A BUSCA DO RECONHECIMENTO

Muitos desejam, ardentemente, ser reconhecidos por aquilo que fazem; outros não têm esse desejo. Quem está certo? Quem está errado? Por que alguns não ligam para a fama? Não sei. Por que determinadas pessoas buscam o aplauso? Por causa do vazio interior, da falta de profundidade. Você pode pensar diferente de mim. É direito seu.

Há pouco tempo, eu estava lendo isto: “... Eu fiz mais de 40 filmes, dirigi vários filmes dos Trapalhões, e fomos líderes de bilheteria sei lá, várias vezes. Estou triste de nunca terem me convidado para ir num festival. Tem festival pelo Brasil inteiro. Festival que acho muito importante, como o de Gramado. Eu não quero prêmio, eu não quero ganhar nada, eu queria ir como convidado. Sinto que só vão me homenagear quando eu morrer. O Vídeo Show começou a fazer uma calçada da fama, em que o artista bota a mão no cimento, e nunca me convidaram. Nem o Faustão. Ele deve estar esperando eu morrer para fazer homenagem. Eu me sinto deixado de lado”. (Humorista Dedé Santana. Fonte: http://entretenimento.br.msn.com/famosos/giro-famosidades-798#image=17)

Não quero dizer que esse humorista está (ou esteja) errado. Os artistas buscam reconhecimento do público e da mídia. Não obstante, devemos reconhecer o fato de que é triste ficar esperando pelo reconhecimento. Depender dos outros para se sentir bem não é uma atitude madura. O homem só amadurece quando chega ao ponto de não mais depender do aplauso. Mas os artistas buscam o aplauso. Precisam do aplauso. Vivem do aplauso. Vivem do reconhecimento do público.

Para não depender do aplauso é preciso deixar de atuar como artista. Há uma atriz cujos trabalhos e talento eu admiro muito. Além disso, ela é uma bela mulher. Não sei por que ela deixou a televisão; fiquei sabendo de pouca coisa. Não foi por incompetência. Houve alguém muito grande na Globo que ficou muito zangado com a saída dessa atriz. Ela já havia começado a gravar as cenas da novela Insensato Coração, na qual ela teria o papel de protagonista. Não satisfeita, abandonou o trabalho. Estou falando de Ana Paula Arósio.

Poderíamos supor várias razões para esse abandono. Mas não quero fazer suposições. Citei esse caso apenas para levar a reflexão ao ponto que eu desejo. A televisão deixa a pessoa dependente do aplauso. A televisão, muitas vezes, é fútil, vazia, superficial. Sair da televisão é mostrar atitude nobre. É possível ser nobre também nesse meio de comunicação. Há muitas pessoas decentes em tal meio, assim como há o contrário. A nobreza não está em permanecer ou não na televisão. A nobreza está na atitude da pessoa.

É triste ficar dependendo da aprovação dos outros. É triste depender dos outros para se sentir bem. Eu, por exemplo, poderia já ter escrito alguns livros. Conteúdo para isso eu tenho. O que já tenho escrito é suficiente para a publicação de, no mínimo, 3 livros (com 200 páginas cada um). Ainda não fiz isso não por falta de condições financeiras. O custo não é alto. Sei que tenho muita coisa boa. Ainda não publiquei porque tal fato não é minha prioridade. Poderei publicar ou não. Publico muito pouco na internet de tudo o que eu escrevo. Portanto, as pessoas conhecem muito pouco da minha escrita.

O meu bem-estar não depende da aprovação de ninguém. É muito bom ser reconhecido por aquilo que faço. Fico muito grato a quem curte ou comenta os meus textos, as minhas obras. Recebo isso como manifestação de apoio, de carinho, de amizade. Se alguém, porém, não reconhecer o que eu faço, eu não ficarei triste. Eu já estou acostumado com aplauso, elogio, crítica e desprezo desde a minha infância. Nada disso me é novo. Não devemos esperar que os outros nos aplaudam para nos sentirmos bem.

Isso é hipocrisia? Não! Jesus Cristo nunca escreveu nada. Ah, escreveu: quando lhe apresentaram uma mulher pega em adultério. Ele escreveu no chão. Foi a única coisa que ele escreveu. Jesus fugia dos aplausos. Sócrates nunca escreveu nada. Os filósofos cínicos evitavam as conveniências sociais. Os estoicos e epicuristas se afastaram da vida social. São exemplos de pessoas que evitaram a fama. Obs.: A palavra “cínico” tinha significado diferente do que conhecemos nos dias atuais.

Para não ficar nenhum mal-entendido: sinto um prazer imenso em ser reconhecido pelas pessoas. Isso é muito bom! Mas eu me preparo para o possível não reconhecimento. Devemos estar preparados para tudo, menos para praticar o mal. A psicologia nos ensina a não ficar dependentes dos outros para o nosso bem-estar, ainda que ninguém viva ou deva viver isolado. Somos seres sociais. Entretanto, devemos nos preparar para nos sentir bem independentemente do aplauso ou não.

A sociedade em que vivemos vive aplaudindo o vulgar, o irrisório, o insignificante, o fútil, o transitório. Bobagens estão sendo curtidas no Facebook. O que é bom, muitas vezes, não recebe o apoio que merece receber. Não devemos ficar tristes por isso. Devemos lamentar pela sociedade vazia e fútil em que vivemos.

O mais importante é realizar bem o nosso trabalho. É viver com dignidade. O restante virá como acréscimo.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 01/06/2014
Reeditado em 01/06/2014
Código do texto: T4828640
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