EU NÃO VIVI O GOLPE DE 1964
Em nome da democracia, todos falam daquilo que abstraem de mais prejudicial em um golpe de Estado seguido de um regime totalitário (Militarismo) que durou próximo dos 20 anos no Brasil. Foi o absurdo apoiado por uma parte da população insatisfeita com o que se apresentava, se praticava e se divulgava sobre os rumos políticos, econômicos e sociais do Brasil.
O comunismo começava a fazer parte do governo e isto assustou muita, mas muita gente sem esclarecimento. Os capitalistas do mundo foram alertados de que no Brasil esta forma de economia de mercado estava com indícios de enfraquecimento. Para muitos a “ordem” estabeleceria a ordem como em um “contrato social”. Na economia mandava quem tinha mais e os que tinham menos eram subjugados – para muitos (inclusive quem tinha menos) isto gerava uma zona de conforto, também espiritual – não tinham culpa e alguém se responsabilizava pelos atos tidos como fora da ordem.
Quando acordei para a vida, já tinha meus quase 20 anos. Antes, ainda vi de fotos de governantes, em destaque, penduradas em escolas estaduais, municipais e em outras estruturas executantes de políticas públicas. Já se falava em liberdade de expressão, mas ninguém mandava ninguém à merda nos programas de televisão. Não foi a luta armada que derrubou o militarismo. Não era o regime democrático que muitos clamavam como solução para aquele estado das coisas – queriam sim outro regime.
Agora as fotos continuam penduradas em nome do nada é proibido. A TV, revistas e internet mostram o que querem mostrar e vê quem quer ver, inclusive a inabalável e veracíssima soberania dos bandidos sem farda.
Está bom? A democracia que está posta resolveu os problemas econômicos, políticos e sociais? Existe coerência entre relatos e fatos? Existe diferença entre argumento e desculpas?
Eu não vivi o golpe de 1964. Não tinha nascido ainda. Vivo hoje com muita liberdade. Mas as fronteiras da violência, da fome, da desigualdade social e principalmente da falta de educação – que gera conceitos comuns sobre quase tudo – estão aí.
Alguém se habilita a dar um golpe de igualdade e de bem estar social que dure pelo menos 20 anos?
Responda, mas sem discurso clichê do tipo: na democracia, isto se constrói ou se conquista aos poucos. Afinal, faz 30 anos que tudo começou a mudar e os presídios continuam cada vez mais lotados de torturados e torturadores (às vezes em um só corpo). Aqui fora não sei mais quem e bom e quem é mau, meu checklist foi modificado muitas vezes, em nome da democracia (que não preconiza determinar um padrão).