OS PECADOS CAPITAIS
Prólogo
Ontem, 06/04/2014, devido o prenúncio de chuva torrencial em todo o Estado da Paraíba, eu não quis fazer uso da energia elétrica e ligar o PC “desktop” (Computador de mesa). Na iminência de raios e trovoadas é desaconselhável o uso de aparelhos elétricos. Sem uma outra opção resolvi dar continuidade a leitura de “Laços de Ternura”, escrito por Larry McMurtry.
Trata-se de uma leitura sobre o amor – ou a ausência do amor – familiar e sexual. O livro, que foi tema de premiadíssimo filme, conta a história de pessoas que amam ou deixam de amar, por motivos que não conseguem explicar nem a si mesmas nem aos demais.
Depois de um bom tempo de leitura, ao som (Fundo musical) mavioso de Enya e Sarah Brightman, lembrei-me de que precisava acessar minhas mensagens via internet e para isso liguei o notebook apenas com a utilização da bateria. A primeira mensagem era de uma leitora de nome Vera Lúcia Alves. A senhora escreveu-me como se segue:
MENSAGEM DA SENHORA VERA LÚCIA ALVES
“Caro professor Wilson: Meu nome é Vera Lúcia Alves, tenho 22 anos e sou de Campinas/SP. Atualmente estou trabalhando no comércio como vendedora de cosméticos e faço faculdade de administração. Tenho lido e apreciado seus textos. Percebi que responde aos questionamentos de seus leitores com esmerada competência, conhecimento de causa e educação. Gostaria de ler algo sintético sobre os chamados ‘pecados capitais’. Pode me dar essa satisfação e prazeroso aprendizado? Meus antecipados agradecimentos. Beijos carinhosos. Ass. Vera Lúcia.”.
MINHA RESPOSTA A NOTÁVEL LEITORA
Em minha resposta, quando escrevo sobre o ócio, NÃO FAÇO ANALOGIA à consulta da senhora Vera Lúcia. Claro que, sem muito esforço podemos encontrar na internet inúmeros textos que versam sobre os pecados capitais. Ufana-me saber que sou ou posso ser útil e necessário ao responder a simples consulta de uma admiradora.
Entendo que a simpática leitora não está fazendo uso do ócio que é exercer trabalho mental ou ocupação do espírito que não exige grandes lucubrações. A pessoa que dá a Deus ou a outro ser supremo, segundo sua crença, a função de realizar tarefas que deveriam ser suas, coloca-se numa posição de extrema acomodação diante da vida material.
Essa falta de energia ou de vontade de fazer uma atividade ou trabalhar, deixo bem claro, NÃO É O CASO DA CONSULENTE VERA LÚCIA, é um dos sete pecados capitais. Para os mais práticos e menos difusos ócio é conhecido por preguiça.
OS SETE PECADOS CAPITAIS
1 – Avareza, sovinice ou mesquinhez: Simboliza o desejo desordenado pelos bens terrestres. Está ligada à dureza do coração (contrário a misericórdia), os enganos e a falsidade. Segundo o conceito cristão, o homem se preocupa em acumular bens que não conseguirá levar para o céu (paraíso).
2 – Vaidade, orgulho, presunção ou soberba: É a forma básica do pecado. Existe a crendice de que a vaidade teria sido a responsável pela desobediência de Adão que provou o fruto proibido com a ambição de se tornar Deus. A soberba leva o homem a desprezar os superiores e desobedecer as leis. Tem ligação direta com a ambição, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação e a arrogância.
3 – Gula, gulodice ou gulosice: Essa glutonaria ou avidez de comida é considerada um pecado venial, caso a pessoa deixe de cumprir suas obrigações devido a gula. Há quem entenda ser a gula uma forma de fuga, talvez para proteger-se do excesso de sexualidade ou desmedida ansiedade. Um bom exemplo de algo venial é a leve ou desculpável tentação, risível, que eventualmente ocorre a um ser humano idoso ao tentar, por meio de atos comportamentais, usar vestuário inadequado querendo retornar à mocidade.
4 – Ira, ódio, rancor ou indignação: É um desejo descontrolado da vindita, vingança, da cólera e da raiva. Está diretamente associado a desonra, as brigas e a indignação.
