Eu não sei rezar

Ontem, bem de noitinha, eu falei com Deus. Baixinho ao pé do ouvido, sussurrei com lágrimas em meus olhos fechados. Estava ajoelhado em cima de meus travesseiros confortáveis, com as mãos cruzadas e um pouco de frio.

Naquela cama vazia, assim como meu quarto grande, que mais parece um mundo em dias de domingo, eu falei com Deus. Agradeci as obras que tem feito em minha vida, o sorriso que me da em dias de fúria, os desejos que tenho em dias comuns, e por toda a sua paciência com meus questionamentos.

Ponderei minha gratidão à luz que enxergo, ao caos que me afasto, ao amor que me domina. E Deus me escutou, como sempre faz. Assim, pedi perdão. Ao acaso que encontro, ao pecado que me cerca, aos anjos que decepciono, ao mundo que não presta. Pedi perdão por não entender o que estava fazendo ali: ajoelhado em frente a um pregado na cruz. Deus me entendeu, como costumeiro.

Após minha gratidão, seguido de minhas sinceras e emocionadas desculpas, eu pedi. Pedi paz, arroz, amor e o depois. Pedi mais que a vida pode oferecer, supliquei por Deus, por seu olhar. Pedi vida, a minha estrutura, um caminho, o paraíso. Deus me deu a calma.

Não sei dizer o que a bíblia manda. Não sou fiel como os fieis dizem ser. Mas tenho Deus, comigo, em mim, pra mim. E isso basta para o meu coração que não sabe sequer rezar. Mas Deus sabe disso, ele sabe que existo. E para ele isso basta. Desculpe-me os cristãos, os evangélicos, os agnósticos, os protestantes, simpatizantes, etc. Mas, a minha religião é Deus, e de Deus eu quero viver.

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Kallil Dib
Enviado por Kallil Dib em 10/04/2014
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