Liberar Drogas: Vamos lavar as mãos?
Em uma conversa entre amigos, nos vimos diante da questão da liberação das drogas. Os que eram favoráveis, apresentaram argumentos interessantes. O principal consistia no desarme financeiro que a liberação traria ao aniquilar o poder econômico do tráfico. Creio ser esse o principal anseio da sociedade devido à violência que os mesmos, direta e indiretamente, terminam por promover. A institucionalização das vendas, ademais, possibilitaria fonte extra de recursos ao(s) Governo(s) via cobrança de impostos, evitaria que os usuários apelassem e corressem risco junto aos traficantes, permitindo aos mesmos que consumissem em casa ou em locais liberados para tanto, mansamente, sem perturbar o próximo e a paz social estaria assentada, assim como ocorre com o consumo do álcool. Alguém ainda alardeou que, nos EUA, após o fim da Lei Seca, os ¨gangters¨ perderam o poder e a sociedade não foi maculada. Esse é o melhor dos cenários, e também gostaria de nele crer.
Contra-argumentamos levantando a seguinte questão: se uma pessoa honesta perde o emprego, naturalmente procura outro. E quanto aos marginais do tráfico, atualmente bem armados, com cofres já abarrotados, contando com a conivência de poderosos infiltrados em diversas instituições do país, ficariam de braços cruzados chorando as perdas? Aceitariam de bom grado a derrota e se tornariam exemplos de cidadania? Creio que mudariam de tática e buscariam outras fontes de ganho partindo a sequestros e, quem sabe, adentrando no tráfico de órgãos ou ainda de outras substâncias que nem imaginamos.
Afirmam os defensores que, de qualquer forma, sua ação seria limitada, sem dúvida, mas qual seria o ônus para a sociedade? Ademais, se os governantes passarem a vender as drogas, também ainda não poderiam criar e fornecer drogas mais baratas e acessíveis mantendo o atual ¨status¨?
Teriam menos poder, argumentam, mas para quais crimes migrariam? E, além disso, quem pode garantir que a liberação não perturbaria de vez a juventude assassinando o futuro de incontáveis almas imaturas demais para poder escolher? Uma das causas que levaram à queda do Império Romano foi a decadência moral de larga parte dos seus cidadãos que se tornaram muito mais preocupados com orgias do que em construir e manter a sociedade em bases sólidas. Deixaram de ser o que eram e terminaram sendo conquistados por civilizações muito menos adiantadas, mas que eram firmes no cultivo de valores como a família, por exemplo.
Alguns falaram que, no caso de terem filhos consumidores, preferiam vê-los em casa, assim como acontece com quem bebe uma cerveja assistindo a um filme na Tv. Tem mesmo a certeza de que os usuários ficarão calmos? Que não ocorrerão excesso de morte por overdose? Que não teríamos loucos desarvorados matando familiares, colegas, vizinhos e quem quer que esteja próximo em crises psicóticas? Vejam as mortes que apenas o álcool promove hoje no trânsito apesar de todas as campanhas. Não teríamos potencializada essa questão? Quem pode ter certeza dos caminhos que a sociedade trilhará após a liberação?
Creio que o que podemos fazer, e devemos, seja uma mobilização social ampla, geral, visando o esclarecimento de todos diante do efeito das drogas em nossas vidas. Quem conhece os danos que podem causar à pessoa, às famílias e ao organismo social, jamais poderá ser conivente com a liberação. Apenas o desconhecimento profundo do que é o ser humano, da complexidade de forças que nos movem no visível e no invisível, pode perceber a ruína que todos herdaríamos ao liberar o consumo. O fato é que a sociedade ainda não tentou vencer, unida e destemida, a questão do consumo e tráfico das drogas. Ainda acreditamos que seja um problema distante com o qual não queremos nos envolver, mas a realidade já nos mostra que não poderemos correr disso por muito tempo.
O caminho que apresentamos, de esclarecimento e campanhas pacíficas sem trégua, é o mais difícil. O mais fácil é liberar o consumo e institucionalizar a distribuição, gratuita ou não, adotando a mesma postura de Pilatos ao deixar condenarem um inocente. E então, vamos lavar as mãos?