5 – Inveja: Simboliza o descontentamento em relação aos bens alheios. É um pecado mortal porque é a antítese da caridade, ou seja, quanto mais valioso o bem desejado, maior o pecado. Está diretamente associado ao ódio, ao prazer na adversidade dos mais próximos e à aflição na prosperidade dos outros.
Esse desejo intenso de possuir os bens de alguém ou de usufruir sua felicidade também é conhecido por ambição ou cupidez. É, quase sempre, a motivação maior para os furtos e roubos. O misto de desgosto e ódio provocado pelo sucesso ou pelas posses de outrem é, antes de tudo um extremo atraso espiritual.
6 – Preguiça ou ócio: É a pouca disposição ou aversão ao trabalho, demora ou lentidão para fazer qualquer coisa. É um aborrecimento natural pelo trabalho no cotidiano, se o mesmo não tiver seu esforço recompensado. Alguns segmentos religiosos consideram, entendem, que a preguiça é um pecado mortal por se opor diretamente ao amor a Deus.
7 – Luxúria, desregramento, excesso sexual; lascívia: Representa o desejo desordenado pelos prazeres sexuais. Opõe-se à propagação da espécie, sendo consumado apenas para satisfazer as próprias paixões. Pela lascívia o sexo é apenas recreativo. Também pode ser entendido como uma corrupção desordenada dos usos e costumes.
CONCLUSÃO
Como deseja a consulente Vera Lúcia e esperando ser profícuo meu contexto para estudantes, curiosos e outros autodidatas iguais a mim, farei nesta conclusão uma síntese do tema em comento.
Os sete pecados capitais são atitudes humanas contrárias às leis divinas. Foram definidos pela Igreja Católica, no final do século VI, durante o papado de Gregório Magno. À época foram (eram considerados pecados capitais):
1. Luxúria: Apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade; desrespeito aos costumes; lascívia.
2. Gula: Comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para o corpo humano.
3. Avareza: Apego ao dinheiro de forma exagerada, desejo de adquirir bens materiais e de acumular riquezas.
4. Ira: Raiva contra alguém, vontade de vingança.
5. Soberba: Manifestação de orgulho e arrogância.
6. Vaidade: Preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros.
7. Preguiça: Negligência ou falta de vontade para o trabalho ou fazer atividades importantes.
NOVOS PECADOS CAPITAIS
Em função, isto é, em virtude das mudanças ocorridas na sociedade atual, o Vaticano criou, em março de 2008, um conjunto de novos pecados adaptados à era da globalização. São eles:
– Experimentos “moralmente dúbios” com células-tronco: A Igreja Católica defende a ideia de que a vida se forma no momento da formação do embrião. Portanto, condena qualquer tipo de pesquisa científica com embriões humanos e células-tronco embrionárias.
– Uso de drogas: As drogas causam dependência física e psicológica nos usuários e prejudicam o funcionamento harmonioso da família. É uma atitude contra a vida humana.
– Poluição do meio ambiente: A poluição do ar, água e solo trazem prejuízos sérios ao meio ambiente e a saúde das pessoas.
– Agravamento da injustiça social: O capitalismo criou, em muitos países, uma má distribuição de renda deixando à margem da sociedade grande parcela da população (os excluídos sociais). Aqui no Brasil, com a distribuição das inúmeras "bolsas", esse problema está sendo mascarado, isto é, falsamente sendo minimizado pela política assistencialista do governo federal.
Sérios cientistas políticos asseveram que esta politicagem (praticada para atender interesses particulares ou mesquinhos) tem um efeito colateral gravíssimo: Está se formando uma turba de ociosos e mal-acostumadas pessoas com plena capacidade laboral.
– Riqueza excessiva: O capitalismo favoreceu a concentração de renda, muitas vezes, de forma excessiva. Algumas pessoas concentram bilhões de dólares, enquanto outros, não têm se quer o que comer.
– Geração de pobreza: A pobreza e a miséria estão espalhadas pelo mundo. Cometem este pecado àqueles que contribuem para a geração destas condições sociais.
– Violações bioéticas como, por exemplo, controle de natalidade: É considerada violação bioética toda atitude que pretende evitar a geração de vida de forma natural (uso de contraceptivos, cirurgias, aborto, inseminação artificial.).
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Bibliografia indicada para mais detalhes:
– Os sete pecados capitais
Autor: Aguiar, Jose Anastácio de S.
Editora: José Anastácio
Temas: Filosofia, Religião