionais de saúde a deixar de denunciar casos suspeitos de violência contra crianças” e adolescentes?

A matéria diz que “passados mais de 20 anos da instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil ainda não cumpre integralmente a determinação para que profissionais de saúde notifiquem casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes”. E que “estudos científicos de universidades brasileiras apontam que, em média, seis em cada dez profissionais que identificam violações durante atendimento se omitem e não encaminham a denúncia aos órgãos competentes, contrariando o que está previsto na lei” e temendo represálias posteriores dos agressores.

Em muitas instituições de ensino também acontecem casos semelhantes, onde crianças são alvos de maus-tratos e muitas instituições cerram os olhos para o fato, como se aquilo não fosse algo ruim ou preocupante. Fiquei com muito nojo de um caso em que um aluno estava supostamente sendo usado como brinquedinho para um suposto pedófilo que vagava nas proximidades da escola em que a criança de nove anos estudava e a direção da instituição mesmo a par da situação ignorou o fato, já que a família do garotinho resolveu transferir a suposta vítima para outra escola em outro bairro.

Nas proximidades de onde eu moro nenhum veículo estranho passa despercebido, não estou dizendo que as crianças e adolescentes vizinhos estão isentos de olhares maldosos, mas são instruídos a desconfiar de tudo e de todos. Claro, não as incentivamos a viverem permanentemente enclausuradas pelo medo, mas sim, serem cautelosas e sempre que se julgarem observadas contatem um adulto imediatamente.

Não há desculpas, tampouco temor, crianças, adolescentes e idosos não estão nessas condições para serem agredidos, e sim, protegidos todo o tempo, não importam as circunstâncias, e, se existe uma lei ela deve ser cumprida à risca, senão não há explicação para a sua existência. Temos certeza e esperança que muito em breve o poder público e a sociedade em geral comecem a olhar de um ângulo melhor e passem a serem mais atuantes para que nossas crianças e adolescentes sejam mais lembradas, respeitadas e acolhidas, pois somente assim se tornarão cidadãos dignos e cívicos, conhecedores e praticantes da ética e da moral.

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 13/09/2014
Código do texto: T4961003
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