A CIÊNCIA E AS SUPERSTIÇÕES
Quanto mais a Ciência progride, mais diminuem as superstições e crendices. A meu ver, a maior crendice humana seja sobre o mito de um deus que engravida uma mortal. Praticamente em todas as culturas antigas há essa crença. Interessante que esse deus aparece geralmente em forma de algum animal:
Na Grécia, o povo acreditava que Olímpia, mãe de Alexandre, tinha sido visitada por Zeus, que se transmutou em cobra. Em outro episódio, Zeus apareceu em forma de cisne e possuiu Leda, que chocou dois ovos e lhe nasceram quatro filhos. Naquele tempo, os gregos acreditavam que essas histórias eram reais.
No conto bíblico, o espírito de deus, chamado de espírito santo, tem forma de pomba, e certa noite, visita Maria, uma virgem, e a engravida. Algo parecido aconteceu entre os persas, cerca de seis séculos antes da fábula cristã: Dugdav, moça de quinze anos e ainda virgem, esposa de Pourushaspa, engravidou do deus Auramazda, mas este não veio em forma de animal, mas num raio de luz.
Muitos budistas acreditavam que Maia fora fecundada por um deus em forma de elefante, que penetrou a rainha com a tromba durante um sonho. Hoje em populações ribeirinhas do Amazonas, muitos acreditam que um boto cor de rosa de vez em quando engravida jovens solteiras.
Os antigos também tinham ideias peculiares em vários campos do saber, que hoje nos soam até engraçadas.
No Egito, para curar enxaqueca, um sacerdote esfregava um peixe sobre a cabeça do paciente. Javé (Jeová), um deus criado pelos sacerdotes hebreus, acreditava que morcego era uma ave. Na verdade é um mamífero.
No entanto, há crendices que não são apenas inofensivas e absurdas, mas perigosas e que têm causado sofrimento há milhões de seres humanos.
A pior delas talvez seja a mutilação genital feminina. Castradores cortam o clitóris e às vezes os lábios vaginais de meninas entre quatro e doze anos, com faca, gilete, navalha, geralmente sem anestesia. Muitas morrem ou vão sofrer longos anos com as dores da cirurgia. Os pais acreditam que a castração vai impedir que elas sintam prazer, de forma que não se tornarão prostitutas, como são chamadas as mulheres que mantêm relação sexual antes de casar. No entanto, o prazer sexual não está no físico, mas na mente, e essas meninas continuarão a ter desejo. Mas como vão crescer acreditando que o desejo é pecado, por isso foram castradas, seguirão traumatizadas por toda sua vida, sem poder aproveitar o prazer natural do sexo.
Outro tipo de mutilação genital é a circuncisão de bebês aos oito anos. Mas pode acontecer quando o menino já é mais velho também. Quem segue a tradição acredita que no passado, deus fez um pacto com seus ancestrais.
Homossexuais, que nas culturas antigas raramente sofriam perseguição, começaram a ter problemas com o advento do judaísmo há cerca de três mil anos. Os sacerdotes hebreus alegaram que a proibição ao sexo entre dois homens era uma ordem de deus. Historiadores nos avisam que sempre que os sacerdotes queriam abolir um comportamento indesejado, diziam que deus havia dado a ordem. O motivo real era de ordem prática. Eles temiam que a população de Israel não cresceria se os encontros homossexuais continuassem a ser livres.
Outra crença divulgada a séculos pela Igreja é que ateus não podem ser bons nem felizes. Como disse Dalai Lama, “Crença religiosa não é uma condição prévia para a conduta ética ou para a felicidade.”
Conclusão.
À medida que a pessoa se torna mais culta e esclarecida, a tendência é ficar menos supersticiosa. Espero que num futuro bem próximo, ninguém mais seja julgado pela crença religiosa, pela orientação sexual, por fazer sexo antes de casar, pelo tamanho do cabelo, pelo comprimento da saia, mas pelo caráter, pelas ideias e pelas atitudes.