Futebol e patriotismo

Vivemos um período de intenso “patriotismo” entre 12 de Junho e 08 de julho de 2014. Para cada canto que se olhava, tremulavam bandeiras ou simples trapos com as cores do país e pessoas diziam de peito cheio "Tenho orgulho de ser brasileiro". Sim, a Copa do Mundo fez todos patriotas.

Mas, calma: Patriotismo e torcedor futebol são sinônimos? De acordo com o dicionário Michaelis, não. Ser patriota é amar a pátria e procurar servi-la. O verdadeiro patriota é aquele professor que acorda cedo para dar aula em colégios públicos superlotados, o voluntário que doa horas do seu dia para cuidar de um problema social que os governantes deveriam resolver, o estudante que se dedica a construir um futuro melhor.

Todos esses patriotas podem torcer pela seleção do país. Futebol é cultura e diversão. O grande problema quando alguém vive num país como o nosso e acredita que tudo está bem, tendo no futebol o único motivo para se orgulhar. O problema é sentir vergonha do país apenas porque a seleção foi derrotada e não se envergonhar do analfabetismo funcional, da fome, da impunidade, dos hospitais lotados, da destruição ambiental. O problema é não se envergonhar pelos que vaiaram o Hino Nacional do Chile, mostrando ao mundo a falta de educação e civismo da nossa torcida.

No esporte, ora se perde, ora se ganha e isso é motivo para queimar bandeiras ou vaiar o oponente, tampouco é motivo para se envergonhar pelo seu país.

Se ser um torcedor mimado, mal educado e mau perdedor é ser patriota, desejo ao Brasil menos patriotas e mais cidadãos sensatos, estudiosos , trabalhadores e orgulhosos do país imenso e diverso que ainda tem muito caminho pela frente para evoluir e crescer.

Bob Regina
Enviado por Bob Regina em 09/07/2014
Reeditado em 15/11/2024
Código do texto: T4874959
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