QUANDO A CARRUAGEM VIRA ABÓBORA

OPINIÃO

Paralelamente à nossa euforia frente à Copa do mundo, a vida continua, bem lá fora da fantasia, aliás, numa realidade algo surreal mesmo.

As reportagens e os cenários são preocupantes.

Dia desses, dando uma passeadinha por um local de comércio , fiquei impressionada com alguns movimentos dos lojistas.

Somando-se ao fato de que o inverno anda quente por aqui, e talvez ao desvio das atenções das compras para os jogos da Copa (vale lembrar que os homens , ao menos, têm "superbond" entre o bumbum e o sofá nos dias de jogos !) , vemos nitidamente que o movimento do comércio e suas vendas...despencaram por aqui.

Isso sem contar que entramos no mês de férias, onde as vendas caem naturalmente.

Liquidações perenes acontecem, todavia dessa vez é para valer mesmo, embora a cultura de preços altos ainda nos pareça que liquidações são fantasiosas.

Mas não são.Os comerciantes precisam vender.

Até os supermercados estão desaquecidos e desabastecidos.

Pessoas compram o estritamente necessário. Supérfluos ou desaparecem ou despencam no preço...que ainda continua alto.

O que realmente vende são as bugigangas referentes aos ornamentos da Copa e os vendedores tentam tirar o melhor lucro possível do seu trabalho. Mais que justo. Trabalhador tem o direito ao seu ganho. Trabalhador.

Temo pelo clima de final de festa e do jeito que estamos no campo e nos campos...temo mais ainda.

Temo por aquela hora em que os portões dos salões se fecham, as luzes se apagam, os convidados vão embora, o tempo passa, ninguém mais se lembra do "glamour" , alguns mais críticos acham defeito nas perfeições...e a gente fica com as contas para pagar.E que conta, hein?

Dizem que o mundo se encanta com a nossa atual festa. "É uma festa com a festa", ao menos em certas mídias bem animadas.

É verdade, somos " chique no úrtimo", mesmo. Até nas "úrtimas" consequências...não sofro do complexo de Nelson Rodrigues...sinto que somos o máximo nas festanças, mesmo.

Porque uma coisa é certa: Milionários, ricos, pobres ou paupérrimos (ops desculpem meu ato falho, já erradicamos a miséria!), enquanto país, é certo que ao menos ricos e remediados somos um só: a cara da festa farta!

Na hora da euforia ninguém nem liga para os detalhes dos entornos...aqueles que farão a diferença quando a vida voltar à realidade.

Quem vai querer ser o chato da festa, não é mesmo?

Eu é que não quero! Torço em todos os jogos para todos os países!

Torço pela arte do futebol.

Mas torço para que a taça seja nossa. Até pode acontecer...se já somos penta...é só mais um pulinho rumo à geometria do hexágono.

Posso confessá-lo? Aqui já não é nem torcida ...é desespero mesmo.

É que toda dor dói mais quando passam as anestesias.

Isso sem contar quando a dor nem cede porque o anestésico deixou a desejar...

Sorria Brasil.

Porque lá fora, pelo que consta nos jornais do mundo, já estamos sendo futebolisticamente filmados nos campos das bolas que fogem das redes.

E haja psicólogos para esse nosso mundão de cá, os que realmente dariam conta dessa nossa tamanha ansiedade!

Nossos jogadores não estão sozinhos...nesse medo coletivo.

Melhor mesmo é ser "autista social" e criar um nosso mundo imaginário...na mais linda fantasia que nos for possível e torcer para que nenhum psicólogo nos traga de volta à realidade.

Ainda que corramos o risco de desvesti-la às duras penas...sob risco de ouvir um: "ó coitados!"