Manaus, Amazonas‏

Cetá lanécoéma opai-n!!

Muito bom dia à todos (as)!!

Saudações amazonenses e manauaras!

Este que vos escreve está em Manaus, Amazonas, numa confortável temperatura de 40 graus durante o dia e uns 35 durante a noite -já que estamos na "época das chuvas" (como se diz por aqui -e como chove...). É uma cidade de trânsito caótico durante todo o dia e simplesmente surreal nos horários de pico. Mas, o interessante, é o respeito que os motoristas teem com os pedestres. Fora ou dentro da faixa de segurança eles param, nos deixam passar -eu não vi isso nem em Brasília, onde se sinaliza com a mão, mas corre-se o risco de ficar sem ela. Fora isso, só em países europeus! Ademais, até com os animais os motoristas daqui têm respeito...diminuem a velocidade, até param seus veículos para cães e gatos -entre outros- passarem. Na Rua Ramos Ferreira com Joaquim Nabuco, em pleno semáforo, uma fila de carros ficou parada até que se retirasse um filhotinho de gato do asfalto -isso eu vi, fui testemunha, pois fui eu quem retirou o gato do local!

O Amazonas é um lugar onde ainda se encontra gente humilde e trabalhadora. Seja nos barzinhos -como o Bar e Lanchonete "Zero Hora", que é o último que fecha e o 1º que abre. Aliás, não sei quanto tempo ele existe, mas seu dono, conhecido como Araújo, mais seu irmão João e sobrinhos Mike e Frank, zelam pelo excelente atendimento local.

Ali se reúnem latinos e brasileiros, professores universitários, militares, poliglotas, empresários...enfim, a nata dos intelectuais, dos pé-rapados, pinguços, prostitutas...mas sem que com isso haja roubos, furtos ou confusões. Todos bebem civilizadamente -e como bebem, putz!! Tomando sua cerveja e/ou sua cachaça, mas sempre conversando em português, espanhol e/ou inglês, com a desenvoltura dos nativos estrangeiros. Um lugar onde até os desprovidos de um teto falam muito bem esses idiomas. Alguns são venezuelanos refugiados, outros bolivianos, chilenos...fugindo da fome e/ou da miséria que está em respectivos países. Tentando sobreviver de alguma forma num país diferente em tudo.

O estigma de que, aqui, só há índios e mato não condiz com a realidade apresentada. São pessoas amáveis, receptivas, caridosas e educadas -mais do que em muitos lugares.

Houve um caso, relatado num jornal local -A Crítica-, onde uma paulista esbravejava em cima de um pobre e assustado garçom do MacDonald, chamava os amazonenses de comedores de peixe e descascadores de Tucumã (uma fruta local, rica em ferro e betacaroteno). Isso, porque aquele profissional teve a audácia de demorar em trazer o pedido daquela moça tão educada. Detalhe: A casa estava lotada.

Não cito isso por ter sido uma paulistana, poderia ter sido de qualquer estado, mas um manauara não agiria assim. Simplesmente suspenderia o pedido e se retiraria. Isso se chegasse a entrar e sentar-se já que a casa estava cheia.

O Amazonas é uma terra mística, com suas lendas urbanas, e indígena sobre Mapingurís e Caaporas (Caíporas)...terra de muitos escritores, de gente de bem...bandidagem, assassinatos, furtos, roubos, corrupção, a política do "rouba, mas faz", e as famosas panelinhas de oração agradecendo pela propina nossa de cada dia tem em todo lugar, até onde não deveria. Então, não surpreende!

O Amazonas é um lugar onde até os sem-teto mais preguiçosos teem o que comer, pois a caridade é praxe entre os amazonenses. Eles não negam um prato de comida a ninguém. Outros, saem pelas madrugadas alimentando os diversos desvalidos com sopa e pão, macarrão com salsicha, sanduíches de presunto e queijo, coxinhas...tudo devidamente acompanhados de água, café com leite ou refrigerante. Tudo afim de minimizar sua fome e sua sede, de mitigar essa incoerência social. São particulares, evangélicos, católicos, franciscanos, espíritas...todos imbuídos de um mesmo objetivo: "Dar à quem precisa".

Trabalho? Todos ganham seu dinheirinho vendendo alguma coisa ou fazendo alguma coisa. Desde de carregar e descarregar sacolas e outros materiais de barcos e caminhões, até fazer um pagamento num banco, um jogo na loteria...ou vendendo água (E vende. Porque aqui é quente até no frio!), peixe, açaí (fruto com 99% de ferro absoluto)...alimentos, serviços, informações...é um povo trabalhador, acolhedor e humilde.

Têm, é claro, como toda grande capital, seus desperdícios: Aqui são 5 toneladas de pescado toda semana -jogados fora. Infelizmente, não lembram que os rios secam e os peixes fogem.

Mas, são muitos rios, milhões de toneladas de peixes. E ainda respeitam a Piracema (época em que fica proibida toda e qualquer tipo de pesca, pois é a época da desova.

Um belo lugar turístico, com belas praças, casarões antigos, museus...um lugar onde, ainda, vale à pena viver!

Conselheiro de Ogum
Enviado por Conselheiro de Ogum em 05/06/2014
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