Falar de Justiça no Brasil: Pobre utopia!
Falar de Justiça. Isso mesmo! Justiça com “J” maiúsculo em nosso país, onde quer que estejamos, por mais que queiramos... É brincadeira! Somos impulsionados, em decorrência dos fatos, a discordar de determinadas atitudes de certos mercenários públicos, especialmente, os que ocupam cargos nas instâncias dos três Poderes e também na Saúde, Educação, Segurança, Transportes, Moradia, Tributação, Fazenda etc. É brincadeira mesmo! As ações injustas são tantas e tamanhas, que chegam a ofuscar e sufocar o termo “justiça”. Ao contrário do que dizia o personagem de Benedito Ruy Barbosa, o Coronel Belarmino: “É justo... É muito justo... É justíssimo”, ou, então, como disse, certa vez, Voltaire: “...Estamos todos empedernidos de debilidades e erros”.
No que tange à “Política” pode-se afirmar que estamos bem próximos do caos ou já chegamos ao “caos político” e, em decorrência disso, os demais setores administrativos, cujas competências relacionam-se a pastas diferenciadas como, por exemplo, as que elencamos no parágrafo acima, também se tornam terreno fértil, através do qual os ventos que favorecem a essas péssimas administrações sopram colaborando para se fazer propagar as sementes da corrupção – principal elemento gerador do “caos em si”.
Alguns pensadores do passado, filósofos centrados em seus pensamentos, devaneios e filosofias, afirmaram que, no princípio, era o caos. Entretanto, atualmente, corroboram-se o caos que vivenciamos na Política. Sim! Pois, tudo é “Política”. Tudo está para a “Política” como a “Política” está para tudo, em tudo e em todos.
Embora definida e conceituada como “Ciência do bem comum”, não é o que se vê nesta realidade. Não é essa definição e muito menos aquele conceito que cimenta os debates e os embates das mesas políticas e dos bastidores onde se praticam a “Política”, e se elaboram as estratégias e acordos que favorecem a uma meia dúzia de privilegiados, repletos das más intenções que fomentam o emaranhar dos acordos dos quais se dá origem ao “caos político” e, como consequência, ao “caos social”.
Todavia, quando se chega a esse ponto, torna-se inevitável, da parte de quem quer que seja, uma administração justa. Sem querer ter a pretensão de afirmar que os fins justifiquem os meios! Não. Os “meios” são justificados pela “origem”, ou seja, pelo “princípio”. Se o projeto “A” ou “B” inicia mal é óbvio que irá terminar mal.
Portanto, se, no princípio, era o “caos político”, isto significa que o meio será a geração do “caos” e o fim será a prevalência das práticas injustas, da violência, do protecionismo político, dos desmandos e dos descasos com a maioria da população, da escravidão, do paternalismo político, ou seja, de tudo o que caracteriza o “caos social”, cuja consolidação carece da aplicação das técnicas argumentativas das quais se originam os discursos demagógicos recheados e ancorados em oratórias persuasivas e massificadoras que cegam o povo e o impede de pensar, o que faz valer o que certa vez disse o sábio: “A Democracia é o governo do povo... Pelo povo... E para o povo.”. Fala sério...!
Deste modo, se retrocedermos ao passado que muito nos ensina e ao mergulharmos na origem de nossa História Política poderemos perceber a razão do caos no qual nos inserimos, hoje, e nele nos encontramos. O legado político que herdamos de nossos heróis do passado ainda repousa na realidade que estamos vivendo e na qual testemunhamos não o fim, mas o princípio de um princípio político-social errôneo, cuja origem se deu há cerca de quinhentos anos e, por isso, estamos vivenciando um momento negro da nossa história político-econômica e social. “Quem não lê, não pensa. E quem não pensa é um servo para sempre.”
Ora, esse momento negro tem sua origem na má administração política do passado, donde se origina todo o tipo mal social e toda e qualquer tipo de injustiça, o que faz concretizar o que vemos e ouvimos no cotidiano de nossas vidas, particularmente, através dos meios de comunicação, uma vez que é comum que se noticiem problemas na saúde, educação, segurança, transportes, moradia, bem como, desvios de verbas que tiveram suas origens na arrecadação de tributos, taxas e impostos. Quando os administradores políticos buscam administrar em favor de seus próprios interesses, torna-se possível evidenciar que a corrupção já se alastrou pelos corredores dos Três Poderes. Isso é público e notório. Só não enxerga quem não quer. Só não ouve quem não quer ou quem se beneficia do próprio esquema. Por isso se faz valer do ditado: “A Justiça é cega”.
Porém, o “caos” é gerador de “caos” e para justificarmos os “por quês” de tantas mudanças que beneficia somente uma determinada casta sequitária, em detrimento da grande maioria da população, somos induzidos a não questionar nada do que os administradores políticos fazem. Aí, então, compreende-se por que se expandiu o crédito, por que se concedem tantas “bolsas-auxílio” às camadas, entre aspas “pobres”. Poder-se-á compreender por que se mascara tanto a realidade dos juros, da inflação, por que os juros da caderneta de poupança são tão baixos e dos cartões de créditos e cheques especiais e dos empréstimos são tão altos; pode-se, ainda, entender o por que do enfraquecimento do poder de compra de nossa moeda “Real”, e, também, por quê os responsáveis pela Segurança mentem tanto para justificarem suas incompetências de proteger o cidadão ou a população em si. Haja tolerância! Esse apanágio da humanidade, conforme afirmou Voltaire.
Assim entende-se por que nós cidadãos “de bem” somos os verdadeiros presos da sociedade. Em diversas situações somos considerados nocivos aos criminosos. Tanto é que eles – os criminosos - têm um batalhão de protetores organizados em grupos de direitos humanos, enquanto nós, suas vítimas, não recebemos nenhum apoio dos órgãos competentes, particularmente, quando das ações de elementos perniciosos à sociedade se geram os óbitos e tantas outras tristezas nos seio das famílias, seja por um crime cometido por um bandido das periferias, ou por parte daquele que se esconde atrás de cargos eletivos ou de confiança ou, ainda, que se escondem por detrás dos privilégios dos “colarinhos brancos” ou, então, encontram-se acobertados pela própria Justiça, bem como, amparados por advogados que lhe concede um mundo de direitos que surgem à medida que se utiliza do fruto daquilo que se fez furtar do erário público. Tudo isso caracteriza o “caos social”. Então pra quê falar de Justiça em nosso país? Embora Voltaire seja incisivo ao afirmar que “pode não concordar com o que nós falamos, mas que defenderá até a morte o nosso direito de falar”. Eta Voltaire!
A impressão que se tem é que estamos vivendo num mundo do “faz de conta”, cujos cidadãos são movidos pelas novelas, seriados, programas sensacionalistas, programas maçantes e tantos outros como, por exemplo, de esporte, luta livre, religiosos, consumismo etc. Vivemos alienados, impassíveis, alheios ao mundo e à nossa própria realidade. Tornamo-nos vítimas do sensacionalismo midiático da Política. Somos títeres incapazes de aplicar o saber filosófico no mundo em que vivemos. Por isso, o caos está aí – “Político” ou “Social” está aí! Por isso, afirma-se que estamos fora da realidade e que a justiça nunca foi realizada no passado nem poderá vir a sê-lo no futuro. Por isso, somos taxativos ao dizer que a justiça é um plano ou sonho irrealizável ou de realização num futuro imprevisível. Com certeza, ela é um ideal, mas não é real... É uma fantasia... Sim. Talvez, uma quimera. Não tem nada justo... Nada é muito justo... Nada é justíssimo. Justiça?... Uma cara utopia!