Os Europeus se acham?
O mundo assistiu ao gesto de racismo quando um torcedor espanhol jogou no campo ao lado de Daniel Alves (do Brasil) uma banana, como se este, ávido por degustar a comida predileta dos primatas pudesse de imediato esquecer a sua função como jogador; para assumir um perfil de origem irracional. Ele, com gesto banal e desdenhando a atitude pegou a fruta e a comeu.
Depois desse gesto o mundo viu a reação das pessoas. As redes sociais se encarregaram de dar contornos críticos ao gesto, afinal, em pleno século XXI não se admite mais distinção de raças.
São os brasileiros espalhados por toda a Europa que fazem do futebol (desse primeiro mundo) o mais idolatrado. Se nossos jogadores fizessem uma greve geral, com cada jogador se recusando a entrar em campo eles teriam um espetáculo pífio e sem emoção.
Nesta semana vimos uma reportagem indigesta coletada de um jornal francês que não vou dizer o nome para não abrir um leque de oportunidades levianas que não levam a nada. Dito periódico colocava o Brasil e seu povo como um covil de lobos amedrontando os estrangeiros que quiserem nos visitar durante a Copa do Mundo.
É certo que boa parte das críticas nós devemos assimilar e são até difíceis de ser contestadas porque são frutos de uma ingerência política sem precedentes. De fato, não era o melhor momento para se trazer um evento de nível mundial para nossa Terra Tupiniquim, para não se escancararem as nossas imperfeições que se somadas são incontáveis.
Entretanto, não se pode esquecer que o Brasil é um país de uma imensa população e as massas não podem ser equiparadas a um chiqueiro onde ficam os porcos.
Aqui há muita gente boa. De um universo considerável de nossa população pode-se extrair gestos de bondade e de esperança. São verdadeiros guerreiros que enfrentam as trincheiras da exclusão e do descaso. Por isso, soa muito pesado para um jornalista francês, que vive em um mundo completamente adverso e cheio de beneplácitos culturais, ingressar nas vias perversas do poder para tecer arrematadas e desvairadas críticas ao Brasil como Nação.
Nosso povo não tem culpa de viver num país onde impera as regalias e a corrupção. Nossa população não tem culpa de não ter há mais de 20 anos uma escola básica que possa lhe fornecer dados mais amplos sobre os porões do poder. A maioria quase absoluta virou ‘massa de manobra’ dos sistemas eleitoreiros. A maioria das pessoas não têm ideia dos conchavos e das imperfeições que campeiam nossas instituições.
Assim, essa matéria desairosa sobre nossa Nação deveria pelo menos respeitar as pessoas que não escolheram viver no Brasil, mas que por contingência Suprema aqui foram deixadas como indigentes para um período de expiação, uma vez que é do sacrifício que nascem as almas mais iluminadas.
Nesse contexto de pessoas que são colocadas no mundo para enfrentar a subsistência e o fazem com a força do trabalho e do sacrifício, fica quase que indelével o contingente daqueles que assaltam e que roubam porque é a casta podre que existe em qualquer parte do mundo. É o mundo político que vem sistematizado pelas forças econômicas e que corrói os bons princípios em nome do vil metal. A esses é que se deve imputar todas as mazelas e todos os desmandos que levam nosso País para o abismo quando espreitado pela crítica internacional.
Assim. Não é admissível que venham alguns jornalistas nascidos em berço de ouro vilipendiar a galhardia e a honra do povo brasileiro.
Deve-se respeitar nossa cidadania. A questão da desigualdade social não é motivo para críticas à nossa brasilidade. O racismo é uma coisa primitiva. A crítica desvairada também. Se querem falar mal de alguém que falem especificamente daqueles que estão levando o Brasil para esse colapso. Mas deixem o povo brasileiro fora disso, porque esses gringos que aqui vierem para a Copa do Mundo terão os melhores serviços em termos de camaradagem e de receptividade.
Se um ou outro estrangeiro for assaltado e sofrer algum tipo de constrangimento deve-se imputar tal conduta como algo isolado e como caso de polícia. Quanto a essa conduta perniciosa os brasileiros terão mais indignação de que aplausos.
Muito se viu falar antes da Copa ser realizada na África do Sul. No final, o que se viu foi um certame ordeiro que nem de perto alcançou a fama negativa pré-estabelecida pelos que se julgam 'donos da verdade'.