Dia Internacional da Mulher
Luciana Carrero
Quem é a mulher, do ponto de vista da realidade? Deixando de lado trajetórias percorridas, fantasias, frases feitas, elogios rasgados... A mulher é um ser humano que tem, como o homem, o seu papel no mundo. É importante falar disso no dia que lhe é dedicado. Nem é para analisar nada (ou até é) e sim para constatar seu status atual no Brasil e no mundo. Não há uma consistência a ser levada numa tese inteira, porque a situação da mulher está fracionada, em nível mundial, com altos e baixos nos direitos e na vida como um todo. Com isto, quem perde é o planeta, ou o país, em seus contextos mais universais. Aqui no Brasil, as mais corajosas e que, pelo destino, estão no lugar certo e na hora certa, impõe-se e vão conquistando espaços, admiravelmente. Mas poucos décimos do espaço foram conquistados. A posição da mulher na mídia é notícia obrigatória, e dá a entender que tudo vai muito bem, dentro da propalada igualdade de gêneros. Tudo que é visto, de modo insistente, na mídia, destaca-se e toma ares de verdade sócio-político-humana, mesmo que mostre um pequeno número delas com destaque especial. Este engodo midiático faz com que a grande maioria das mulheres brasileiras sinta-se diminuída, imaginando: “mas isso não é para mim, que estou aqui sem perspectivas”; "Sou uma incapaz". Realmente, não está sendo, para o grande público feminino que está de fora das lotéricas oportunidades que se apregoam. O que fazer? Não esmorecer, buscar posicionamentos, não desistir. Não pensar que tudo vai bem para o mundo feminino e que, como mulher, não consegue posicionar-se. Quanto aos esforços de legisladores (estes esforços parecem machistas e mal intencionados), como estabelecer cotas para candidaturas nas eleições, por exemplo, vinte ou trinta por cento. Isto não é para proporcionar nada. É para dizer: “Atenção, mulheres, vocês podem ir somente até aí”. É reserva de mercado do político macho dominador. Acho que é possível não aceitar isso, e ir para a disputa, agindo diretamente nos âmbitos partidários e disputando vagas nas convenções. Exigir igualdade e não favores. Buscar, assim, ampliação de direitos e melhor participação. Afinal, a mulher brasileira quer ou não crescer nas decisões do país, em seu próprio favor? O fato de termos uma presidente mulher quer dizer muito, em forma de conquista feminina, mas pouco na vida de cada uma das mulheres da nação, apesar dos esforços da suprema mandatária, que merece o nosso respeito, pois é mulher que venceu barreiras para chegar lá. Falo isso independente de posições ideológicas e partidárias. Vamos refletir: Um país que tem de criar uma Lei Maria da Penha, além das leis já existentes, que contemplam a todos, para proteger a mulher do machismo daquele que deveria ser seu companheiro, o homem, tem muito o que fazer em questão de educação e cultura, para mudar mentalidades e até mentes doentias de certos machos, que nem esta lei especial detém. É grande, assustador mesmo, o número de mulheres que, depois de procurarem seus direitos nesta lei, foram brutalmente assassinadas. E o Estado está impotente para acabar com isso. A mulher precisa conquistar espaços, sim, reafirmo. Mas até nisso pode ser obstada pela força da ignorância de certos homens. Talvez a mulher que for a esta luta deva estar bem preparada, até com o absurdo do distanciamento dos ideais de casar, ter filhos, um marido, amante ou namorado, para evitar alguém para comandá-la, subjugá-la. Mas qual a mulher que pensa diferente de ter filhos, marido, estabilidade familiar? São poucas. Receio que, com isto, a luta por melhores condições para o gênero é bastante prejudicada. Resta contar com as mulheres independentes, que, como locomotiva, vão puxar os vagões do futuro, e com homens companheiros e inteligentes que, por certo, existem no país. Queremos o que? – Quem sabe, um melhor futuro para todas desta grande parte da maioria, que ainda é tratada como minoria, não estando muito distante, em efetivos direitos, dos índios, negros e homossexuais. Feliz Dia Internacional da Mulher!