GREVE DE POLÍCIA NA BAHIA

Minha timeline tem se dividido em três setores. Aqueles que acusam Prisco e Capitão Tadeu pela greve. Aqueles que culpam Jaques Wagner. E aqueles que não apoiam a greve em virtude das repressões das Jornadas de Junho.

Acho uma inocência imensa crer que Prisco comanda o destino de um contingente de quase 30 mil trabalhadores (sim, policiais são trabalhadores, em minha concepção). As condições de trabalho são absurdas para estes pais e mães de família. Como disse em 2012, tenho muitos amigos policiais e apoio suas reivindicações, assim como me preocupo com suas vidas diariamente. Por outro lado, é igual inocência crer que não há objetivos políticos do PSDB e PSB neste processo. Há sim uma chantagem eleitoral que, oportunamente, se utiliza do movimento grevista. O desgaste da imagem do governador (mais?) é essencial neste período pré-eleitoral.

Outro setor, contudo, coloca a culpa exclusivamente sobre Prisco, tentando blindar o máximo possível Wagner da responsabilidade pela falta de diálogo que se reproduz também com professores e técnicos das UE's. O governo do PT tem sua cota de responsabilidade, e ela não pode ser esquecida.

Quanto ao terceiro setor, é inevitável observar como se esquece a verdadeira natureza da instituição PM e sua relação com o Estado. A PM é composta de homens e mulheres que obedecem ordens deste mesmo Estado, mas que nem por isso deixam de ser trabalhadores. Dividir a população e as forças armadas/polícias, fazer com que não se reconheçam um no outro é uma tática antiga das classes dominantes. O debate não deveria ser de apoio ou não à greve. É necessário um debate aprofundado sobre a própria concepção de Polícia, de política de segurança pública e, inevitavelmente, de Estado. É preciso aprofundar o debate sobre a desmilitarização, a democracia na instituição e o controle direto da Polícia por parte da população.

Por fim, acho perigosíssimo quando a PM diz que "o governo desafia os militares e eles aceitam o desafio". Já ouvimos esse tipo de argumento antes. O resultado do confronto foi a destruição do Estado Democrático de Direito