AOS "VIPs" E AOS "GAPs"
USANDO DO MEU DIREITO DE OPINAR E ROGAR:
Quem mora na cidade de São Paulo- aqui escrevo também na qualidade de cidadã munícipe, filha autóctone da cidade-já não tem mais dúvidas de que o caos social se instalou por aqui de maneira perene.
Nossa situação é DRAMÁTICA.
Esse foi o melhor adjetivo que encontrei para expressar nossa condição de moradores da cidade, pessoas de todas as classes socias , todos cidadãos assustados e desassistidos nos nossos direitos fudamentalmente constitucionais.
Quando paro para analisar o possível e complexo mecanismo que ao longo do tempo nos fez chegar ao nosso "status social" atual, esse que todos os dias enxergamos com a crescente perplexidade dos nossos olhos ,apenas vivendo, ou vendo e revendo as tristes imagens que nos chegam pelas mídias, sinceramente, acredito que sequer o melhor técnico do mundo em gestão de cidades saberia explicar ou reverter a situação desumana que se instalou por aqui.
Dentre todos os problemas socias graves que enfrentamos , decerto que a falta de moradias e a ocupação desordenada dos solos, inclusive nos de interesse público, chegou a níveis insustentáveis de sofrimento humano, e hoje nos pontua como um dos problemas mais sérios a serem enfrentado e resolvido pelos gestores, se é que tal tem solução.
Todos torcemos por resoluções pacíficas e que comtemplem o direto de todos os cidadãos.
Todavia, o que me move na minha escrita de hoje foi a imagem da reintegração de posse dum terreno que consta ser da CDHU ocorrida no dia de ontem.
As imagens de ABANDONO SOCIAL são dramáticas, redundo na adjetivação do meu sentimento indignado.
Obviamente que existe um complexo mecanismo de condições jurídicas que ampararam a desocupação, não é esse o mérito do meu artigo, claro que há a necessidade do cumprimento de leis que amparam a propriedade de todos e que não permitiriam aquela situação ali permanecer, todavia, a pergunta básica de qualquer cidadão seria: por que, através de fiscalizações obrigatórias por parte do poder público, principalmente sobre terrenos de utilidade pública pertencentes ao próprio povo, não impedimos que situações como essas se instalem?
Por que precisamos assistir a tristeza que vimos ontem pelas telas das mídias, quando o próprio Estado, já esgotado nas negociações e soluções pacíficas, usa da sua força para colocar lares abaixo sobre os olhares desesperados das crianças que ali viviam?
Se estamos numa era em que a violência social impera entre paulistanos e extensivamente ao Pais todo, eu pergunto do ponto de vista técnico e científico no que tange às possíveis respostas das ciências humanas: o que uma sociedade pode esperar de crianças que, já na fase tenra da existência, são literalmente despejadas da vida por uma retroescavadeira?
Que cidadãos estamos formando?
Que sociedade pretendemos?
Quem dará suporte às pessoas que vivem tantos dramas sociais?
Quem dará seguimento às vidas das crianças tão agredidas mentalmente, já que todos nós como ESTADO DEMOCRÁTICO, governantes e governados, somos responsáveis pelo futuro dum país chamado BRASIL?
De que forma essas cenas de expoliação social reverterão para a nossa sociedade?
Será que plantamos violência?
Bem, os que leram meu texto devem estar se perguntando o porquê do meu título " AOS VIPs E AOS GAPs".
Relato aos leitores que foram duas camisetas "surradas" que enxerguei na tela da reportagem, com as tais inscrições VIP e GAP , usadas por dois personagens perdidos em meio ao desespero daquela tragédia de ontem, dentre tantas iguais que já assistimos por aqui, que inspiraram o meu artigo.
Devo o meu texto TAMBÉM às camisetas que sofreram a tragédia.
E explico que é aos nossos VIPs , do velho e suntuoso inglês "very important persons", aos tantos do nosso país de hoje, aos "donos de todas as bolas", aos que possuem o legítimo poder para tentar transformar nossa situação social caótica, é a quem eu ofereço o meu solitário artigo de hoje, numa conversa íntima com o sentimento choroso das minhas letras.
Eu o ofereço de coração cidadão partido pelas cenas vividas pelas pessoas que tentavam salvar seus pertences, fruto do seu trabalho duro, e principalmente pelas crianças de ontem, o futuro incerto do nosso amanhã, na esperança de que os nossos inúmeros e graves GAPs sociais sejam preenchidos,( buracos, lacunas, rombos, vãos em vão, da tradução do velho inglês que tentam ensinar por aqui a toque da Copa!), sendo que portanto, no meu presente artigo, meu "GAP" está longe de significar uma grife americana de luxo, dessas usadas pelos tantos VIPs das horas inconscientes, grifes que quando descartadadas pelo desuso no lixo reciclável dos "very important persons" passam a chocantemente fazer parte do cenário dos sonhos inatingíveis e das mazelas perenes, o dos palcos das nossas chocantes tragédias sociais que, a meu mero sentimento, ninguém mais conserta.
À todos e em especial àquelas crianças que viram a vida ruir sob seus olhos assustados, meus sinceros- e os mais profundos!- sentimentos.
Nós, parte da sociedade ainda comprometida com o todo, decerto que sentimos muito pelo destino tão triste daqueles que, apesar de tudo, ainda tentam exisitir!