ARTIGO – Fazendo amigos – 01.09.2014
ARTIGO – Fazendo amigos – 01.09.2014
Há pouco tempo, através do portal do “www.recantodasletras.com.br”, tive oportunidade de conhecer o escritor Edmilton Torres, natural da próspera cidade de Pesqueira, em Pernambuco, conhecida como a terra dos “doces, rendas e bordados”, em face do elevado grau de seu artesanato, que é bem diversificado.
Essa aproximação foi feita em sintonia com outro poeta, o Edilson Biol, oriundo da cidade de Alta Floresta, em Mato Grosso do Sul, uma pessoa de grande astral e de uma versatilidade vasta na arte do cordel, a quem rendo minhas sinceras homenagens. Já imaginaram se não fossem as facilidades das comunicações virtuais como seriam difíceis esses contatos!
Os dois novos amigos são excelentes cordelistas, daí surgiu à ideia de uma parceria, atividade que se renovou outras vezes, isso em vários trabalhos em conjunto, que até obtiveram sucesso entre os leitores, sendo bem provável que voltemos a nos encontrar em novos escritos da modalidade.
A verdade é que o Edmilton, integrante mais recente da Academia Pesqueirense de Letras, cuja posse ocorreu em 19.07.2014, atendendo a convite meu tornou-se meu compadre de Recanto das Letras, com a finalidade de nos comunicarmos mais assiduamente do que ler e comentar qualquer trabalho, ou seja, sem nenhuma obrigação prefixada. Uma das finalidades da INTERNET, como todos sabem, é aproximar as pessoas, e é isso que temos feito ao longo de nossa permanência entre os escritores cadastrados.
Na primeira oportunidade que o Edmilton teve, aproveitando uma viagem ao Recife, ele veio a minha casa e me trouxe de presente um livro que havia adquirido no comércio local, procedimento que conquistou a minha simpatia e me deu a certeza de que se tratava realmente de uma pessoa do bem. Em retribuição, já que não tinha nenhum livro por mim escrito, dei-lhe de presente um exemplar do trabalho excelente do poeta Marcos Aurélio Vieira, das terras de Minas Gerais, um jovem de 44 anos, pessoa de muita sensibilidade artística e cultural, sonetista de primeira qualidade, com mais de 1.200 textos publicados em sua escrivaninha no Recanto das Letras.
Entre as profissões que abracei ao longo da vida, havia deixado recentemente de praticar a pintura em óleo sobre tela, de vez que problemas na minha visão esquerda estavam limitando a minha percepção a propósito do alcance dos pincéis, porquanto muitas vezes os sentia longe da tela, quando, na realidade, estavam ali bem próximos, e isso levava a pinceladas fora do foco do trabalho. Pintar uma tela com uma paisagem da sua cidade natal foi um compromisso que assumi comigo mesmo, a fim de presenteá-lo com muita satisfação, entregando-a pessoalmente, numa visita que seria programada, todavia sem que ele soubesse da surpresa; apelei para o auxílio de uma lupa, e tudo deu certo, o trabalho ficou pronto.
Havíamos combinado a minha ida durante os dias de São João, em junho p. passado, entretanto defeitos no meu carro me impossibilitaram de fazer a viagem, eis que com o calor que está fazendo no nordeste, em face da falta de chuvas, viajar sem o recurso do ar condicionado fica muito doloroso; também andei meio adoentado no período. Além do mais, a tela já estava assinada e já havia o seu dono e o seu endereço conhecidos, portanto nada demais que ficasse para outra oportunidade. E por pouco não foi necessário que a incumbência ficasse com a minha esposa, eis que depois disso fui obrigado a passar onze dias na UTI de um hospital recifense. Nessa altura eu já havia recebido da gráfica os exemplares do “Cordel do Mensalão”, de minha autoria, que passou a ser o motivo da viagem; quanto ao quadro, que era representativo da antiga estação ferroviária, ele nada sabia.
Deus é grande. Então resolvi fazer a viagem assim repentinamente, na sexta-feira passada, 29.08, juntamente com a minha mulher, porquanto se ele fosse avisado certamente que iria querer preparar alguma recepção, como é de costume do povo bom e hospitaleiro nordestino; pé na estrada, sem correria, saímos por volta das 08.00 horas, chegando ao destino bem na hora do almoço; tomamos hotel, almoçamos e ligamos para o Edmilton, que evidentemente ficou surpreso de alegria; passamos – eu, ele, sua mulher, dona Águeda e sua filha Renata -- o restinho da tarde e parte da noite a percorrer os pontos turísticos da cidade, que guarda as suas construções históricas com muito zelo e dedicação. Há prédios, por exemplo, conservadíssimos, inclusive dos áureos tempos da fabricação de doces, que era uma das principais fontes de riquezas do município, empregando mão de obra de milhares de pessoas. Vale notar que o meu amigo chegou a cancelar compromissos outros para nos dar assistência.
Ficamos impressionados com a beleza do Santuário Nossa Senhora das Graças, situado num dos morros mais altos de lá, numa posição que nos possibilitava ter uma visão privilegiada e panorâmica de toda a cidade; oramos, batemos fotos e pudemos desfrutar desses momentos agradáveis; até que o passeio terminou com a visita ao castelo particular que está em fase de conclusão, de propriedade do irmão do meu compadre, senhor Edvonaldo, um empresário de sucesso, que sem ter curso de engenharia, arquitetura, paisagismo e outros, vem levando avante esse desejo que teve desde rapazola de erguer esse que será, sem sombra de dúvidas, um dos melhores pontos de atração turística do nordeste, que nos fez lembrar antigos imperadores romanos, por exemplo, até por que lá estavam bustos muito bem construídos e acabados dessas autoridades antigas. Isso afora os lustres primorosos pendurados nos tetos, além de móveis de alto luxo, importados da Europa e de outros continentes, sendo indescritível para um leigo fazer um retrato escrito do que se viu. Trata-se de um cidadão de inteligência invulgar e de capacidade de trabalho fora do comum.
Castelo particular do irmão do Edmilton
No dia seguinte, sábado, pela manhã, visitamos o Banco do Brasil, cujo prédio conserva sua forma original, fomos ao comércio, ao centro de artesanato, onde pudemos adquirir produtos regionais, inclusive vestuário de “renda” e algumas quinquilharias para os nossos amigos e parentes daqui do Recife, especialmente as crianças; por volta das 11.00 horas retornamos ao hotel e em seguida empreendemos viagem de regresso a nossa capital, a fim de aproveitar o trânsito ainda sem muito movimento.
Resta-nos agradecer a boa acolhida com que fomos distinguidos, assim como ao nosso bom Deus pela viagem tranquila que empreendemos, e por fim a certeza de que voltaremos àquela cidade na primeira oportunidade.
Ansilgus.
Fonte das fotos: Antiga estação ferroviária de Pesqueira, em óleo s/tela, de minha autoria, 70 x 50 cm, presenteada ao nobre amigo. Castelo particular, obtido via INTERNET/GOOGLE;