Conquistas

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Com a disseminação das diversas redes sociais virtuais no Brasil, sem dúvida geramos uma rede de comunicação de ampla dimensão (velocidade e penetração).

Não podemos negar sua utilidade num momento de solidariedade em busca de algum recurso para alguma família atingida por uma necessidade de um órgão para transplante ou para obter material para restaurar o telhado de sua moradia atingida por forte ventania.

Nem para divulgar algum evento cultural que acontecerá dentro de 2 meses e de reconhecida qualidade artística. Que o digam as filas criadas uma semana antes do evento.

Apesar desta conexão ampla e desburocratizada com grande poder para obter opiniões e observar tendências locais e globais, ainda não podemos afirmar que seu uso nos permitirá grandes “transformações” em busca da qualidade de vida que nosso povo merece.

Esta qualidade desejada passa por comportamento cívico sustentado pela vigilância constante sobre dezenas de fatores humanos muito alardeados mas pouco praticados, tais como: patriotismo, ética, coerência, vontade, tenacidade, sinceridade, preconceito, etc.

Para resumir, vamos comparar duas situações cotidianas levando em consideração apenas a presença de participantes em dois tipos de eventos hipotéticos.

- Quantidade de pessoas presentes no aeroporto num dia de trabalho (com alta dificuldade de locomoção para chegar ao local) para receber uma seleção esportiva que obteve um título mundial na modalidade disputada fora do país: 12.500 pessoas balançando a bandeira nacional e solicitando autógrafo até dos atletas que ficaram na reserva. Fora as outras 72.000 que se postarão ao longo do trajeto do carro de bombeiros.

- Quantidade de pessoas presentes num domingo de Sol ameno numa praia ou grande praça urbana para exigir que o governante de seu município cumpra um ato prometido no ano anterior e pelo qual já recebeu todos os impostos: 180 patriotas desiludidos. Se a “marcha” for em prol da preservação da vida de alguma categoria massacrada em escala acima da tolerável, este número pode subir para 210.

Conclusão: apesar de toda facilidade que a informática nos oferece para criarmos núcleos de ação em busca de um bem comum, não existe engajamento adequado para criarmos um ponto de pressão sobre os pilantras que desfilam impunemente nos subterrâneos do podre poder.

Construir abaixo-assinado pela web com 3.000.000 milhões de adesões de “indignados acomodados” não perturba os pilantras. Assim que o “documento” chega às mãos de suas secretárias, são devidamente engavetados nos arquivos empoeirados (nem chegam a digitalizar) e não visíveis ao grande público.

Situação que seria bem diferente se durante um mês fosse possível manter 50.000 pessoas (em revezamento) na porta das residências dos gatunos que manipulam os textos das leis em benefício próprio.

Mas aprender exigir seus direitos vai além das receitas virtuais estampadas nas telas de LCD. Ultrapassa a comunidade de amigos leais engajados. Nasce no seio de cada família que possa ter orgulho das conquistas de nossos antepassados.

Que nada conquistaram PARA nós. Apenas nos conquistaram para servi-los.

Haroldo P. Barboza - Vila Isabel / RJ