UMA VERDADE ABSOLUTA
Não há nada mais revelador e comprovador da pequenez, da fragilidade, da impotência e da fraqueza humanas do que a doença e a morte. Ninguém escapa dessas duas realidades. Ninguém escapa desta verdade absoluta: nem o rico, nem o pobre; nem o preto, nem o branco, nem o mulato, nem o caboclo, nem o índio ou indígena; nem o “bonito”, nem o “feio”; nem o sábio, nem o ignorante; nem o inteligente, nem o estúpido, nem o medíocre, nem o homem culto, nem o inculto; nem o corajoso, nem o imprudente, nem o covarde; nem o gordo ou magro; nem o alto ou baixo; ninguém está livre da doença ou da morte. Ninguém é imbatível ou imortal. Todos adoecemos e todos morremos. Isso faz parte da condição humana.
Infelizmente, muitos vivem sem reconhecer a própria fraqueza e a própria mortalidade. Muitos homens e mulheres sentem, pensam, agem e vivem como se fossem superiores a outros homens e a outras mulheres; como se fossem mais importantes do que outros seres humanos. Quem se considera superior a alguém vai, inevitavelmente, considerar-se inferior a outrem. Mas a doença e a morte nos mostram a igualdade entre todos os seres humanos, apesar das nossas diferenças individuais; frágeis diferenças. Se nada na vida nos igualar, a doença e a morte nos igualarão.
Somos tão fracos, impotentes e ignorantes que não sabemos nem o dia, nem a hora em que partiremos deste mundo, em que virá a nossa morte. Somos feitos de barro: a qualquer momento poderemos nos quebrar.
Não sou pessimista, nem desesperado. Olho e vejo a vida sem disfarces, sem colocar máscaras, sem criar ilusões. Todo pensador tem a obrigação de ser um intérprete fiel da vida. É isso o que estou fazendo. É isso o que faço. É isso o que farei.
Somos os únicos seres capazes de exercer o pensamento; somos os mais inteligentes e, ao mesmo tempo, os mais estúpidos que existem na face da Terra. Somos os únicos seres capazes de destruir a vida na Terra em apenas um dia. Criamos armas capazes de destruir todas as nações. Nenhum outro animal, além do homem e da mulher, tem o poder de destruir este planeta. Só os “humanos” podem fazer isso. Somos da mesma espécie; temos todos o mesmo destino: iremos ficar debaixo da terra; iremos todos apodrecer, mas vivemos como se fôssemos imortais; vivemos nos considerando superiores ou inferiores a outros da mesma espécie. Somos os mais orgulhosos deste planeta. Na verdade, somente os “humanos” podem ser orgulhosos. Será que somos realmente humanos? Onde está a nossa tão apregoada humanidade?
Desde a infância, muitos são ensinados a supervalorizar alguns e menosprezar outros seres humanos. Desde a infância muitos aprendem a ser preconceituosos, a idolatrar os ricos, a invejá-los, como se eles fossem o parâmetro segundo o qual devemos nos orientar. O indivíduo pode ser o mais estúpido de uma cidade, mas, se ele for rico, ele será considerado doutor.
Certa vez, conversando com um homem simples do povo, ele me disse: “Eu prefiro um matuto com dinheiro no bolso do que (sic) um doutor roceiro”. Neste caso específico, aquele cidadão usou a palavra “doutor” para significar um homem instruído. Veja o preconceito! O dinheiro tomou conta da mentalidade das pessoas. O conhecimento não tem a mínima importância. Na sociedade em que vivemos, o dinheiro é muito mais importante do que o conhecimento e do que as próprias pessoas. As pessoas são valorizadas conforme a quantia de dinheiro que elas possuem, não importa o caráter.
Para que serve mesmo o bom caráter de um homem? Esse mesmo senhor ainda me incentivava a deixar de ser professor. Segundo ele, ser professor não é algo importante. Veja o valor que tem um professor! E esse senhor é um dos melhores homens da cidade. Imagine os piores!
Infelizmente, muitos indivíduos permanecem estúpidos, imbecis e arrogantes. Ainda não acordaram da mania de grandeza, das ilusões; ainda não saíram “do mundo das aparências”, como acertadamente teorizou o filósofo grego Platão. Muitos indivíduos não sabem que seus planos e/ou projetos talvez não sejam realizados.
Será que eu sou mais um estúpido, mais um imbecil ou mais um arrogante neste mundo? Será que eu, também, disfarço a minha mania de grandeza? Peço a Deus que me dê muitos anos de vida com saúde, inteligência e sabedoria. Somente com saúde, inteligência e sabedoria é que eu poderei desfrutar verdadeiramente desta breve e surpreendente vida. Para isso, eu preciso, inevitavelmente, do amor. Este é o caminho e o ingrediente essencial para uma vida verdadeiramente saudável e feliz.
Enfim, se nada mais nesta vida consegue mostrar que somos todos iguais, apesar das nossas frágeis diferenças individuais, a doença e morte nos igualam.