(Jurandir Araguaia é escritor goiano, palestrante motivacional espiritualista, ex-fiscal-ambiental/Goiânia, Auditor Fiscal/Go, Prof. de Ed. Física e Adm. de Empresas. Site: www.jurandiraraguaia.com)
Em uma conversa entre amigos, nos vimos diante da questão da liberação das drogas. Os que eram favoráveis, apresentaram argumentos interessantes. O principal consistia no desarme financeiro que a liberação traria ao aniquilar o poder econômico do tráfico. Creio ser esse o principal anseio da sociedade devido à violência que os mesmos, direta e indiretamente, terminam por promover. A institucionalização das vendas, ademais, possibilitaria fonte extra de recursos ao(s) Governo(s) via cobrança de impostos, evitaria que os usuários apelassem e corressem risco junto aos traficantes, permitindo aos mesmos que consumissem em casa ou em locais liberados para tanto, mansamente, sem perturbar o próximo e a paz social estaria assentada, assim como ocorre com o consumo do álcool. Alguém ainda alardeou que, nos EUA, após o fim da Lei Seca, os ¨gangters¨ perderam o poder e a sociedade não foi maculada. Esse é o melhor dos cenários, e também gostaria de nele crer.
Contra-argumentamos levantando a seguinte questão: se uma pessoa honesta perde o emprego, naturalmente procura outro. E quanto aos marginais do tráfico, atualmente bem armados, com cofres já abarrotados, contando com a conivência de poderosos infiltrados em diversas instituições do país, ficariam de braços cruzados chorando as perdas? Aceitariam de bom grado a derrota e se tornariam exemplos de cidadania? Creio que mudariam de tática e buscariam outras fontes de ganho partindo a sequestros e, quem sabe, adentrando no tráfico de órgãos ou ainda de outras substâncias que nem imaginamos.
Afirmam os defensores que, de qualquer forma, sua ação seria limitada, sem dúvida, mas qual seria o ônus para a sociedade? Ademais, se os governantes passarem a vender as drogas, também ainda não poderiam criar e fornecer drogas mais baratas e acessíveis mantendo o atual ¨status¨?
Teriam menos poder, argumentam, mas para quais crimes migrariam? E, além disso, quem pode garantir que a liberação não perturbaria de vez a juventude assassinando o futuro de incontáveis almas imaturas demais para poder escolher? Uma das causas que levaram à queda do Império Romano foi a decadência moral de larga parte dos seus cidadãos que se tornaram muito mais preocupados com orgias do que em construir e manter a sociedade em bases sólidas. Deixaram de ser o que eram e terminaram sendo conquistados por civilizações muito menos adiantadas, mas que eram firmes no cultivo de valores como a família, por exemplo.
Alguns falaram que, no caso de terem filhos consumidores, preferiam vê-los em casa, assim como acontece com quem bebe uma cerveja assistindo a um filme na Tv. Tem mesmo a certeza de que os usuários ficarão calmos? Que não ocorrerão excesso de morte por overdose? Que não teríamos loucos desarvorados matando familiares, colegas, vizinhos e quem quer que esteja próximo em crises psicóticas? Vejam as mortes que apenas o álcool promove hoje no trânsito apesar de todas as campanhas. Não teríamos potencializada essa questão? Quem pode ter certeza dos caminhos que a sociedade trilhará após a liberação?
Creio que o que podemos fazer, e devemos, seja uma mobilização social ampla, geral, visando o esclarecimento de todos diante do efeito das drogas em nossas vidas. Quem conhece os danos que podem causar à pessoa, às famílias e ao organismo social, jamais poderá ser conivente com a liberação. Apenas o desconhecimento profundo do que é o ser humano, da complexidade de forças que nos movem no visível e no invisível, pode perceber a ruína que todos herdaríamos ao liberar o consumo. O fato é que a sociedade ainda não tentou vencer, unida e destemida, a questão do consumo e tráfico das drogas. Ainda acreditamos que seja um problema distante com o qual não queremos nos envolver, mas a realidade já nos mostra que não poderemos correr disso por muito tempo.
O caminho que apresentamos, de esclarecimento e campanhas pacíficas sem trégua, é o mais difícil. O mais fácil é liberar o consumo e institucionalizar a distribuição, gratuita ou não, adotando a mesma postura de Pilatos ao deixar condenarem um inocente. E então, vamos lavar as mãos?
(Jurandir Araguaia é escritor goiano, palestrante motivacional espiritualista, ex-fiscal-ambiental/Goiânia, Auditor Fiscal/Go, Prof. de Ed. Física e Adm. de Empresas. Site: www.jurandiraraguaia.com)