Linchamentos – Justiça com as próprias mãos
Prólogo
A questão da violência está levando os cidadãos comuns a um limite perigoso. Assaltos e arrombamentos estão se repetindo por todos os cantos do país sem que os autores sejam, pelo menos, incomodados pela lei. Adolescentes, mulheres e idosos são assaltados, assassinados e vilipendiados e a sociedade clama pelo mínimo de segurança sem lograr resultados positivos. Ninguém está mais a salvo em lugar nenhum!
EM 1990 CAETANO VELOSO CANTOU
"A mais triste nação, na época mais podre, compõe-se de possíveis grupos de linchadores". Esta frase é um verso de Caetano Veloso, que, em 1990, indignado com uma onda de linchamentos no Brasil ainda subdesenvolvido, escreveu a canção "O cu do mundo".
Recorrendo ao fato linguístico de que a palavra “cu” pode ser classificada como adjetivo ou substantivo comum, Veloso cantou que o Brasil, "cu do mundo" (periferia das potências e dos centros de decisão da política internacional), seria, pela frequência com que linchamentos acontecem por aqui, um “cu” (no pior sentido desse adjetivo esdrúxulo, sujo, fedido, péssimo, insuportável por ser considerado um palavrão).
EM 2014 OS LINCHAMENTOS CONTINUAM
O exercício arbitrário das próprias razões é o ato de fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão, embora legítima, desprezando a respectiva administração de que são encarregados os seus órgãos jurisdicionais. Exemplo: Linchamento (Assassínio de um criminoso pela multidão).
No Brasil, não é permitida a autotutela, ou seja, se a pessoa sente ameaçada em seus direitos ela não pode resolver da forma que acha correta (por exemplo, agindo com vingança). Se a pessoa se sente ameaçada, ou tem um direito violado, ela deve buscar o Poder Judiciário, para que, através da justiça, seus direitos sejam resguardados.
CONCLUSÃO
Linchar ou assassinar um bandido para defender bens materiais não é uma condição que agrada a quem deseja viver em paz. Matar é marcar para sempre a própria vida. Ora, pessoas de bem ficam tumultuadas até quando recebem uma cobrança indevida de uma taxa de serviço público (água, luz, gás, telefone etc.) de péssima qualidade e não realizado.
Diante do estrangulamento da Justiça e das polícias, surge a perigosa figura dos “vigilantes”, facínoras, profanos travestidos de sagrados guerreiros. Gente que toma a justiça pelas próprias mãos.
Nós (Sociedade), ainda, não chegamos a uma situação semelhante. Mas, por termos perdido o sagrado direito de ir e vir, de nos reunirmos em restaurantes, clubes, bares e afins; de nos defendermos e as nossas famílias... Pelo dificultoso porte de arma de fogo (Vide a malfadada Lei do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), estamos, às escondidas, à espreita e envergonhados, no silêncio cúmplice, a caminho da aceitação e banalização do também reprovável fazer justiça com as próprias mãos.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Noticiosos de uma forma geral; imprensa falada, escrita e televisada.
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstâncias e imparciais.